[sc:review nota=5]

Com a sequência de episódios incríveis desde o oitavo, ocupando o topo do meu saldo semanal desde então (e vai estar no topo dessa vez também, já adianto), com um bom começo e com um meio que, se não foi excelente, variou entre razoável e bom, Euphonium se tornou um sério candidato a melhor anime da temporada antes mesmo de eu assistir seu episódio final. Tendo assistido-o, e tendo assistido o final de quase todos os demais animes que acompanhava, não me restam mais dúvidas: é o melhor da temporada.

Muito adequadamente Euphonium encerrou em uma catarse musical. Eles conseguiram, passaram para o torneio nacional! A música foi, sim, como há muito não era, importante nesse episódio. Ocupou posição de destaque. Mas quem acompanhou o anime até agora já sabia que essa não é uma história sobre música, mas uma história sobre pessoas. Que por acaso estão no momento de suas vidas narrados por ela envolvidos com música – uns mais, outros menos. Mas é um anime sobre pessoas. Mais especificamente, é um anime sobre o crescimento de um grupo de adolescentes com o concurso da música em suas vidas e as relações que estabelecem uns com os outros e com a atividade que escolheram realizar. E isso também não faltou nesse episódio!

Para alguns, foi o começo (ou um recomeço). Kumiko é instrumentista já há algum tempo mas nunca levou muito a sério. Reina, por outro lado, sempre levou a música muito a sério, mas parecia se isolar das outras pessoas por motivos que, infelizmente, o anime não revelou (não acredito que seja apenas porque ela achava as garotas de sua idade fúteis e chatas). A relação entre as duas é a mais importante e a mais transformadora de todas, e conforme elas se tornam íntimas uma passa a influenciar positivamente a outra: Kumiko admira o esforço e a habilidade de Reina, e decide que quer se tornar uma instrumentista tão boa quanto ela. Ou melhor do que ela. Mais do que uma convicção juvenil, isso é um aprendizado para a vida: se esforce naquilo que você gosta. Reina por sua vez se torna mais sensível às pessoas ao redor dela. Fica em dilema quando percebe que vai tirar de outra garota sua última chance de brilhar alto no palco. Deixa de ter uma relação fria com as demais companheiras de naipe para ter uma postura mais amistosa. Nesse episódio Kumiko provou para si mesma que é capaz caso se esforce, e Reina conseguiu realizar o sonho de participar de um torneio nacional.

Para outros, é o fim. Todos os terceiranistas precisarão, cada vez mais, se preocupar com seu futuro. Será que poderão participar do torneio nacional? O que foi aquele expressão e aquelas respostas tristes da Asuka? E a cara de frustração dela quando foi anunciada a classificação do Kitauji? Talvez ela não possa continuar além dali mesmo. Talvez seja isso e ela sempre soubesse e por isso agisse como se não se importasse – quanto mais ela se importar, mais ela vai se machucar. Mesmo que ela possa avançar para o nacional, ele é que, então, será o fim. Talvez eles vençam e ela possa dizer que pelo menos chegou ao topo … mas será que isso seria mesmo bom? A não ser que ela pretenda seguir carreira em música é pouco provável que vá continuar tocando quando terminar o colégio. A irmã da Kumiko a lembrou disso no episódio anterior: se ela não vai seguir carreira musical está jogando tempo fora, tempo que poderia estar aproveitando melhor. Poderia? Para a irmã de Kumiko já acabou há muito tempo. Para Kaori já havia acabado um pouco, quando ela perdeu o lugar de solista para a Reina.

E tem aqueles que nem chegaram até ali. Aoi abandonou o clube faz tempo, e está convicta de que tomou a decisão correta embora tenha soado um pouco triste quando disse isso. Há também todos aqueles que não passaram na audição e agora podem ajudar apenas dos bastidores. Mas se pelo menos isso podem fazer não significa que ainda não acabou para eles? Mesmo se só houvessem gênios instrumentistas no clube, nem todos poderiam estar no palco. As vagas para os “melhores” são sempre limitadas e nem todo mundo vai chegar lá. Saber o que fazer de onde quer que você esteja para poder ajudar é, em si, um grande aprendizado.

