Há algumas décadas um grupo de jovens trouxe a rebeldia do rock ‘n’ roll para a pacata cidade de Manoyama, mas esse lugar parecia pequeno demais para seus sonhos juvenis. Hoje sobraram apenas lembranças do que um dia foi uma aventura protagonizada por três jovens que queriam alcançar seus sonhos através da música e gravar seus nomes na história.

O passado de Kadota, Doku e Chitose mostra mais uma vez a vontade dos jovens de quererem ir para a cidade grande. Tóquio, como toda metrópole, seduz as pessoas com a ideia de liberdade e de vida fácil, algo que dificilmente alguém vai encontrar numa cidadezinha do interior. Para esses personagens, Manoyama nunca daria o reconhecimento e sucesso merecidos, isso só uma grande cidade poderia oferecer.

Dois personagens merecem destaque neste artigo, um é a avó da Ririko e o outro é o Kadota. A primeira era uma garota sonhadora que cantava bem e via na cidade grande uma oportunidade de brilhar. Já o segundo achava que não era preciso sair e sim fazer as pessoas da sua cidade evoluírem a fim de atenderem os sonhos de jovens como ele.

Sobre a Chitose, é importante destacar a mudança de postura dela com o passar das décadas, pois de uma jovem sonhadora ela se transformou numa senhora realista e conservadora. Tal mudança é algo natural, pois quando envelhecemos normalmente não temos a mesma impulsividade de quando mais jovens devido a maturidade. O motivo dela deixar sua neta Ririko ajudar as outras meninas é compreensível pois ela quer que sua neta aproveite a mocidade enquanto esta não tem grandes responsabilidades a assumir. É valido lembrar que os pais de Chitose não queriam que ela fosse embora para assumir o negócio da família. Talvez possa chegar um dia em que Ririko tenha que decidir sua vida, quer assumindo o empreendimento da sua vó ou fazendo qualquer tipo de trabalho, e quando esse dia chegar os seus dias com as garotas se tornarão apenas lembranças de uma época divertida.

A avó da Ririko é um daqueles casos em que a pessoa não pôde realizar seus sonhos de outrora (talvez isso reflita sua personalidade atual) devido as circunstâncias. Fazendo uma citação ao poeta, compositor e ator Mário Lago: “O tempo não comprou passagem de volta. Tenho lembranças e não saudades”. Eu afirmo que aqueles bons tempos de banda ao lado de Doku e do Kadota hoje não passam de velhas lembranças. Ela hoje já não tenha mais arrependimentos do passado que só agora veio a tona.

Na tv mostrava o quanto Tóquio é uma cidade fascinante, diferentemente de Manoyama

Fazendo um contraponto a Chitose temos o Doku e Kadota, pois os dois até hoje mantêm as personalidades de antigamente. Hoje Doku trabalha como um mecânico e inventor, sendo que foi o único dos três que foi estudar fora de Manoyama. No caso do Kadota, ele desde jovem tinha interesse no desenvolvimento da cidade, pois ele achava que o lugar era atrasado já que os moradores eram pacatos e tradicionalistas demais para fazer o progresso chegar naquela cidade. Para ele não era ele e seus companheiros que deveriam se mudar, e sim a cidade que deveria ser transformada. Ir embora significava abandonar e reconhecer que aquele lugar não tem mais jeito, mas não era isso que o jovem Ushimatsu pensava, pois ele acreditava que dava para a cidade mudar graças a mudança de atitude de seus moradores. Não discordo da posição dele, porém ele sozinho não podia fazer nada; se bem que ele teve a proeza de acabar com um festival tradicional sozinho (isso não é pra qualquer um, apenas um louco poderia conseguir tal feito).

Embora os planos de Ushimatsu a frente do Conselho de Turismo não terem os resultados desejáveis, ele continua tentando pois para moldar um futuro é necessário trabalhar no presente, e trabalhar bastante por sinal. Ele pode ser atrapalhado e resmungão, mas os esforços dele tem que ser reconhecidos.

