Já que meu trabalho em Drifters foi terceirizado, acho que vou ter que me contentar em dissertar sobre esse que é uma das maiores promessas da temporada, possuidor de alta qualidade de direção de arte e  coreografia dos personagens. Yuri!! on Ice é o último anime que estarei cobrindo essa temporada e o primeiro anime de esportes que falo sobre. Aqui é o Iwan e iniciemos uma nova jornada, dessa vez pelos rinques de patinação do mundo glamoroso do novo falso Shonen Ai do Mappa.

Yuri!! on Ice é uma obra diferenciada, não por conta de algum roteiro magnanimamente inovador (longe disso, diria que um protagonista fraco mas com incrível potencial é um clichê extremo), mas porque basicamente concentra tudo que o estúdio Mappa não conseguiu fazer com Days e adiciona uma OST notável e coreografias invejáveis. Basicamente, a grande beleza de Yuri!! on Ice se encontra não em sua mensagem como obra, mas na forma que a passa. Não é relevante o fato de Katsuki (nosso protagonista leitão e fora do páreo dos bishonens que essa série tem a oferecer) ter ou não ganhado o Grand Prix no episódio um; o que importa é como o Grand Prix mostrou que ele não estava nem na rota de visão de seu ídolo, Victor.

A temática mais clara a se tratar nesses episódios foi a “capacidade de surpreender a outrem”, Victor após anos de vitórias ridículas chegou à conclusão de que não era mais capaz de se inovar no ritmo que seria exigido para que os juízes se surpreendessem com ele, portanto, em uma busca por inspiração, ele vai ao Japão na tentativa de aprimorar seu estilo a partir da experiência de ensinar alguém que tenta possuir um estilo parecido com o dele (primeiramente o Yuri e em seguida o Yurio no caso), e é dessa inovação que o próprio Yurio tentou se valer ao realizar movimentos mais complexos do que o necessário em seu exame para profissional, o que atraiu a atenção de Victor.


Uma preocupação gritante do episódio um foi estabelecer o quanto Yuri se esforçou em sua vida para tentar chegar aonde chegou e o quão inútil foi quando ele entrou em uma maré brutal de derrotas. Yuri perdeu 5 anos da vida de sua cidade durante suas campanhas como patinador profissional, a garota que ele gostava se casou e teve 3 crianças, seu cachorro morreu, toda a estrutura de sua vida mudou, mas ele não, ele continuou o mesmo Yuri sem fama que saiu de Hasetsu e agora volta com seus contratos findados.

Ostracismo é um termo grego para o “exílio pelo voto na ostra”. Nas cidades gregas, aqueles que eram vistos como perigosos eram exilados e forçados a viver fora da cidade por um período de 10 anos. Nesse período, eles tornavam-se alheios a toda e qualquer situação de dentro da pólis e ficavam incapacitados de exercer seus deveres básicos nas decisões da cidade, e não é exagero dizer que, para um cidadão nacionalista como o grego, o ostracismo era algo ainda pior do que a pena capital, sendo que, não a toa, Sócrates preferiu beber cicuta e morrer como um mártir a ser abolido da cidade como um pária mesmo que somente por 10 anos. No caso de Katsuki, seu ostracismo foi um exílio autoimposto que resultou num grande nada no sentido esportivo e abalou suas relações sociais.


Basicamente, o grande diferencial do Yuri estava na capacidade de ter imitado os movimentos de Victor, o que foi representado por uma belíssima coreografia da música “Stay close to me” (da qual estou em uma cruzada infinita para encontrar sua procedência). Ambos ele e o Yurio ainda têm um gigantesco caminho a percorrer se quiserem ser remotamente comparáveis a Victor e o teste de entrada vai ser a apresentação de uma patinação que ambos jamais fariam em condições normais, o Eros de Katsuki e o Ágape de Yurio.

