Segundo episódio de Onihei em que a Hisae quase morre de preocupação com o sumiço da Ojun! E o Heizou estaria tão preocupado quanto, tenho certeza, se não estivesse viajando. De certa forma havia algo de bom na época em que não existia comunicação instantânea à distância como nos dias de hoje, não é? A ignorância é uma benção nesse caso já que de longe o Heizou nada poderia fazer mesmo a não ser contrair uma úlcera.

Mas justiça seja feita, dessa vez a culpa não foi da Ojun. Ela não fugiu de casa, como da outra vez, mas sim foi sequestrada por armação de um fantasma que voltou do passado para assombrar Hisae no presente.

A história seria até mundana nos dias de hoje, mesmo para quem se importe com essas coisas. Para quem não se importa, na verdade o que soa estranho é que houvesse um problema em primeiro lugar. Épocas diferentes, valores diferentes. Antes de tornar-se esposa de Heizou, Hisae era perdidamente apaixonada por outro homem, um vizinho seu. Por descuido ou porque ela tinha mesmo muita certeza de que acabariam se casando, deitou-se com Kondou (o homem do passado da Hisae, não o comentarista número um do blog, hahaha!).

O flerte inocente

Resumidamente, o cara era um cafajeste do pior tipo. Não darei-lhe a distinção de chamá-lo de bandido porque o que não falta em Onihei são bandidos honrados, e honra Kondou não tinha nenhuma. Abandonou Hisae, abandonou seus pais, roubou e desapareceu na vida. Até ser preso. Ele ser preso foi a sorte e o azar de Hisae. Sorte porque não casou-se com ele – pode apostar que, naquela época, não importa o quê, dado que ele já a havia deflorado a única “opção” que ela tinha era se casar com Kondou, o que certamente a condenaria a uma vida infeliz, independente de quanto o tenha amado. E azar porque, bem, essa era a única “opção” socialmente aceita. Mas que bom que existem pessoas como Heizou!

Enxergar o coração das pessoas além das normas sociais e da moral dominante é a habilidade especial e inata de Heizou. Ele é uma pessoa boa como poucas pessoas conseguem ser. Só alguém como ele para perdoar ladrões quando eles são honrados. Só alguém como ele para adotar, criar e amar uma criança como se fosse sua mesmo já tendo um filho de sangue. E claro, só alguém como ele para enxergar o valor de uma mulher para além do fato dela já ter transado ou não com outro homem. Sem dúvida ele não é o único assim nesse mundo, já viu-se também, por exemplo, aquele casal que adotou o filho de um bandido no episódio anterior. Mas como eu já havia dito sobre aquele episódio também, as pessoas têm limites.

O que restou de Hisae após ser usada e descartada

O pobre casal se matou. Kaneko entrou em uma espiral de crimes buscando fazer justiça na qual o próprio Heizou poderia ter entrado. O Onihei teve lá sua dose de sorte também, e muita sorte tem todos à sua volta, além dos cidadãos de Edo que podem contar com um oficial da lei justo e implacável sim, quando precisa ser, mas acima de tudo humano – no bom sentido. Tenho certeza que Kumehachi, Omasa e todos os foras-da-lei a quem ele deu uma segunda chance por enxergar dentro de seus corações sabem disso. Ojun é muito nova ainda para entender, e Hisae redescobriu isso em um nível totalmente diferente nesse episódio.

E quanto ao Tatsuzou? Foi a primeira vez que vi o Heizou dar um sermão no filho. Aliás, talvez tenha sido a primeira vez que vi ele dar um sermão de verdade em qualquer pessoa nesses episódios todos, mas a memória pode estar me enganando. E se o Tatsuzou tornar a cometer os mesmos erros (que, não há como disfarçar, foram estimulados pela leniência do pai até então), qual será a pena? Nada menos do que a morte! Achei essa cena bastante esquisita e um pouco fora do personagem. Chamou a atenção de forma negativa (como a sua própria animação), e temo que jamais saberei se o Onihei falou a sério ou foi só para tentar corrigir o filho na base do susto.

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