[sc:review nota=4]

Depois de assistir os trailers que absolutamente não me convenceram, e considerando a animação no máximo fraca de Sailor Moon Crystal, que é quinzenal como a nova série dos cavaleiros de Atena, eu estava pronto para um trabalho horrível da Toei. Mas que nada, está bastante decente até, os cenários e personagens estão bem desenhados e se movimentam bem, e até as lutas estão boas. Boas para o padrão Cavaleiros do Zodíaco, quero dizer, né. Passam-se as décadas mas o estilo de animação, os padrões de movimentos e de golpes em Cavaleiros não mudou. Está apenas melhor desenhado, como esperado para a época. O roteiro também é bastante padrão para Cavaleiros do Zodíaco: um vilão inesperado aparece e os guerreiros sagrados terão que queimar seus cosmos em nome de Atena para salvar o mundo de mais uma ameaça. É tão padrão que se eu pensar muito nisso nem vou saber o que escrever, sinceramente.

Aioria, o cavaleiro de Leão, acorda do nada em Asgard no meio de uma nevasca (ou seja, um dia normal) e caminha até um castelo que enxergou de longe apenas para desmaiar na frente dele. Os soldados que guardavam o portão o recebem com toda a hospitalidade esperada em uma situação dessas: o prendem no calabouço, acorrentado pela perna como brinde por conta da casa. E isso sendo que eles nem sabem ainda quem ele é, já que ele caiu ali sem sua armadura, vestido apenas com sua roupa civil – um saco de batatas como camisa e outro como calça, tiras de couro pra manter tudo junto e panelas velhas em pontos estratégicos do corpo que precisam de proteção reforçada, como os ombros.

Noutro lugar, uma garota chamada Lifia tenta convencer meia dúzia de aldeões barrigudos a lutarem contra soldados treinados e os Guerreiros Deuses de Asgard, e obtém a resposta esperada. Então soldados chegam e a prendem. Apesar de terem muitas celas, eles a trancaram na mesma cela que o Aioria, porque devem ter perdido as chaves das outras, acredito. Mas Lifia não percebe que não está sozinha e fica lamentando em voz alta sobre Asgard, como Asgard está condenada, como todos de Asgard estão sendo enganados pelo novo líder usurpador de Asgard e em geral falando sobre Asgard. Após ouvir a palavra Asgard ser pronunciada algumas vezes, e considerando a neve do lado de fora, Aioria começa a considerar que talvez esteja em Asgard. E agora que ele sabe onde está ele finalmente pode fugir da cela com a facilidade e sutileza que se espera de um cavaleiro de ouro, explodindo a porta. Como uma porta que explode é difícil de não notar, Lifia percebeu que havia mais alguém em sua sala, e pensou: ele explode portas, só pode ser um Cavaleiro de Ouro de Atena! O importante, contudo, é que a porta não existia mais e ela poderia fugir. Aioria arrebenta alguns soldados sem nem se mover (literalmente) e sai do castelo, seguido de perto por Lifia.

Ela conversa com o cavaleiro dourado e explica sua situação para ele, tentando comovê-lo para unir-se a sua causa, mas sem sucesso. Porque você vê, instantes antes Aioria estava no inferno estourando o Muro das Lamentações (cavaleiros de ouro realmente são bons em destruir construções de pedra), e deveria ter morrido por causa disso. Ao invés, estava vivo e perambulando em Asgard. Ele não sabe porque está vivo, mas enquanto está vivo sabe que deve servir Atena e isso significa voltar para o submundo e continuar sua luta contra Hades. Sim, Soul of Gold ocorre em paralelo ao arco do Elíseo da Saga de Hades da série original. Assim, Aioria não tem escolha senão abandonar Lifia à própria sorte. E antes que eu prossiga, a treta da Lifia é a seguinte: um dia Hilda inexplicavelmente ficou doente, e um cara chamado Andreas Lise veio do nada, com seus novos Guerreiros Deuses de Asgard, para substituí-la. Então ele recriou a Yggdrasil, o que segundo Lifia é super proibido e Odin odeia isso pra caramba, mas Andreas convenceu o povo asgardiano que quando a árvore der frutos aquela terra gelada inóspita virará um paraíso de verde abundante, e isso tem funcionado razoavelmente bem para que todos o aceitem como novo líder. Conversando com Hilda, a antiga líder diz à Lifia que agora só ela pode salvar Asgard e que a Yggdrasil tem que ser destruída. E é isso. Então tá, né.

Lifia, já sozinha e abandonada por Aioria, é mais uma vez cercada pelos soldados de Asgard, com o bônus que dessa vez veio um Guerreiro Deus junto, de nome Frodi. Ele fica fazendo escárnio do cavaleiro de ouro (porque os soldados que apanharam também sabiam, de alguma forma, que aquilo tinha que ser o poder de um cavaleiro de ouro; ou isso é informação facilmente pesquisável no Google ou eles só deram a primeira desculpa que veio à cabeça para terem deixado os prisioneiros fugirem). Frodi fica falando e falando sobre como os cavaleiros de Atena em geral são covardes e os de ouro em especial tem medo até da própria sombra, e isso irrita Aioria que retorna para lutar. Sua armadura se materializa em sua frente e ele a veste, e isso significa que ela foi duplicada, pois eu me lembro muito bem que no arco do Elísio a armadura de ouro de Leão foi uma das armaduras que Poseidon enviou para ajudar os cavaleiros de bronze. Ou talvez não seja a mesma armadura, o que como veremos é razoavelmente provável. Em poder Frodi e Aioria parecem estar empatados, exceto que Frodi está mais forte por estar em Asgard, e quando ele usa sua espada voadora Aioria fica em desvantagem. Quase derrotado, Aioria escuta seu irmão falar com ele dos céus como Mufasa falou com Simba, e de alguma forma sua armadura muda para algo supostamente mais forte, divino, e com certeza muito mais pesado e desajeitado para se lutar dentro, e assim ele derrota Frodi, que foge com o rabo entre as pernas. A onda de choque de seu último golpe desfez o penteado de Lifia e isso liberou um lado secreto dela, que parece bem maligno e esperava pelo despertar da armadura divina, deixando assim o anime confuso, com dois lados malignos e os cavaleiros de ouro entre eles.

Ah, e antes que eu me esqueça, Aioria é um zumbi. Então acho que o título completo dele deveria ser algo como Aioria Morto-Vivo da armadura de ouro divina de Leão. Todos os demais cavaleiros de ouro irão aparecer, igualmente zumbis, e como a bandai provavelmente quer vender muitos bonequinhos, certamente todos terão armaduras divinas transformistas. Como eu disse, é cavaleiros bem padrão, não é? Exceto pela possibilidade de os dois lados serem malignos, isso seria novidade nessa série que sempre teve divisões muito claras entre o bem e o mal, e mesmo quando o vilão não era tão mal assim ele precisava apanhar até o fim para descobrir isso, e os cavaleiros estavam desde sempre no lado inequivocamente bom. A série será quinzenal, então não adianta ficar ansioso (alguém está?), mas vale a pena continuar assistindo.

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