[sc:review nota=3]

Nesse episódio o Tsukasa está confuso e constrangido, a Isla está confusa e constrangida, todo mundo está um pouco confuso e constrangido porque a Eru é uma fofoqueira e contou pro escritório inteiro que o Tsukasa se declarou e foi rejeitado. E com isso ela roubou o lugar de pior personagem de Plastic Memories da Michiru, que é chata pra caramba mas não é tão sem noção assim (ou talvez seja, já que foi a única que entrou gritando perguntando isso pro Tsukasa com a Isla presente). A parte sobre confusão e constrangimento é bastante compreensível, ele acabou de se declarar e ser rejeitado por ela, afinal, e eles ainda continuam trabalhando e morando juntos. Aliás, a noite deve ter sido tensíssima para os dois.

Eu ainda preferia algo mais cientificamente ficcional, sabe? Mas já desisti de ter isso de Plastic Memories. Quando o anime precisa arranjar alguma saída ele cospe alguma coisa que vagamente lembre ficção científica e isso é tudo o que ele nos oferece. Francamente, romance entre robô e ser humano não é uma coisa difícil de fazer. Até Mahoromatic conseguiu, sem deixar de ser, de algum jeito bizarro, ficção científica (com viagem no tempo também!). O primeiro mangá de sucesso do Ken Akamatsu foi sobre um cara que se apaixona por um programa de computador (que sai da tela, não se anime com sua cópia de Love Life), o que é um conceito semelhante (embora eu acredite que a inspiração dele foi Video Girl Ai, que tem um cenário muito mais esotérico embora o vídeo-cassete seja um objeto tecnológico). O que estou tentando dizer é que não era necessário eliminar todo o elemento científico para que o romance fosse o destaque da história. Como eu já disse, eu preferia que a ficção científica fosse o gênero principal, mas estaria ok também com ela como gênero secundário depois de romance. Mas como elemento ocasional de enredo? Bah. Que seja. Vamos ver se esse romance presta pelo menos então.

Por enquanto a resposta é: talvez. Passa como um romance adolescente, e os dois são tecnicamente adolescentes embora trabalhem como adultos em um mundo de adultos – e isso é que deixa a coisa menos adolescente e mais esquisita e incômoda. Vá lá que a Isla nunca tenha tido um relacionamento, por inocente que seja, afinal ela é um robô de trabalho. Mas o Tsukasa? Com 19 anos até eu que sou um grande perdedor já havia tido um relacionamento (tóxico) e um coração (traumaticamente) partido. E ele todo cheio de dedos pra se declarar pra garota? Olha, o ponto alto do episódio foi a Michiru dizendo que ele foi um bocó de molas antes de se declarar para a Isla, enquanto ela contava como havia sido a tal declaração. Porque ele foi, não foi? Levou a garota junto de má-vontade (pode não ter sido a intenção, mas foi o que pareceu a ela e a mim), depois não deu atenção nenhuma para ela no festival, se perdeu dela, e só no final a reencontrou – e só porque o avisaram que a Isla havia sumido. E daí ele fica uns minutinhos com ela, dá um abraço, fala uma palavras gentis, e diz que a ama? Qual é, Tsukasa? Acho que eu disse no artigo anterior como o sentimento dele é completamente egoísta, então não preciso me repetir. Essa descrição do que aconteceu é auto-explicativa, de todo modo.

A Isla está apaixonada por ele, embora isso para ela seja algo tão inimaginável que ela nem sabia o que era antes da Michiru dizer. Então nesse contexto foi natural que ela o tenha rejeitado. Tivessem passado bons momentos juntos, nas horas em que estiveram no festival, os sentimentos dela estariam mais desanuviados e ela estaria mais preparada para aceitar os sentimentos dele (o que não quer dizer que ela aceitaria, a condição dela é muito complicada, mas a chance seria maior). Mas o Tsukasa é daqueles que aprendeu assistindo animes que é só ser um cara legal e dizer para a garota que ele a ama que ela vai sentar no colo dele na hora. Pelo menos ele não saiu publicando no Facebook piadas sobre friend zone todo ofendido. Eu descobri com muita dor e sofrimento que é preciso bem mais do que isso para que uma garota se apaixone por mim. Só não aprendi ainda o que é preciso para que ela efetivamente se apaixone, mas descobrir que isso não é suficiente já foi um primeiro passo, suponho. Enfim, isso é tão ridículo que até uma garota que está a fim dele o rejeitou! E agora quer se afastar dele para sempre! Anotem essa para referência futura, rapazes!

O momento constrangedor foi quando a Isla descrevia o que sente para a Michiru e ficou falando em coração e coração batendo e em batida do coração o tempo todo. Ela tem coração por acaso? Por quê? E ele reage a estímulos emocionais?? Fora isso, a Eru não perdeu a oportunidade de me horrorizar mais um pouco agindo como uma pervertida usando a Isla para brincar de boneca mesmo sabendo da situação pela qual ela está passando. Tem certeza que essa é a mesma Eru que no episódio passado pareceu ter um dia se importado com uma giftia? Bom, temo que sim, afinal a grande lembrança dela era ficar apertando os seios da tal giftia. E no final a Kazuki decidiu separar os dois no trabalho. Na maioria dos trabalhos eu diria que isso faz sentido, relacionamentos dentro do emprego costumam afetar negativamente mesmo, se bem que ainda assim é invasão de vida privada a empresa onde você trabalha querer determinar com quem você pode ou não se relacionar, mas é compreensível pelo menos. Mas isso não faz muito sentido no caso dessa empresa, desse escritório: eles já passam o dia inteiro juntos, e justamente para formarem laços mais profundos. Só que não parece ser essa a motivação da Kazuki de todo modo. Vamos ver se esse relacionamento progride de forma saudável (duvido).

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