Devido a sua grande “no fucks given”, Victor decide que Yuri (o inocente leitão promissor) e Yurio (o feroz menino prodígio) farão a mesma música, porém em momentos e interpretações completamente diferentes, não só entre si, mas das personalidades deles. O amor Eros e o amor Ágape são dois conceitos avulsos do amor; o primeiro é feroz, aproveitador e sensual, enquanto o segundo é um amor inocente, temente a Deus e que busca o autossacrifício pelo bem do par. Essa dualidade que tudo tem a ver com os personagens é justamente criada para que cada um deles aprenda a interpretar papéis que nunca interpretariam dentro de suas respectivas zonas de conforto e, portanto, venha a surpreender tremendamente os jurados.


Para finalizar, aqui temos a cena mais bem coreografada que vi em toda a temporada até agora e, pelo menos em termos de episódio 1, a melhor de todas que vi esse ano (Rakugo ainda leva facilmente em termos de consistência e coreografia dos episódios seguintes, tho)

 

Revisado por Tuts

 

 

  1. O primeiro episódio de Yuri On Ice foi dos melhores que vi nesta temporada. O Yuri como tu bem disseste perdeu 5 anos da sua vida, todos eles dedicados à patinagem artística, ele perdeu vários concursos, estando em um momento frágil da sua carreira. O tempo que ele passou fora, perdeu a mulher que amava, perdeu o seu cão e a sua terra de origem não é mais a mesma. Eu gostei do protagonista, mesmo ele sendo meio tímido e ter baixa auto-estima. Eu concordo com a tua afirmação, aquilo que ele falharam em Days estão a compensar neste anime, aquela animação da coreografia estava linda já para não falar da trilha sonora, eu quando acabei de ver o episódio 1, perguntei a mim mesmo o porque de ter demorado tanto tempo a ver o primeiro episódio, não me arrependi em nada, vi aquela cena em que o Yuri imita a coreografia do Victor umas 4 vezes.
    O episódio dois também foi bom, está mais do que na cara que o Victor vai acabar por treinar os dois, mas enfim só vendo o que isto vai dar. Não gostei daquele Yuri russo, acho ele meio explosivo e impertinente, ele simplesmente sentiu ciúme quando o Victor se deslocou ao Japão para treinar o Yuri japonês. Aquele Victor de certeza é gay, aquela maneira dele estar ao pé de homens é meio estranha (se bem que este anime é para as fujoshi), se este anime continuar bom, como tem sido até agora sou capaz de o ver até ao final (isto se eles mantiverem o fanservice masculino para as fujoshi contido como fizeram até agora).
    Nem acredito que fizeste referência a Rakugo Iwan, eu já gostava dos teus artigos, mas agora virei teu fã, poucos são aqueles que reconhecem a excelência de Rakugo, desde a sua animação, trilha sonora e seus personagens, para mim até agora o melhor anime do ano 2016.
    Como sempre um excelente artigo Iwan, bom trabalho com as imagens e obrigado pelo video da coreografia do Yuri e do Victor.

    • Achei o yuri interessante, facil de entender e facil de simpatizar, o yurio têm uma personalidade Forte mas isso esconde um grande complexo com relaçao aos outros.
      Não sei se o Victor é gay ou só exotico afeminado, mas independente de tudo ele certamente não têm pudor em fazer fanservice fujoshi.
      E lógico que fiz uma referencia ao que considero disparado o melhor anime do ano, rakugo é 100% coreografia e dominio da linguagem corporal então é um paralelo perfeito para danças.

      • Eu quando acabei de ver o Rakugo fiquei com a sensação de ter visto um dos melhores animes dos últimos anos, era uma tortura esperar uma semana para ver o episódio seguinte. Em termos de animação Yuri não está mau, mas não chega nem perto dos detalhes de Rakugo, desde os movimentos feitos pelos personagens a contar as histórias, tudo foi bem feito naquele anime. O Victor é meio estranho, mas por enquanto não se tem mostrado mau perdonagem.

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