Série para TV, 25 min25 episódiosEstreou dia Primeiro de abril de 1998

Informações técnicas

Adaptado deMangá
Autor originalYasuhiro Nightow
EstúdioMADHOUSE
DiretorSatoshi Nishimura
RoteiristaYousuke Kuroda

 

Muita gente já deve ter assistido Trigun. Talvez você já tenha assistido? E para quem ainda não assistiu a chance é grande que nem queira pensar em assistir porque é “anime velho”. Resolução baixa! Proporção de tela 4:3! Animação dos anos 1990! Bom, é uma pena se esse for o seu caso, mas quem sabe uma leitura desse artigo não te ajude a mudar de ideia? O anime nem é grande e eu garanto que vale muito a pena!

Se você estiver no feliz time dos que já assistiram me corrija se eu disser algo errado e deixe sua opinião sobre esse anime que não importa se a pessoa assistiu ou não, ela provavelmente reconhece seu protagonista estiloso de sobretudo vermelho e óculos, que maneja pistolas como ninguém e não é o Arucard! Eles até são contemporâneos, mas esse loiro de cabelo espetado veio antes, hehe.

Vash é conhecido como o Estouro da Boiada (não gosto dessa tradução literal que escolheram para stampede aqui no Brasil, preferi as legendas em português de Portugal que assisti que traduziram como “demolidor”) e como o Tufão Humano. Por onde ele passa deixa um rastro de destruição para trás. Cidades já foram inteiramente destruídas por ele, e ninguém sabe sua aparência ao certo – há apenas rumores. A companhia de seguros Bernardelli está perdendo rios de dinheiro com os estragos causados pelo Vash, e envia duas agentes em sua busca para tentar impedir que ele continue sua trilha de devastação – ou, caso se constate impossível fazê-lo, declará-lo de uma vez por todas uma calamidade natural e assim fora da cobertura de suas apólices. Meryl Stryfe e Milly Thompson contudo têm mais dificuldade em aceitar que o Vash é aquele Vash do que em encontrá-lo.

Como um homem tão bondoso, gentil, incapaz de matar vivalma, pode ser o Vash, o Demolidor das histórias? Bom, o sujeito é mesmo um pistoleiro prodígio, melhor do que qualquer outro poderia sonhar ser, e o caos parece realmente persegui-lo … mas em quase todas as vezes são apenas estragos causados por bandidos e caçadores de recompensas atrás dos 60 bilhões que são oferecidos pela cabeça do Vash. Num dado episódio, uma cidade inteira de pessoas comuns e de boa índole entra em frenesi destrutivo tentando caçá-lo – o dinheiro seria para reparar estruturas danificadas e salvar a cidade, mas no processo causaram muito mais dano. Mas por que há a recompensa pelo Vash em primeiro lugar então? Ele realmente destruiu a cidade de July, que é a justificativa para tanto? Provavelmente, sim. Na verdade o anime não dá espaço para dúvidas: ele destruiu sim a cidade. Mas não se lembra de nada do que aconteceu, o que torna tudo mais misterioso. Quais foram as circunstâncias do ocorrido que o lançou para a infâmia?

Em sua viagem, logo acompanhado por Meryl e Milly (e um pouco mais tarde, pelo pastor-pistoleiro Nicholas D. Wolfwood), ele foge dos caçadores de recompensa, de seu passado, tenta se lembrar do que aconteceu, tenta descobrir o que pode fazer. E ajuda todo mundo em seu caminho, mesmo aqueles que se voltam contra ele por um motivo ou outro. Não matar é um imperativo ético categórico para Vash, e na única ocasião durante o anime inteiro onde ele, forçado pelas circunstâncias, mata alguém, entra em profunda depressão logo em seguida e perde de vista seus objetivos – que ainda não eram tão claros, de todo modo.

Que objetivos? O que Vash pretende fazer? Reparar seu nome? Acertar contas com o passado? Consertar o mundo? Nem ele sabe direito, tampouco fala sobre isso. Conforme a transição do anime do formato mais episódico nos primeiros episódios para um formato com o enredo principal mais perceptível aos poucos vai ficando claro onde Vash pretende chegar, mas mesmo assim ele não sabe o que ele vai fazer uma vez lá até o último episódio.

O mundo de Trigun, que no começo parece apenas uma versão do velho oeste americano, se mostra bem mais inclemente que esse. Para todos os lados só o que existe é um deserto escorchante, a água é rara, há poucos animais, em praticamente nenhum lugar cresce qualquer vegetação e a maioria das cidades depende de geradores que usam o que é chamado de “tecnologia perdida”, porque ninguém sabe direito de onde veio, não sabem como funciona, e apenas uns poucos e raros conseguem mantê-la operacional. O mundo, assim como a história do próprio Vash, parece ter uma sombra oculta que cresce a medida que os episódios passam. E eles provavelmente estão conectados?

Apesar de todas as coisas sinistras que eu escrevi nos parágrafos anteriores, Trigun ainda é uma comédia. Eu ri muito mais do que chorei com esse anime – mas atente para o fato de que também faz chorar sim. Eu poderia comentar da ação, mas um anime dos anos 1990 não é páreo para o nível que estamos acostumados hoje em dia. Mesmo assim, seus combates e cenas movimentadas em geral são bastante empolgantes. Se não tem preconceito contra animes antigos, ou se consegue passar por cima dele pelo menos uma vez (eu recomendo muito!), Trigun é um clássico que ainda merece ser assistido!

  1. já que está fazendo artigos sobre animes mais antigos, poderia começar a pegar alguns que, embora possuam boa história, são pouco assistidos devido alguns problemas técnicos, tais como ‘Kingdom’, cuja primeira temporada foi feita em CG, e de baixa qualidade ainda e ‘Aku no hana’, um ótimo anime psicológico, onde tentaram testar um novo modelo animação que ficou bem… bizarrinho…

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Por acaso assisti os dois =D E sim, ambos são rejeitados por sua técnica de animação. Eu gostei bastante da rotoscopia de Aku no Hana, mas a maioria das pessoas estranhou e quem já conhecia o mangá odiou. Enfim…

      Já Kingdom começou com um 3D horroroso. Eles tomaram providências dada a recepção negativa e lá pelo episódio 10 já haviam abandonado quase todo o 3D, mantendo apenas o character design compatível, mas o estrago já estava feito. Mas creio que não foi um estrago tão estragado assim não, né? Já que o anime ainda teve duas temporadas triplas. Suspeito que tenha feito sucesso no mercado interno mas nem tanto no internacional. De todo modo eu adorei, muito mais a primeira temporada do que a segunda, mas gostei das duas. O Ouki roubou a cena na primeira temporada, hehe.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      De todo modo, as resenhas que estou fazendo agora são de animes que acabei de assistir, maratonei nesse começo de ano, não sei se me sentiria confortável para escrever sobre animes que assisti anos atrás.

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