Mais primeiras impressões de estreias da temporada! Antes desse artigo vieram esses outros:

Sabe o que é chato? Ter começado a temporada com BokuMachi e Rakugo Shinjuu. Sério, comecei com um nível alto demais, pergunte para qualquer pessoa e a maioria delas irá citar um desses dois como a melhor estreia da temporada. E são mesmo, com méritos e vasta vantagem sobre os demais. O que significa que dia após dia, anime após anime, só venho me frustrando desde então. Não quer dizer que seja tudo ruim, pelo contrário, acho que a maioria do que assisti é bom. Mas a comparação é inevitável.

Os animes da vez são Grimgar, outro pelo qual eu tinha alta expectativa, além de Koukaku no Pandora e Bubuki Buranki, pelos quais eu nutria apenas curiosidade. Terão conseguido satisfazer pelo menos minha ânsia por novidades? Sim. Talvez. Leia o artigo completo!

O grupo de aventureiros involuntários janta depois de mais um dia de fracasso

O grupo de aventureiros involuntários janta depois de mais um dia de fracasso

Hai to Gensou no Grimgar, episódio 1 – Crianças perdidas

O mundo de Grimgar é exatamente como a sinopse descreveu: de repente as pessoas (todas adolescentes) despertam por lá sem nenhuma memória do passado e passam a ter que enfrentar criaturas míticas como goblins e … bom, nesse episódio só apareceram goblins, mas eles disseram várias vezes que existem outras criaturas mais fortes. A perda de memória funciona de forma peculiar: ainda sabem quem são (pelo menos os próprios nomes), mas se esquecem por completo da vida que viveram, dos lugares e das pessoas que conheceram. Se esquecem até mesmo da tecnologia do mundo moderno – embora de vez em quando se lembrem de palavras e expressões, mas sem se lembrar o que elas significam.

Tudo na estrutura desse mundo leva a crer que estão no mundo de um jogo: não há outra profissão disponível a não ser aventureiro e eles precisam treinar em guildas de classe antes de saírem se aventurando de verdade. Os monstros liberam espólios (“loot“) quando morrem e esse pode ser vendido por dinheiro na pequena cidade, que eles trocam por mais equipamentos para aventura e itens de sobrevivência (comida, por exemplo). Parece haver até um sistema de níveis maquiado: você compra o distintivo do próximo “nível”, mas como a única forma de conseguir dinheiro é matando monstros e vendendo seus espólios, isso é só uma forma indireta de ganhar níveis matando criaturas, o fundamento de todo RPG eletrônico.

Com acréscimo do fator amnésia, Grimgar parece ser mais um anime do gênero “preso em um jogo”, seguindo o caminho aberto por .hack e ampliado por Sword Art Online e Log Horizon, entre outros. O que ele oferece de novo são personagens completamente novatos, incapazes e incompetentes mesmo – não conseguiram matar sequer um goblin. E por favor não entenda errado o que eu quis dizer: isso é positivo. É uma linha de enredo muito interessante para ser desenvolvida. Eles vão se adaptar a essa nova vida enquanto tentam descobrir de onde vieram? Pelo que terão que passar?

O grupo de personagens é bastante heterogêneo, e representa com sucesso até o machismo presente em jogos online. O mais irritante dos personagens ficou falando abertamente sobre peitos e outras coisas íntimas e constrangedoras com as garotas do grupo, até que uma delas começou a chorar porque se sente insegura com seu corpo e estava se sentindo mais exposta do que ela aguenta. E o garoto não entendeu nada, lógico. Em um jogo isso é ruim, mas pelo menos uma hora você desconecta e volta ao mundo real onde pode procurar algum refúgio. Não é o caso em Grimgar, onde eles estão presos nesse mundo e sequer possuem memórias do outro mundo de onde vieram. Esse e outros tipos de conflitos podem acontecer muito ainda para um grupo de adolescentes inseguros, assustados, jogados em um mundo estranho e tendo que lutar por suas vidas. Te parece interessante? Porque a mim parece. E os cenários aquarelados estão bonitos demais.

Koukaku no Pandora está determinado em ser uma comédia, mas não acho que esteja muito engraçado...

Koukaku no Pandora está determinado em ser uma comédia, mas não acho que esteja muito engraçado…

Koukaku no Pandora, episódio 1 – Tenho certeza que não havia lugar melhor para a porta de dados

Tá bom que eu não esperava algo muito sério, mas também não esperava uma (tentativa de) comédia. Até achei a Nene simpática e gostei do tipo de humor dela – a avoada sem noção que não escuta o que os outros falam, faz tudo o que dá na cabeça dela, confia fácil demais e está sempre sorrindo, mas acho que nesse episódio não “encaixou”. Tem potencial aí, quem sabe?