O professor Taki foi tornado mais humano no episódio anterior onde conversou com a Kumiko e deu a ela o incentivo que faltava para que voltasse a acreditar em si mesma e conseguisse chegar onde chegou – na catarse desse episódio. Nesse episódio ele é pintado de forma ainda mais humana, ao discursar e ao refletir sozinho enquanto olha para uma foto antes de partir para a apresentação. Não vou especular mais sobre essa foto porque a Josiane já fez isso em um guest post inteirinho sobre aquela foto e a pessoa nela, dê uma lida, recomendo! Só adianto o que eu já havia percebido sozinho: não é a Reina.

E Kumiko e Reina, as duas, sua relação pessoal. Será que é romance mesmo? Costuma-se dizer que artistas são mais sensíveis e as vezes um pouco excêntricos na forma como se comunicam e se relacionam com outras pessoas, e esse pode ser o caso de Reina, principalmente se for verdade (e provavelmente é) que ela não costumava se aproximar de outras pessoas antes. E a Kumiko pode sentir pela Reina o que a Reina sente pelo Taki: admiração confundida com amor. O que na idade e na circunstância delas, pode muito bem se transformar em amor verdadeiro, então não percam as esperanças, hehe (eu não perco!). Os momentos delas nesse episódio foram muito bonitos, sejam amor ou sejam apenas amizade, é isso o que importa.

Sobre a classificação, de um ponto de vista narrativo era muito mais provável, óbvio talvez até, que eles iriam se classificar, portanto não deveria ser surpresa para mim quando isso aconteceu no fim do episódio. Mas o episódio foi construído de tal forma, em especial a relação entre as protagonistas foi tão hipnótica (na falta de termo melhor) que eu estava nervoso junto com elas antes da divulgação do resultado, e quase comemorei como elas quando ele saiu. Aquele abraço vai ficar por muito tempo na minha memória.

  1. Excelente! 😀
    Esse anime conseguiu fazer com que eu me sentisse parte da história. Foi impossível segurar as lágrimas na hora do solo da Reina (tá, talvez eu seja uma grande chorona, mas isso também não tira o mérito da cena…rsrs). E acho que comemorei mais do que elas no final… hahaha
    Que venha a segunda temporada! \o/

  2. Foi como eu havia dito pra você: “arranje uma nova classificação para ele então”. E o que dizer sobre esse anime, que nos mergulhou no mundo das bandas de escola e da musica clássica? Fiquei tão inveja delas, porque não minha escola não tinha banda, até então não ligava, mas depois desse anime me senti tão triste por não ter aprendido a tocar um instrumento de sopro de metal.

    Os personagens, como já havia dito antes, retrata a personalidade de cada um que assistiu o anime.
    Quem não se identificou as incertezas da Kumiko? Com a vida amorosa da Hazuki? Com o desleixar da Asuka? Ou viu a personalidade do Taki em algum professor com quem já teve aula? Com a solidão até o 8º eps da Reina?(eu me identifiquei) Com os amores dos adolescente que ali estava ‘brotando’? E claro os que mais davam pra notar eram aqueles que se sentiam enfeitiçados sem saber o porque.

