Em breve a temporada de Primavera acabará, e como você provavelmente já sabe, quando uma temporada acaba, outra nova se inicia, no caso, a nova temporada é a de Verão (Julho). Sendo assim, eu, Nomichi, em pleno Inverno, brevemente opinarei e direi minhas expectativas em relação aos animes dessa nova temporada calorosa que está por vir. Felizmente, não falarei de todos os animes que estarão presentes nesta temporada de Julho, então caso queira saber mais sobre, sugiro que dê uma olhada no Guia da Temporada que acabou de sair do forno — ou melhor, do iglu.

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Desde os meus primeiros passos como fã de animes eu ouvia falar de uma série baseada no clássico chinês Jornada ao Oeste: Gensomaden Saiyuki, ou apenas Saiyuki. Saiyuki é o nome japonês do conto, e é também o título do mangá cuja primeira adaptação para anime para TV recebeu o Gensomaden na frente do nome. Nunca assisti. Nunca li. Esqueci de sua existência por anos. Mas eis que existe um mangá continuação do original: Saiyuki Reload. E ele também foi adaptado para anime, em duas temporadas: Saiyuki Reload e Saiyuki Reload Gunlock. Esse mangá, como o original, já encerrou, mas possui mais uma continuação que continua em publicação: Saiyuki Reload Blast. Sim, essa é a “história” desse anime que adapta o clássico chinês para os tempos modernos.

E eu não assisti nem li nada disso, caí de para-quedas no anime. Problemas? Nenhum! Os personagens são os que eu já esperava (a Jornada ao Oeste é bastante famosa, se você assiste animes ou lê mangás há algum tempo já deve ter visto pelo menos uma referência por aí): Genzo Sanjo, o monge e líder (e pistoleiro, nessa versão), Son Goku, o demônio macaco (e sim, aquele Goku famoso também empresta seu nome da Jornada ao Oeste; aquele mangá famoso foi planejado inicialmente para ser uma adaptação bem humorada do clássico mas o autor logo desistiu), Cho Hakkai, o equivalente ao demônio porco que é tudo menos porco nessa versão, e Sha Gojyo, o demônio da água (que na maior parte do tempo eu poderia jurar ser o demônio porco).

Mas, sério, pode ignorar tudo isso. Não precisa assistir nada nem conhecer nada. É uma série de ação com personagens fantásticos matando demônios que mais parecem elfos em sua jornada rumo à Índia (ao oeste…), o que na Jornada original Xuanzang (o nome original chinês de Genzo Sanjo) fez para buscar os textos sagrados do budismo e aqui ele faz sei lá, deve ter um super-vilão o esperando no final da jornada. Os personagens são divertidos, têm um jipe e a ação é decente, ainda que pudesse ser um pouquinho melhor.

Se pronuncia “Symphogear Axis”, e quando li essa explicação logo pensei “lol nazistas”. E parece que é isso mesmo, com os inimigos sendo uma tal Sociedade Bávara de… sei lá, esqueci, Sociedade Bávara de Fazer o Mal, deve ser algo assim. Digo, até onde pude ver provavelmente não são nazistas no sentido completo do termo ou mesmo em sua apropriação popular pela política rasteira, mas no sentido de “eles são vilões e alemães ergo eles são nazistas”. Talvez insiram algum paranauê supremacista ou xenófobo na história, mas isso está ainda para se ver.

Symphogear é Symphogear. Assisti o primeiro Symphogear e o achei muito bom para um derivado tecno-mágico de Madoka Magica, apesar do final covarde feito sob medida para permitir continuações. Que vieram. Como vieram. Nossa, se as continuações de Symphogear fizeram uma só coisa, essa coisa foi vir. Symphogear G teve uma fórmula parecida com o original, com vilãs que acabam se convertendo ao longo da história. Symphogear GX eu não sei como foi porque só assisti o primeiro episódio, mas presumo que tenha sido diferente porque só as garotas do original e do G estão no time dos mocinhos nesse começo de AXZ, nem sei que raio se deu da guria aparentemente vilã do começo de Symphogear GX. Já o AXZ é diferente. Digo, parece diferente. Eu pelo menos não vejo um caminho para redenção para as três bávaras ali. Enquanto a Chris, na primeira temporada, e a trupe da Maria, na segunda, eram movidas por motivos pessoais, íntimos, as garotas antagonistas de AXZ parecem estar agindo movidas por ideologia. Qual? Não sei.

