Pronto para mais um artigo de primeiras impressões? Espero que sim! Esse é o quarto artigo de primeiras impressões da temporada, antes dele já foram publicados no Anime21:

Os animes da vez são Schwarzesmarken, Active Raid e Myriad Colors Phantom World. Se em Schwarzesmarken eles caçam BETAs e em Myriad Colors eles caçam phantoms, em Active Raid eles caçam o quê? (insira aqui seu trocadilho com o nome do inseticida).

Brincadeiras à parte, dificilmente esses três animes poderiam ser mais diferentes embora sempre seja irresistível procurar por semelhanças. Schwarzesmarken e Myriad Colors terão toneladas de fanservice gráfico! Active Raid e Schwarzesmarken têm mechas! Sim, eu estou copiando e colando “Schwarzesmarken” porque nem ferrando que vou aprender a escrever isso! Agora chega de enrolação, leia meu artigo a seguir!

Betas avançando e sendo destroçados pelo poder de fogo dos TSFs

Betas avançando e sendo destroçados pelo poder de fogo dos TSFs

Schwarzesmarken, episódio 1 – O Homem é o inimigo do Homem

Eu comparo muito esse anime a Total Eclipse, ambos da franquia Muv-Luv, mas sempre explico o necessário para quem não o assistiu. Absolutamente não é necessário ter assistido Total Eclipse para assistir Schwarzesmarken (ou para ler minha crítica). Agora sim ao episódio: se Schwarzesmarken tem um mérito foi fazer eu finalmente entender como é possível que havendo uma ameaça à própria existência de toda a humanidade a Guerra Fria possa ter sobrevivido e, dependendo do ponto de vista, até mesmo se reforçado. Quando eu assisti Total Eclipse achei isso absurdamente insano! Depois achei Total Eclipse chato pra caramba e parei de assistir completamente. Mas Total Eclipse se passa já no século 21, a União Soviética e a Guerra Fria são completamente anacrônicas, enquanto Schwarzesmarken se passa no começo da década de 1980, já nos estertores da grande polarização leste-oeste mas quando ela ainda estava bem viva. Os BETAs chegaram em 1967 na Lua (junto com os americanos), e poucos anos depois na Terra. Eles são sim inimigos formidáveis e invencíveis puramente graças aos seus números e a velocidade com que se reproduzem, mas são bastante lentos em seu avanço. Nessas circunstâncias é crível que as duas superpotências e seus blocos econômico-militares tenham enxergado não uma oportunidade para a união global, mas de desenvolvimento armamentício que poderia ser usado sim contra os inimigos alienígenas mas também, futuramente, contra seus inimigos bastante humanos. Os BETAs se provaram muito mais resilientes do que inicialmente imaginado e o conflito se arrastou por décadas, bem como a cultura militarista que ele provocou – principalmente na Ásia e no coração da Guerra Fria, a Europa. Acrescente-se de passagem que regimes totalitários, como os comunistas, estão mais bem preparados para empreender os esforços necessários para guerras prolongadas (e isso é tema de Schwarzesmarken), e fica fácil de entender como a Guerra Fria sobreviveu e proliferou com a ameaça alienígena.

Mas o anime não trata de alta política, seus protagonistas são os bravos soldados que operam os mechas (chamados de TSF) que são a principal arma contra os invasores. E Schwarzesmarken, como Total Eclipse, entregou um primeiro episódio eficiente em mostrar os horrores aos quais o mundo está exposto – mas se estou comparando com Total Eclipse não posso deixar de dizer que Schwarzesmarken é bem mais suave, ameno. Morreu uma pessoa apenas, e foi por culpa da insubordinação do protagonista, não por causa de uma invasão imprevisível e imparável dos BETAs. Talvez assim seja porque Schwarzesmarken foca bastante na ameaça sempre presente da Stasi, a polícia política da Alemanha Oriental. No mundo do anime a guerra contra os alienígenas é usada como desculpa para oprimir ainda mais opositores e desertores do regime. O protagonista, Theodor Eberbach, teve a sua família assassinada enquanto tentavam fugir do país. Ele foi capturado e de algum modo se tornou o piloto de TSF mais insubordinado e aborrecido do mundo. E desconfia que sua capitã, Irisdina Bernhard, seja membro da Stasi. E ela provavelmente é mesmo, embora eu aposto que seja devido a circunstâncias especiais. Enfim, um bom episódio de apresentação do cenário mas Total Eclipse também teve um, então não é hora de comemorar ainda. Consuma com moderação.