Por último e não menos importante, achei interessante que a simples secagem do lago conseguiu atrair a atenção das pessoas. Outra ponto a ser notado, é a ideia das garotas de refazer o festival no qual o Kadota tinha sido o responsável pelo seu término.

Não é só a Ririko que sentirá saudades dessa simpática turista

Obrigado a todos que leram este artigo, e até a próxima!

  1. Este episódio de Sakura Quest, foi bem melhor do que eu imaginava. Demorei bem mais tempo que o habitual, a ver este episódio, pois pensava que o motivo que levava o Kadota a fazer loucuras era inútil, mas afinal era algo bem mais sério.
    A parte do flashback, foi a que mais gostei do episódio inteiro, quem diria que o velho Kadota tinha sido na sua adolescência um percursor do rock. O facto do Kadota ter sido um jovem rebelde, não me admirou muito, mas fiquei espantado que ele formava banda com a Chitose (avo da Ririko) e com o Doku. Quem diria que a velha Chitose, dona recatada do lar, tinha sido uma jovem normal, com sonhos como todos os adolescentes. O Doku não foi surpresa nenhuma ele desde de sempre que foi muito para a frente do seu tempo. Tive a sensação ao longo do episódio, tanto na parte do flashback e na parte em que a Chitose visitou relutante o quarto de hospital onde o Kadota estava internado, que a Chitose gostava do Kadota, mas nunca teve a chance de o fazer. Então depois da desilusão que a Chitose teve, com a falta de coragem do Kadota de abandonar Manoayama, um possível romance entre os dois ficou para sempre impossível de acontecer. Mas aquela conversa entre a Chitose e a esposa do Kadota no hospital foi bem reveladora, a Chitose por momentos admitiu indirectamente que tinha sentimento pelo Kadota. Se bem que eu já desconfiava desde o inicio do anime, que as brigas entre a Chitose e o Kadota tinham tido um romance mal resolvido pelo meio.
    Por falar em flashback, adorei a época em que ele se passou. Em 1964, o Japão passou pelo pico da sua ocidentalização com televisões, carros, roupas estilo ocidental, néon nas ruas, grandes anúncios de publicidade e o inicio das bandas desenhadas japonesas que hoje em dia conhecemos por mangá. Também foi nos anos 60 do século XX, que o Japão depois de se recuperar do pós guerra, que o Japão se começou a tornar numa potência económica, e no flashback deu para ter a noção disso, com a grande Tóquio cheia de luzes e e carros e montes de pessoas. E por falar nos anos 60 no Japão, sempre gostei bastante dos uniformes de marinheiro que as garotas do colegial usavam naquela altura (uniformes bem mais bonitos que os actuais).
    Quanto ao resto do episódio, gostei do papel da Yoshino e das outras garotas no episódio (adoro a Shiori e a Sanae), a Yoshino está cada vez mais apegada àquela cidade, suspeito que no final do anime ela se mude definitivamente para Manoyama. E a Sanae e a Maki a mesma coisa.
    Fiquei meio emocionado com o final do episódio, onde os turistas sul americanos se despediram das pessoas de Manoyama que que tanto os trataram bem. Tive bastante pena da Ririko, pois ela gostava bastante daquela turista bem simpática. A Ririko ao menos pode conviver durante uns tempos, com outras pessoas com os mesmos gostos pessoais que ela, o que fez muito bem para ela.
    A única coisa que não gostei neste episódio, foi a parte em que mostraram a banda do Kadota, da Chitose e do Doku, as vozes eram muito más, e a parte dos turistas sul americanos a falarem espanhol ficou muito mal feita
    Antes de terminar o meu comentário, foi bem engraçado ver o Kadota jovem, remar que nem um louco para cima do Santuário para tocar o single de maior destaque da sua banda. E mais engraçado foi, quando os carregadores do Santuário tentaram tirar o Kadota de lá, mas este no final fez um buraco no casco do suporte do santuário e ambos foram ao fundo. Aquilo que eu ri nesta parte.
    Como sempre, mais um excelente artigo de Sakura Quest Flávio.

Comentários