[sc:review nota=4]

O anime voltou ao eixo! Mais ou menos, quero dizer, está um pouco enrolado, mas acho que era assim meio lerdo desde o começo, a diferença é que ele não tinha me cansado ainda. A Kajou quer sim realizar uma grande mudança na sociedade (ou mais especificamente, desfazer uma mudança recente), mas quer fazer isso de forma pacífica, convencendo as pessoas. Não necessariamente convencer de que o modo de vida que defende seja o correto ou o melhor, mas que cada pessoa deveria tomar essa decisão por conta própria. A Saotome e o Tanukichi parecem pensar da mesma forma mas a Kosuri discorda e está começando a acumular frustrações.

A linha de enredo principal do episódio tratou-se de mostrar isso: as diferenças de crença e método da Kosuri em relação à Kajou (e por extensão à SOX). A Kajou quer expôr a Tecidos Reunidos para deixar claro que eles são diferentes da SOX e que a SOX não aprova seus métodos, mas a Kosuri parece não ter entendido isso e tratou o assunto como mera disputa de território por gangues rivais. Ela pode não roubar calcinhas e cuecas, mas eu me sinto tentado a crer que ela faria isso com gosto se a Kajou mandasse. Os seguidos planos da SOX falham, ora por causa da Anna, ora por causa da Kosuri, mas o Pico Branco dos Tecidos Reunidos convocou a SOX para um local deserto no meio da noite – o tipo de coisa que gangues de rua fariam.

E não tem muito a mais para dizer sobre isso. Por outro lado, há vários detalhes e linhas de enredo secundárias. O destaque sem dúvida é a revelação de que Tsukimigusa, a inspetora de moralidade pessoal da Anna, na verdade é o Tsukimigusa, e nem ela sabe disso. Ele apenas faz o que o pai dela ordenou, e revela que faria absolutamente qualquer coisa que a Anna mandar. É uma pessoa completamente sem personalidade, como se fosse um robô, e daí o título do episódio (“Andróides sonham com massagistas elétricas?”), que parodia o clássico de Philip K. Dick também conhecido por sua adaptação para o cinema (Blade Runner). De fato, há quem compare o Tsukimigusa a filtros e robôs anti-pornografia online, que muitas vezes são bastante imprecisos e basicamente bloqueiam o que é dito para eles que é pornografia, não o que realmente é pornografia – a piada mais pungente sobre isso ocorreu no episódio anterior, conforme Fuwa e Tanukichi diziam para ele que determinada revista era ou não era pornografia e ele simplesmente aceitava. Mas ele é só isso, não vejo potencial para mais do que esse tipo de piada com ele. E ugh, jura que o Tanukichi masturbou o Tsukimigusa com seu pé? Ele está bastante apaixonado pela Kajou mesmo, hein.

A Anna continuou com seus ataques nesse episódio, mas dessa vez isso foi mais ou menos calculado pela Kajou então com ou sem graça pelo menos estava ligado ao enredo principal e tinha um propósito além de humilhar a Anna e violentar o Tanukichi. Ele em si nem foi fisicamente violentado de todo modo, ela apenas roubou sua cueca, o que no histórico entre os dois é um avanço, embora ainda seja uma violência. Começo a pensar se o Tanukichi não poderia fazer algo pela Anna. Não é questão dela merecer ou não, nem digo isso com intenção de relativizar a violência que ela comete, e reconheço que ela talvez seja forte e impulsiva demais para dar ouvidos ao protagonista (ou a qualquer pessoa, salvo talvez sua família, quem sabe?). Desde que se revelou uma besta-fera de luxúria indomável a Anna representa o que de pior pode acontecer a todos os jovens que são criados dentro de bolhas moralistas. Ela não é moralmente diferente dos stalkers dela ou dos ladrões de roupas íntimas, ainda que seus atos até aqui sejam mais graves. A Anna é apenas a pior combinação possível: além de uma adolescente saudável no pináculo de sua revolução hormonal a quem foi negado o necessário conhecimento sobre sexualidade, ela está em uma posição de poder: filha de políticos e presidente do conselho estudantil de seu colégio. Essa posição de poder também é metaforicamente representada pela suas impossíveis força e agilidade físicas. Na mente dela, não está fazendo nada de errado. Muito pelo contrário, ela não poderia estar perseguindo um bem maior, e na posição de poder em que se encontra ninguém a confronta ou desmente. Um sistema que continue assim por mais uma ou duas gerações se tornaria completamente corrupto mesmo em sua intenção original de promover a moral, porque a moral passaria a ser definida por quem está no poder mas nunca teve oportunidade de aprender o que de fato é moral.

Tanukichi poderia ajudá-la, bem como a Anna. De fato, nesse momento esses dois talvez sejam os únicos capazes de ajudá-la, mas ela não parece preparada para receber qualquer tipo de ajuda. Se a Anna fosse a protagonista, Shimoneta seria uma tragédia.

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