Depois de toda a tensão do episódio anterior esse foi bem mais … bem menos … bom, ele não foi tranquilo, calmo, sossegado, mas definitivamente não foi tenso como o terceiro. A princesa foi fazer as coisas de princesa dela (ou seja, tentar convencer os burocratas do governo de que é ela quem manda) e o Sorey foi passear na cidade.

Ou era essa a sua intenção, mas acabou nem entrando nela e ao invés disso foi dar uma volta em uma ruína próxima com Mikleo e Lailah, seus dois serafins codificados por cor. É curioso como pela aparência os dois aparentem ser adolescentes mas a Lailah saiba tantas coisas a mais que o Mikleo, dando a entender que talvez seja bem mais velha. Ou talvez ele apenas nunca saiu do Elysio mesmo.

De um jeito ou de outro é conveniente assim porque soaria estranho se do nada o Mikleo se tornasse o tutor do Sorey, ensinando a ele coisas sobre o mundo e sobre ser o Pastor. A Lailah serve melhor ao papel de instrutora de começo de jogo.

Acordando pro jogo

Acordando pro jogo

E ela é muito instrutora de jogo mesmo, mais do que apenas uma mestra ou tutora comum de animes. Nunca joguei um só game da série Tales Of, mas esse episódio passou a forte impressão de ser um tutorial. Games têm seus próprios clichês, isso não é privilégio dos animes afinal, e um JRPG que se preze precisa ter um tutorial para ensinar o básico para o jogador. De preferência após a introdução da história. Exatamente como Zestiria fez.

O prólogo foi como o vídeo de abertura do game, onde várias coisas importantes já estão dadas mas não é possível entender nada ainda. Adequado que tenha sido um prólogo, como pode ver. O episódio um foi a apresentação do personagem jogável, o protagonista (ou o primeiro protagonista de uma grande e personalizável party, dependendo do jogo), sempre já depois de iniciado, e que em alguns games pode animação de novo (com qualidade inferior à de abertura normalmente) ou já na tela de jogo e sob mais ou menos controle do jogador. O episódio dois foi o chamado para a aventura e o terceiro foi a primeira missão, aquela que quase sempre é feita sem nenhuma informação prévia e o resultado costuma já estar predefinido.

Carona para o protagonista que ainda não conhece o mapa

Carona para o protagonista que ainda não conhece o mapa

E agora começou o tutorial. Um dos aliados poderosos do protagonista foi passear por qualquer razão (a princesa Alisha foi discutir com seus burocratas) e o jogador ficou abandonado a seus próprios recursos – é bom destacar aqui que para o anime o Sorey sem dúvida é o protagonista, mas o Mikleo entrou junto com ele então mesmo devendo ser supostamente mais poderoso (é um serafim e tem poderes mágicos afinal) na prática é tão fraco quanto um protagonista em começo de jogo. A Lailah é a instrutora, é perceptivelmente mais poderosa mas já se adiantou em explicar porque não poderá exercer todo o seu poder: como tem um contrato com o Sorey tudo o que ela faz tem um custo para o corpo dele. Ele ainda é fraco então ela está limitada por ele. Ele precisa ficar mais forte. E ela vai explicando como fazer isso.

Até mesmo o local do tutorial foi bastante clichê: uma ruína próxima à cidade inicial. Uma passagem secreta, alguns segredos do reino que passam a fazer parte do enredo inicial, e um dungeon boss mequetrefe: um punhado de morcegos que se tornaram malignos com o passar do tempo naquele lugar. Imediatamente após a conclusão dessa missão (o tutorial básico) a primeira ameaça verdadeira chega a cidade e deve acabar reunindo o Sorey com a Alisha e, quem sabe, com a assassina também. Ela ainda está na cidade, o episódio fez questão de mostrar isso e não deve ser à toa.

Na dungeon do tutorial

Na dungeon do tutorial

Assistir um jogo costuma ser chato. Assistir jogos com história, como JRPGs, pode ser mais interessante, e eu particularmente me divirto assistindo (exceto durante side quests e grinding). Mas enquanto a estrutura do enredo de Zestiria é praticamente a mesma de um game (não sei se é a mesma do game que o jogo adapta, mas deve ter muito em comum pelo menos), a animação, felizmente, não é, o que torna a experiência muito mais divertida. Pela própria natureza do gameplay, JRPGs costumam ser jogos na maior parte do tempo bastante parados e com ângulos de câmera bastante abertos e entediantes, mas o estúdio está fazendo Zestiria parecer, pelo menos visualmente, com um anime de verdade.

  1. Este episódio foi mais ao menos a meu ver, não teve nada de interessante até mais de metade do episódio, só lá para o fim é que teve um acontecimento fora do comum. Dos personagens, até agora tenho gostado mais da Alisha e da assassina, os outros ainda estão meio apagados. Tens razão os JRPGs às vezes são um pouco lentos e pior parte de tudo às vezes as side quests são demasiado repetitivas.
    Como sempre uma excelente matéria Fábio.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Adoro jogar JRPGs. Bom, quando eu jogava eu adorava. Fechei todos os Final Fantasy até o 6 e … não me agradou muito a evolução gráfica depois disso. Acho que os roteiros pioraram também. Mas a estrutura narrativa e a jogabilidade continuam praticamente iguais até hoje, então meio que reconheço quando vejo um anime adaptando um jogo tão recente da série Tales of de forma bastante literal, hehe. Meus preferidos de todos os tempos são Final Fantasy 6 e Chrono Trigger. Sobre o episódio: é, não foi nada de mais. Só terminou com um cliffhanger poderoso pra manter a expectativa da audiência para quando o anime regular retornar após o spin-off de Berseria =)

      Obrigado pela visita e pelo comentário!

      • O primeiro episódio do spin-off de Berseria até que não está mau. Eu também cheguei a jogar Final Fantasy na steam e gostei muito (eu sou da altura em que o ps2 aqui em Portugal custava 5 meses de salário mínimo, por isso nunca os joguei nestas plataformas só no pc). Eu gosto bastante dos Jprgs, mas ainda assim em muitos casos prefiro os rpgs do Ocidente como a franquia total war (que por coincidência é da Sega).

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