[sc:review nota=4]

No começo minha expectativa era baixa com Shingeki no Bahamut. Na verdade até duas semanas antes do início da temporada eu não tinha a menor intenção de assisti-lo. E eu começo a decidir os animes que vou assistir tão logo saiam as primeiras tabelas de lançamentos da próxima temporada (normalmente no meio da temporada anterior). Eu chegava na parte “card game” e nem lia o resto. Aí li um guia que disse algo que me chamou atenção (e que eu já devia ter percebido): era do estúdio MAPPA, o mesmo que estava produzindo então Zankyou no Terror, um anime que eu gostei muito da temporada anterior. Depois assisti o primeiro trailer e me convenci a assistir. Ainda assim, a expectativa era apenas mediana, afinal continuava sendo um material derivado de um card game online. Veio o primeiro episódio, e os seguintes. Bom, o histórico está aí, qualquer um que tenha me acompanhado nessa jornada sabe o quanto me impressionei e gostei do Bahamut. Minhas expectativas subiram mais alto que o céu. Será que ele teve um final à altura de tanta expectativa?

Esse episódio final é um festival de clichês, mas como eu disse no artigo sobre o saldo semanal da semana passada (que saiu ontem), isso nunca foi problema em Bahamut. Na verdade eram os clichês que criavam uma ambientação rica, que não precisava de grandes explicações (justamente por serem clichês) e permitia ao roteiro fluir maravilhosamente bem e os personagens se destacarem nos episódios iniciais. No episódio final teve uma morte clichê de vilão: Belzebu foi morto em um instante pelo Bahamut que ele próprio despertou e acreditou que o obedeceria. Teve outra morte clichê de outro vilão: Martinet se descuidou porque achou que Favaro estava sob seu controle e foi traído por ele. Teve os poderes do mundo ajudando os heróis em sua última tentativa desesperada de salvar a todos. Teve a despedida (com beijo de despedida!) entre o herói e a heroína. Se alguém tiver paciência, provavelmente poderá identificar um clichê em cada cena desse episódio.

E qual foi o roteiro desse episódio? Se descontarmos todos os clichês, o que os personagens fizeram, como evoluíram, como o mundo mudou? Nesse episódio, tirando os clichês, nada aconteceu. Personagens não evoluíram e o mundo continuou igual ao que era antes da história começar. Mas mesmo isso não é um problema, pois um final assim também seria apenas um clichê de uma história de fantasia medieval. O problema é que o anime está vivendo apenas de clichês faz tempo, não é só desse episódio. Para ser mais preciso, desde o episódio 7 há pouco ou nenhum desenvolvimento de personagem. Foram apresentados novos personagens e personagens que eram pouco detalhados até então foram mais explorados. Isso segura a série um pouco, mas o desenvolvimento dela como um todo estagnou. E o final, todo clichê, só encerrou de forma triste um anime que no geral foi bom e que teve um começo fantástico.

Agora vou só especular (ou mais honestamente, repetir uma especulação que li de outra pessoa), mas talvez Shingeki no Bahamut seja assim justamente por causa do motivo número um que quase me fez não assisti-lo: é baseado em card game. Acho que se a segunda metade do anime não tivesse tantos personagens, tantas linhas de enredo e tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo – ou seja, se fosse no mesmo ritmo que a primeira metade -, teria sido muito melhor. Especialmente se não tivesse tantos vilões. Não precisava, sério mesmo. Poderia ser o mesmo do começo até o fim, com todas as explicações clichê para que ele estivesse por trás de tudo (ironicamente o Martinet é sim o vilão que está por trás de tudo, mas há outros vilões na história que o ofuscam). E por que foi assim? Não dá para saber, mas é possível supôr que tenha sido exigência da empresa responsável pelo card game, que afinal de contas foi quem bancou o anime. Eles queriam que mais e mais personagens aparecessem porque isso é mais interessante para o negócio deles. Com mais episódios isso talvez tivesse sido possível.

No final das contas Bahamut ainda é um bom anime, o melhor da temporada (descontados os que não terminaram ainda, especialmente Kiseijuu e Garo), mas isso diz mais sobre a temporada em si, que foi fraca, do que sobre Bahamut. Favaro, Kaisar e Amira são personagens muito bons. Joana D’Arc, Rita e outros tantos são muito interessantes, embora precisem de mais desenvolvimento. O cenário é muito interessante também e eu gostaria de ter aprendido mais sobre ele. Eu ainda recomendaria Bahamut para um amigo, até porque assistindo em maratona é mais fácil suportar a queda de qualidade e manter o fôlego dos episódios iniciais. Mas a decepção pelo anime não ter sustentado a expectativa que ele próprio construiu é algo que eu sempre irei me lembrar quando pensar em Shingeki no Bahamut.

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