Ao fim e ao cabo nada disso importa. Como eu disse, Symphogear é Symphogear, e esse episódio é um espetáculo de música e ação, tudo exagerado, elevado à enésima potência. Por isso que eu consigo assistir sem nem ter assistido o GX (e confesso que não vi o final do G também). É divertido. Acho que provavelmente é melhor ter assistido pelo menos a primeira temporada, mas aposto que dá pra ver mesmo sem ela, então se você quer um anime de ação insana com garotas com armaduras e armas de batalha que crescem e se transformam em qualquer coisa quanto mais alto e com mais vigor elas cantam, assista Symphogear AXZ.

O jogo foi tenso pra caramba. As caras e bocas foram geniais, a estratégia não foi tão incrível assim mas foi divertida, a virada de mesa era óbvia que aconteceria mas mesmo assim até o final parecia improvável. Para quem gosta de animes (e mangás) sobre jogos de azar, a partida desse primeiro episódio deixou bem pouco à dever para outros gigantes do gênero como Kaiji e Liar Game. Ah, e as garotas são lindas, provavelmente ainda mais quando fazem expressões diabólicas.

Mas ao contrário de em Kaiji e Liar Game, eu não sei porque tudo aquilo está acontecendo. No caso desses, os protagonistas são chantageados e forçados em rodas tão clandestinas quanto criativas de jogos porque tinham dívidas acumuladas. Em cada partida, além da estratégia em si e dos jogos bastante diferentes inventados por seus autores, conhece-se um pouco mais sobre alguns tipos humanos diferentes conforme eles são forçados além de seus limites psicológicos – e não dá para deixar de pensar o tempo todo sobre que tipo de gente está por trás daqueles esquemas.

Por que jogam em Kakegurui? Só porque são podres de ricos? Isso significa que os mais ricos sempre estarão em vantagem, como a protagonista, não é? Yumeko perdeu uma nota preta só para descobrir qual era o esquema do jogo que Mary criou para capturá-la. E ela pôde se dar a esse luxo porque tinha mais dinheiro do que sua adversária. Só isso. É uma regra básica de jogos de azar que aprendi com The Kingdom of Loathing há muitos anos: um RPG via browser mais voltado para comédia do que qualquer outra coisa; ele tem um jogo de O Dobro ou Nada no qual as chances de ganhar são realmente 50%. Assim sendo, basta continuar dobrando a aposta enquanto perder que quando ganhar irá sair no lucro. Obviamente quanto mais rico você for, mais chance você tem de ganhar. Acredito que o mercado de capitais deva funcionar de forma semalhante.

Yumeko ganhou porque de partida já tinha dinheiro pra comprar a Mary e colocá-la no bolso, mas isso não teria graça, o divertido é arriscar-se a perder, por pequena que seja a chance. Mas essa é a graça pra ela, pra mim não teve tanta graça assim quando refleti após o episódio. E citei o “mercado de capitais” porque o anime faz umas referências ao “capitalismo” e ao “dinheiro” que parece sugerir que ele seja na verdade uma crítica pobre e cretina ao modelo econômico vigente.

Mas esse foi só o primeiro episódio, e ele foi divertido, mesmo que vazio de significado. Dá pra melhorar muito ainda. Algo que pensei dias depois de assistir é que, através das apostas, Kakegurui generaliza e oficializa os pequenos esquemas de poder que existem entre os alunos de uma classe e de uma escola – qualquer escola. Pode funcionar, se bem construído para isso, como uma interessante metáfora para a vida estudantil do mundo real, com escolas e faculdades onde bem menos dinheiro circula e todo mundo é mais velado sobre abusar e assediar moralmente os amiguinhos.

Não sei vocês, mas eu adoro aquela época que acontece a cada três meses, quatro vezes por ano, quando começa uma nova temporada de animes. Antes dela começar de fato, eu sempre dou uma olhada minuciosa em todas as estreias, mas acabo escolhendo uns 20 animes pra assistir e acompanhando apenas três.

Dessa vez as coisas vão ser um pouco diferentes, já que fui convidado para comentar minhas expectativas. Enquanto muita gente diz que os animes de hoje em dia estão sem qualidade (o que é verdade se pensarmos em quantos saem por temporada e quantos vingam), sou aquele tipo de pessoa que quer assistir tudo e não tem tempo para nada. É claro que costumo me decepcionar com alguns, mas nada que dure mais do que 3 episódios.

Já vou adiantando que não vou falar sobre continuações do que não assisti, como Sayuki Reload Blast, Senki Zesshou Symphogear AXZ, Jigoku Shoujo: Yoi Togi e Owarimonogatari. Também não incluí na lista filmes como No Game No Life Zero, Fate Kaleid e Mahouka, até porque sabemos que eles só devem chegar no fim do ano para nós. Além disso, decidi fazer a lista em seções, dividindo entre aqueles que me chamaram atenção, os que não fazem meu estilo, com propostas diferentes, entre outros.

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