    Quero dar destaque a essa parte do amor: “E claro os que mais davam pra notar eram aqueles que se sentiam enfeitiçados sem saber o porque. ” Quando vejo essa admiração que Kumiko tem pela Reina, assim como a Kaori precisa da aprovação Asuka de todas as maneiras possíveis, me lembro do mito da Serei: “A sedução provocada pelas sereias era através do canto. Os marinheiros que eram atraídos pelo seu canto e se aproximavam o bastante para ouvir seu belíssimo som, descuidavam-se e naufragavam.”. Sim, elas estavam completamente enfeitiças, que as vezes nada mais importava. Como a Kumiko uma disse no eps 8 sobre a lenda da mulher de vestido, isso pra mim foi um tipo: “Não importa pra onde ela vá, não importa pra onde ela me carregue, irei sem pestanejar, mesmo que caminho seja para uma prancha de navio onde sei que lá embaixo estará cheia de tubarões famintos. Irei segui-la não me importando com as conseqüências.”. Kaori e Kumiko mostraram seu amor e admiração desse jeito, completamente enfeitiçadas por suas musas inspiradoras (espero que isso dê em algo na segunda temporada).
    Mas eu só falo na parte do amor né? Acho que sou muito sensível pra isso, tanto que ainda percebo que Hazuki não parece gostar muita dá ideia de dar os Shuichi de mão beijada pra Kumiko(até porque ela nem quer). Mas vamos falar um pouco da Hazuki?
    “- HAZUKI!!! Você gosta dele. Lute! To te implorando!” Foi mais ou menos assim que me senti nesse ultimo eps em relação a ela. Vejo que na Hazuki um pouco de mim, já que não tive muita sorte no amor. Achava que se eu tentasse juntar a pessoa que amo, com a pessoa que ela gosta, me sentiria melhor, só que não foi isso que aconteceu. Fiquei deprimida, até parei ver a pessoa por um tempo. Qual foi a consequência disso? A relação durou por algumas semanas, que a terceira pessoa não gostava dela. Conclusão: Só perdi tempo, e tive desgaste emocional. Mas como eu vejo que o diretor do anime ta insistindo muito nesse sentimento da Hazuki, acho que muita coisa poderá acontecer e Hazuki e Shuichi poderão sim ficar juntos no final.
    Sobre o Shuichi, penso que ele sempre gostou da Kumiko há bastante tempo, até mesmo quando ele era criança e tinha dito que ela era feia. Vejo esse deboche que ele fez para ela, como uma forma de lidar com seus sentimentos que estavam brotando, até porque muita criança faz isso. Mas com o passar do tempo e entendendo o que sentia, mesmo com a Kumiko não lhe dando muita confiança, sempre ficou ali na cola dela, para ver se algo iria mudar em relação à eles dois, ou tomar um pouco de coragem pra convida-la para um encontro. Só que parece que ele está passando pela mesma situação da Hazuki, a diferença é que ele não vai desistir assim e entrega-la de bandeja para Reina(porque eu espero que esse shipp vire canon, KumikoxReina claro). Viu Hazuki? Aprenda!!
    E Reina? Ela já disse que gosta do Taki, mas de uma forma amorosa, o problema é que o jeito que ela falou não me convenceu. Não que não acredite que ela goste dele, mas não acho que seja aquela paixão uma pessoa sente pela outra. Onde você rir por qualquer coisa, chora sem mais nem menos, fica nervosa em sem fala, você gosta da pessoa mas não sabe o motivo, só sabe que seu coração bate forte por isso. Bem, o jeito como ela disse é que foi meio superficial, só se limitando ao modelo profissional do Taki-sensei, se isso fosse só o somatório do todo o resto, eu entenderia, mas ela só se limitou a isso. Não sei se Kyoani errou na hora de escrever as falas, mas foi isso que me foi passado.
    E relação dela com a Kumiko? Mesmo torcendo para que o shipp dê certo, a Reina não passou segurança do que ela sentia pela nossa protagonista. Foi sempre evasiva, nada era certo, a não ser o desejo de atiçar Kumiko. Percebeu? Foi assim na maioria dos episódios ficou ainda mais em evidência no episódio 8, 11 e no 13. Ela sempre dava um jeito de tentar a Kumiko, você lembra, ela quer arrancar aquela mascara de boazinha da Kumiko. Só que ao mesmo tempo, vejo isso como uma atração ainda não decifrada, porque se você quer ser amiga da pessoa, não precisa ficar com ela o tempo todo como se fosse seu namorado(a). Era assim que as duas agiram depois de ser tornarem ‘amigas’. Até a Hazuki percebeu que a Kumiko queria ficar o tempo todo com a Reina, e acho que recíproca foi a mesma da Reina para Kumiko. Elas estavam piores que os casais canon da escola. Mas aí é que tá, todo mundo vai pensar que são só amigas, são duas garotas, até elas mesma vão pensar assim, duas meninas não tem relação amorosa uma com a outra. Certo? Vejo essa relação como um sentimento confuso, ainda descoberto. Mas e se descobrirem? Como ficará a cabeça das duas? Pelo deu mostrar no anime, esse colégio não parece ter um casal de meninas com um relacionamento amoroso. E se isso acontecer, elas serão as primeiras, mas será que convivência das duas para esse novo fato ficará abalada? Mas claro, isso se caso venha a se confirmar (e espero que confirme).