Mas se o anime inteiro for ter piadas do nível desse episódio … quero dizer, Chobits já não esteve lá antes? Ha ha ha, elas são robôs, ha ha ha, coloque a mão na virilha dela, não tem nada que uma virilha humana deveria ter mesmo e sua serventia é uma função especial. Céus. E não foi uma vez, foram duas vezes que nesse episódio tive que ver um close-up de uma gaveta abrir onde seria a virilha de uma das androides para a outra meter a mão lá dentro. É assim que elas se “conectam” e uma passa habilidades para a outra. Porque a humanidade aprendeu a construir androides mas se esqueceu como fazer canais de comunicação de média distância eficientes. A Nene agarrando a Clarion o tempo todo porque ela é “muito fofa” também perdeu a graça depois da segunda ou terceira vez, mas isso pelo menos não é (sempre) constrangedor.

E a história? Sei lá. Nene e Clarion são androides, segundo entendi são adolescentes humanas que trocaram seu corpo inteiro por próteses robóticas, e isso é bastante incomum e ainda experimental. E ah, segundo a cientista disse (em pensamento) viola vários tratados internacionais, o que faz sentido dado o poder de fogo delas. Apesar de serem supostamente seres humanos, a Clarion tem uma “dona” a quem obedece exatamente como um robô faria, e a Nene é literalmente roubada para ser usada da mesma forma. Não tenho mesmo a menor ideia do que esperar. Se melhorar no humor já vai ser lucro.

Azuma e sua irmã gêmea Kaoruko quando eram crianças

Azuma e sua irmã gêmea Kaoruko quando eram crianças

Bubuki Buranki, episódio 1 – Magia e robôs gigantes em busca do paraíso perdido

Em um mundo bucólico viviam o pequeno Azuma, sua irmã gêmea Kaoruko e seus pais. Eles eram muito felizes embora o lugar não fosse exatamente um paraíso: Migiwa, a mãe da família, estava lá para usar seus poderes para manter adormecidos gigantes chamados buranki, que são robôs gigantes que de vez em quando saem andando por aí destruindo coisas. Aparentemente ela também podia manifestar o poder dela através de um artefato para controlar outro robô gigante, chamado Oubu, mas o anime não chega a mostrar ela fazendo isso. O pai da família não tinha poder nenhum, mas os pequenos gêmeos tinham, e a intenção dos pais era treiná-los para ajudarem ou substituírem a mãe. Só que Migiwa está muito doente, precisa de tratamento, mas não pode abandonar o lugar para ir se tratar. Kaoruko escuta seus pais conversando sobre isso e no dia seguinte ativa Oubu com a intenção de ajudar sua mãe, mas o que consegue no fim das contas é acordar vários buranki que começam a atacar. Migiwa fica para trás e o resto da família foge dentro de Oubu para o Japão. Fim do prelúdio.

Dez anos depois, Azuma retornou ao Japão. Esteve por todo esse tempo procurando formas de voltar para o outro mundo e reencontrar sua mãe. Nenhum sinal de seu pai ou sua irmã – talvez tenham morrido ou ele acredite que tenham morrido? Mas ele não descobriu nada e além de tudo está sendo perseguido – e eu não faço a menor ideia do porquê. Os agentes que o perseguiam nem sabiam quem era ele, só descobriram depois de o capturar.

E agora que penso bem, tem bastante coisa conveniente demais que não faz muito sentido. Uma garota de nome Kogane o estava esperando. Um grupo inteiro de garotos com poder de controlar bubukis (uma arma viva, a de cada um é diferente) o conhecia e estava esperando por ele na exata data de seu retorno. Mas ele viajou por dez anos, e dez anos atrás foi quando ele chegou nesse mundo. Ele não conhecia ninguém antes. Quando os conheceu? E como manteve contato com eles esse tempo todo? E com que dinheiro se sustenta? Talvez seu pai e irmã estejam vivos afinal e o estejam apoiando de algum lugar. No caso da irmã não tenho tanta certeza, afinal ela tinha o mesmo poder que ele – era até mais forte do que ele, não acredito que ela ficaria por trás das cenas enquanto o irmão se torna o protagonista. E tinha uma loja de conveniência no telhado de um edifício, em cima de um heliporto. WTF?? Nem função aquilo tinha. Aliás, eles subiram no alto de um edifício para pegar o elevador para descer.

Mas ignorando esses furos, que tenho certeza que existem ainda mais do que consigo imaginar, talvez a história possa ser interessante? Quero dizer, tenho quase certeza que a garota que fez todo mundo acreditar que a mãe do Azuma era uma bruxa má na verdade é a própria Kaoruko. Simplesmente algo me diz isso. Mas bom, uma história que já começa com furos no enredo não costuma ser muito brilhante no fim das contas. Talvez tenha sido assim só porque o primeiro episódio foi um pouco apressado. Os combates são divertidos (principalmente para fãs do Michael Bay). Eu achei que muita coisa aqui tem potencial, mas tem um bocado de detalhe que chama atenção de forma negativa.

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