Eles são populares com as crianças

Eles são populares com as crianças

Active Raid, episódio 1 – Ninguém liga para novatas que tem mania de falar em inglês

Eu falei de insubordinação em Schwarzesmarken, não foi? É porque o protagonista lá fez isso repetidas vezes no episódio. Me espanta que ainda esteja vivo em plena Alemanha Oriental com esse comportamento. Active Raid se passa no Japão do futuro, pacífico como sempre (ou nem tanto?), o que permite que um esquadrão inteiro de uma unidade experimental da polícia se insubordine o tempo todo, ignorando completamente sua nova chefe. Eu entendi que ela seria a nova chefe deles, estou errado? Talvez ela seja apenas uma observadora? Nesse caso ela é intrometida demais querendo dar ordens. Mas bom, isso é anime, né?

Só em anime para uma tecnologia tão perigosa quanto mechas com os poderes que os mechas de Active Raid têm poderem ser adquiridos com facilidade por civis – e nesse episódio, por adolescentes. Existe uma tecnologia menos perigosa e bem mais antiga e muito menos chamativa, fácil de esconder e camuflar, que no entanto o Japão atual, do mundo real, dificulta o acesso por civis com sucesso: armas de fogo. Mesmo se disserem que aquelas máquinas lá eram de trabalho (na indústria ou talvez no comércio – sei lá, talvez aquele seja o futuro das empilhadeiras) ainda assim estou pasmo que duas delas tenham parado nas mãos de menores de idade. E por que um robô industrial precisaria atingir a velocidade de 50km/h de todo modo, hein? Temo que o anime nunca vá responder essas questões. Myriad Colors parece mais crível (já chego nele) comparado a Active Raid.

De todo modo, esse anime é mais ou menos isso: uma unidade de mechas para combater o crime cria mais problemas do que resolve e a protagonista é enviada para emitir um relatório que irá determinar se a equipe, que é experimental, continua existindo ou é cancelada. Mas de alguma forma ela entendeu que a verdadeira missão dela é colocar a equipe nos eixos, e isso é o que faz eu acreditar que ela tem autoridade sobre eles para poder fazer isso, mas quer saber? Nem ligo. É tanta coisa que não faz sentido que vou tentar assistir só pelo valor de entretenimento de suas cenas de ação e de sua tecnologia futurista que pelo menos nesse primeiro episódio foi retratada em detalhes. Adorei o veículo terra-trilho que eles usam como base de operações.

Equipe formada, (quase) todos os personagens apresentados

Equipe formada, (quase) todos os personagens apresentados

Myriad Colors Phantom World, episódio 1 – Esquizofrenia coletiva

A premissa desse anime é insana. E adjetivos relacionados à saúde mental tem tudo a ver com ela. Veja só: pouco mais de uma década atrás um laboratório que fazia experiências biológicas sofreu um ataque terrorista e isso liberou um vírus que se alastrou e mudou a forma do cérebro humano funcionar. Até aí, ok. Daí as pessoas passaram a ver o que se passou a chamar de phantons. E o que são phantons? Ora o anime diz que eles são criados pela mente humana, ora dá a entender que eles sempre existiram, as pessoas é que eram incapazes de enxergá-los. E vou dizer uma vez só: a ideia de que alterações no cérebro podem nos fazer enxergar ilusões faz todo o sentido. Que essas ilusões sejam coletivas não faz sentido nenhum. Que tais ilusões coletivas possam interagir com a realidade é ideia de quem está há um mês sem tomar seus remédios – ou há um mês tomando remédios que não deveria tomar. Então para não sofrer uma alteração permanente no meu cérebro conhecida pelo nome médico de Acidente Vascular Cerebral prefiro acreditar na segunda hipótese: os phantons sempre existiram, e só agora as pessoas conseguem vê-los.

Outro efeito colateral dessa alteração no cérebro é que algumas crianças nascidas depois do vírus se alastrar desenvolveram habilidades especiais que permitem combater os phantons. Que precisam ser combatidos porque é chato pra caramba você estar assistindo sua TV e de repente um pato de borracha gigante ficar passando na frente dela. Não, sério, eu entendo, estamos acostumados com a realidade de um jeito, com um conjunto de regras bem definidas que sabemos usar a nosso favor ou, quando não é possível alterar a natureza, sabemos contorná-la. Os phantons não obedecem isso, e portanto alguns deles são incômodos. Nesse episódio não apareceu nenhum phantom agressivo, violento ou que tenha causado dano físico a uma pessoa, mas imagino que seja possível. Os protagonistas desse anime são adolescentes com superpoderes que caçam tais phantons e ganham coisas em troca. Os três que apareceram até agora e seus poderes são bastante divertidos, e uma quarta deve ser introduzida no próximo episódio. Está bem longe de ser o que de melhor a KyoAni fez, mas estou curioso para ver até onde vão levar essa história de realidade versus imaginação.

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