    Esse foi uns pequenos pontos importantes que eu vejo no anime, que quase ninguém nota, por isso dou mais destaques à eles, porque senão ficará um coisa muito repetitiva.

    Ps: Como é difícil, escrever um artigo, to até agora parada no KnK porque não sei mais o que escrever. Diferente de Hibike, que escrevi esse texto enorme pra colocar num comentário. Mas acha que esse texto de Hibike tá legal? Que ele poderia ser aproveitado também? Eu sou muita chata na parte de relações amorosas, porque é primeira coisa que eu vejo no anime, e o resto só vai agregando pra que me eu me sinta mais entusiasmada com a história. Tem outros pontos que eu queria falar também, mas vi que esse comentário ficou meio grande pra um comentário.

    • Eu acho que a parte “romântica” de Hibike Euphonium se sobressaiu porque, assim como o Fábio já disse em artigos passados, fugiu dos clichês. Conseguiram criar um clima romântico tão forte e ao mesmo tempo tão natural, tão bonito, que deixou todo mundo cheio de incertezas. Se nem mesmo a Reina e a Kumiko conseguiram ainda entender por completo o que exatamente sentem uma pela outra, imagina nós que estamos limitados a vasculhar detalhes e torcer para que a história flua do jeito que mais alegrar nossos corações.

      Para ser sincera, eu ainda não consegui me posicionar sobre esse shipp (Kumiko x Reina). Acho o relacionamento delas muito fofo e provavelmente também ficaria muito feliz se elas se tornassem um casal. Porém, considero extremamente importante que os bons animes sejam coerentes com a lógica que apresentam. Se analisarmos profundamente a personalidade da Reina, chegaremos a conclusão de que ela sempre age da forma mais sincera e espontânea (no sentido de original) possível. Ela pode até ser uma pessoa que se acostumou a retrair sentimentos, guardar muitos pensamentos e atitudes apenas para si mesma, mas ela não é o tipo de pessoa que gosta de fazer “joguinhos”, nem muito menos tem paciência para tentar manipular alguém. Na verdade, no meu ponto de vista, ela é incapaz de fazer qualquer coisa que não implique em uma atitude direta e objetiva. Então eu discordo de você nessa questão de que ela tem um “desejo de atiçar a Kumiko”. Se a Kumiko se sentiu atiçada pela Reina foi porque a Kumiko não tirou a Reina da cabeça nem por um momento sequer, desde que o anime começou. Para nós que estamos observando de fora, principalmente para quem está torcendo para que elas fiquem juntas, as atitudes da Reina acabam parecendo incrivelmente sedutoras, mas será que elas realmente tem esse peso todo ou só enxergamos dessa forma porque é esse o significado que a nossa mente gostaria que essas atitudes tivessem?
      Quando a Reina decidiu que queria se aproximar da Kumiko, ela disse isso pra ela sem nenhuma hesitação, assim que teve a oportunidade. Se as atitudes que “atiçam” a Kumiko tivessem algum interesse verdadeiramente romântico por parte da Reina, eu acredito cegamente que ela já teria roubado um beijo ou tomado qualquer atitude mais direta.

      Não estou excluindo a possibilidade delas se envolverem romanticamente no futuro mas, para que isso possa acontecer, a Reina precisa primeiro entender o que exatamente ela sente pelo professor Taki e só depois disso é que ela vai conseguir pensar com clareza e tentar descobrir afinal o que é que ela sente pelo Kumiko.

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