[sc:review nota=4]

 

 

Este foi o episódio mais lento de KamiHaji até agora, mas nem por isso foi tedioso ou inútil. Pelo imenso contrário. Foi um episódio sobre amor e paixão, medo e recusa, desejo e rejeição, sabedoria e imaturidade. Sobre prisões físicas e grades mentais. Acima de tudo, foi um episódio sobre o Tomoe. Mas vamos devagar, seguindo o ritmo da raposa.

Nanami acorda feliz e faceira, faminta depois de passar tanto tempo à própria sorte e temendo tudo a sua volta. Após consolar um muy desolado Mizuki, ela recebe Ookuninushi em seus aposentos, congratulando-na pelo sucesso na tarefa, mas ao mesmo tempo informando que mantém Tomoe encarcerado. Faz sentido, já que ele voltou a ser uma raposa selvagem sem o controle de um deus. Antes de avisá-la de que ela não tem permissão para vê-lo, Nanami já está a meio caminho da cela de prisão. Ao chegar lá, o encontra (muito bem acomodado, diga-se de passagem) diferente. Ela não estava completamente acordada quando ele a resgatou, então ficou confusa. Nanami imediatamente se oferece para restabelecê-lo como mensageiro divino, mas ouve uma inesperada recusa. Tomoe diz que precisa pensar se realmente quer ser encoleirado de novo, deixando sua ex-mestra triste. Ela o deixa em paz, sem perceber que não são as amarras do acordo que o prendem. É  a dúvida. O receio. A necessidade de entender porque ainda se sente ligado à morena, mesmo que não tenha mais nenhum contrato com ela.

 

Responde, Tomoe.

Responde, Tomoe.

 

Enquanto a deusa (enfim) se ocupa com os afazeres do festival, Tomoe recebe a visita furtiva de Mizuki. A serpente toma a titude que todos os espectadores esperavam e esfrega na cara da raposa o óbvio: ele ainda se sente ligado a Nanami porque está apaixonado por ela. A revelação deveria ser suave, mas o atinge com um impacto significativo. É, eu estava enganada. A negação do Tomoe em amar uma humana é muito mais profunda do que simples medo de adolescente. Tanto que ele foge de sua cela, invade o quarto da mestra e restitui o contrato por conta própria, simplesmente para conseguir a confirmação de seus sentimentos. Ele gosta dela. E, agora que sabe disso, as coisas devem ser mais simples. Será?

 

Um momento fofo que durou menos do que o print.

Um momento fofo que durou menos do que o print.

 

CLARO que não! Tomoe se mostra um sádico sem uma gota de romance nas veias, sendo mais irritante com Nanami do que de costume. Como ele mesmo admite, vê-la corada dá vontade de judiar dela, pobrezinha. Sabe criança de 10 anos a fim da coleguinha de classe? Pois é. Mizuki dá uma de advogado do diabo e resolve piorar a situação, se oferecendo para dormir com ela, mas é claro que o raposo (agora com livre acesso ao evento, desde que alimente direitinho as carpas) proíbe. Quem acha que a proposta dela para que todos durmam juntos no mesmo quarto só piora tudo, ganhou um biscoito. Ele está chato, e Nanami notou isso. Ainda bem que ela não é rancorosa e o chama para um encontro numa pausa do festival. Após ser arrastado pra lá e pra cá,ele perde sua curta paciência e resolve ser direto,perguntando sem pudor se ela ainda gosta dele. A resposta positiva só o irrita mais, e a mim paralelamente e até mesmo a protagonista. Ela troca de blusa na frente dele, leva outra bronca (mesmo estando de camisola por baixo), explode e finalmente se permite chorar. É compreensível, afinal desde que este maldito festival começou os dois foram separados por um longo tempo, ela correu perigo e, quando finalmente se reencontram, ele é mais frio do que de costume. Nanami está no seu limite, e só então Tomoe nota o quão irracional anda se comportando,e pede desculpas. O momento fofo dura dez segundos, antes que ele a ataque como um pervertido, tentando fazê-la entender que ele é perigoso, que os machos são perigosos, e que ela não deveria confiar tanto assim mesmo em seus mensageiros divinos. Foi a gota d’água. Pra casinha, cachorro.

 

It's rape time.

It’s rape time.

 

Enfim, e o último dia do festival. Os deuses são liberados para se divertir à vontade, inclusive ela .Mas com o clima entre o casal pesando, fica complicado sorrir. De um lado, Mizuki usa sua personalidade gentil para alfinetar as más atitudes do rival, e do outro, Nanami encontra com um psicólogo inesperado: Mikage finalmente aparece para uma conversa direta. Ouço o coro de anjos louvando. Ela, assim como todos nós, já associara a borboleta e ajuda que recebera no tempo a ele, e fica feliz em encontrá-lo. Ele elogia o seu trabalho como deusa e, quando questionado sobre o motivo pela qual ele não se mostra o Tomoe, a resposta é bem o que eu esperava. Ayakashis vivem muito, e seus corações são menos mutáveis do que os corações de humanos que vivem pouco. Suas personalidades, sentimentos e emoções são muito intensos e, quando algo os influencia, é uma força descomunal. Yukiji e Mikage foram as maiores pedras de mudança na vida de Tomoe, e as marcas são visíveis até hoje. Para piorar, ele ainda não sabe caminhar sem o segundo. Foi por isso que ele o deixou a cargo de Nanami, na esperança de ela seja capaz de ajudá-lo a entender a força dos humanos. Mikage quer reencontrá-lo, mas ainda não é tempo para isto. Esta explanação sobre os sentimentos da raposa foi bem reconfortante, já que o fato de um ser que já amou no passado não reconhecer os sinais de outro amor surgindo me deixava meio cabreira. Mas é necessário entender: era um outro Tomoe, outra época e outras circunstâncias. Talvez o que hoje seja encarado com tanta resistência ele tenha aceitado instintivamente da primeira vez. Talvez o trauma de perder as pessoas que mais amava e confiava o deixou preso em si mesmo e em pânico de se entregar novamente. Ainda mais com Nanami, que é a incorporação dupla de seu medo: sua deusa, a quem ele serve e protege, e sua humana, a mulher que ele busca e deseja.  Se o grande poder de Nanami é mesmo a cura, com Tomoe e Akuraou ao seu redor não faltarão chances para que ela mostre a que veio.

 

Algumas respostas. Outras perguntas.

Enfim,o responsável por toda a história mostra o seu rosto.

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