O momento que todos esperavam! Bom, seria esse momento se Rage of Bahamut fosse um romance. Ou se o interesse romântico primário não fosse o principal antagonista da série, um vilão genocida e sem escrúpulos. Então eu totalmente entendo se você não esperava por isso.

Mas eu esperava.

Exterminar outras espécies que não a sua, possuir armas de destruição em massa e seguir uma agenda secreta com certeza são elementos que tornam uma pessoa bem menos desejável. Me diga, mesmo sem o bigodinho esquisito, consegue imaginar alguém desejando Adolf Hitler do fundo do coração? O coração de uma pessoa pode até acelerar quando ele se aproxima, mas com certeza não é por amor. Charioce, contudo, ao contrário de Hitler, não é apenas um ditador com sangue nas mãos em guerra contra o mundo. Há um lado humano, doce, quase inocente até, que apenas Nina conhece.

Pobre Nina! Esse não é exatamente o tipo de privilégio que a trará boa fortuna. Não no curto prazo, tenho certeza disso. O capitão dos Cavaleiros de Ônix (ele não deveria ter um nome a essa altura, não?) já vinha desconfiando do rei, e depois dos dois serem vistos juntos, e da Nina ser vista a transformar-se de humana em dragão e vice-versa, ela, com certeza, entrou numa bela enrascada. Ele já havia dito ao rei que pretendia matar o dragão, e Charioce concordou enfaticamente: mate-o assim que o vir! O rei estava apenas blefando? Acredito que sim e que não, ao mesmo tempo. Se ele quisesse mesmo que Nina morresse, denunciaria-a. Teria aproveitado o encontro com ela para armar-lhe uma emboscada. Ele não quer entregá-la, ele não quer que ela morra. Mas ela atrapalha seus planos. Seria bom se ela não existisse.

Nina é a garota-dragão mais feliz do mundo depois de ouvir a confissão de amor de Charioce e que ele passou a questionar suas atitudes depois de conhecê-la

Já apontei a atitude contraditória de Charioce em vários outros artigos, não é o caso de repetir-me e sair enumerando novamente. Mas vale apontar como ele voltou a ser contraditório nesse episódio, no que diz respeito à Nina, mais de uma vez, e estava plenamente consciente disso. Ele está se debatendo internamente sobre ela. Desistir do que ele vem fazendo até agora está fora de questão. Ele não irá fazer isso, seja por convicção, seja por pressão externa, seja para não sentir que tudo foi em vão, que ele não matou e fez sofrer por nada. Talvez, um pouco de tudo isso, mas acredito que em grande parte por convicção. Mas amor não é convicção, principalmente o amor da juventude.

Em uma inversão o do clichê da “cura pelo amor”, dessa vez, a garota  é quem foi “curada”. Charioce ainda vai demorar…

Charioce não vai matar Nina porque ele não quer que ela morra. Mas Charioce não vai impedir que matem Nina porque ele quer que ela morra. É complicado assim. E ele se arrisca também, o capitão dos Cavaleiros de Ônix (chega disso, vou chamá-lo de Zé a partir de agora), o Zé pegou o rei no pulo com o dragão e, talvez, isso acenda uma chama de desconfiança nele maior do que o necessário para matar Nina. Charioce fraquejou, afinal! O que garante que ele não fraquejará de novo? Zé precisa que esse plano, qualquer que seja, dê certo – ou quer muito que ele dê certo, vai saber. Ele nunca retira a armadura e a essa altura acho que já estou convencido de que as marcas em seu rosto, incluindo a faixa negra, são chagas. Algum tipo de doença ou maldição. Ele pode estar nas últimas. Gente assim é perigosa.

Casal da temporada!

Apesar de eu duvidar tanto dele, não acho que ele duvide tanto assim do rei ainda. Mas se mais alguma coisa acontecer e não for de acordo com os planos e o rei, por ação ou omissão proteger os adversários, muito especialmente a Nina, talvez Zé mude de ideia. O que torna isso pouco provável por enquanto é que ele não se parece em nada com uma figura de liderança política. Se Charioce for deposto, quem assume? O Aécio de papelão? Mas, talvez, ele não deponha o rei, apenas assuma o controle da arma do fim do mundo.

O Capitão dos Cavaleiros de Ônix descobre a verdade sobre Nina ser um dragão e sua relação com o Rei Charioce

Alternativamente, passa ser que o rei não falhe em merecer a confiança do Zé e, apresentando-se a oportunidade, ele acabe por entregar a Nina. É bom que ela já tenha amadurecido o suficiente para controlar sua transformação, mas a essa altura isso, de alguma forma, já não seja mais suficiente. É nessa hipotética traição de Charioce que eu penso sempre ao assistir abertura nova, na cena em que ele chora ao fundo enquanto a Nina corre no primeiro plano, e não é apenas uma lágrima derramada, é um choro doído. (Falando na abertura, sempre que a vejo não posso deixar de desejar vê logo as batalhas monumentais que ela está prometendo; não me decepcione, Bahamut!)

O Charioce que quer se livrar da Nina também é o verdadeiro Charioce

E poxa, não acredito que ninguém fez ainda uma montagem com a bela cena do Charioce e a Nina voando com a Um Mundo Ideal (A Whole New World) de Aladdin. Procurei aqui e não achei. Testei aqui dando mute no player e tocando Youtube ao fundo e encaixa. Só acertar o começo direitinho que o ritmo da música da Disney acompanha a cena do anime quase perfeitamente. Até uma onomatopeia que parece batida de asa encaixa com um bater de asa da Nina. Espero que o Mundo Ideal da Nina se realize – e tenho medo de qual seja aquele que o Charioce almeja.

Editado em 1/08/2017: Ninguém fez, então eu mesmo fiz:

  1. Não tenho palavras para descrever este episódio. Finalmente este episódio respondeu às minhas suspeitas e ainda nos forneceu algo mais. Com certeza este episódio merece e bem as 5 estrelas, mais a tua edição da cena da Nina e do Charioce com a música do Aladdin só deixou o artigo ainda melhor.
    Eu já desconfiava que aquele túmulo fosse da mãe do Charioce, afinal se fosse outra pessoa, o rei em pessoa, não se iria escapulir do palácio só para isso. A história da mãe dele, era bem comum na era dos réis e imperadores, ela era uma concubina do rei (aquele porco da primeira temporada que só fazia porcaria). Quando as concubinas engravidavam na sua maioria eram descartadas (pois não interessava nada para o rei ter filhos bastardos) e isso aconteceu com a mãe do Charioce. A pobre coitada até ao fim dos seus dias, sonhou e desejou pisar mais uma vez o palácio e que o seu filho fosse reconhecido como tendo sangue real (coisa que não aconteceu, já que ela morreu na explosão provocada pelo Bahamut). Com esta explicação comecei a entender a falta de vontade do Charioce em estar naquele trono, ele foi apenas a última opção do baralho, ele foi o único filho que sobrou do suserano anterior (aquele porco babão), ele meio que aceitou fazer o frete de ser rei. Mas claro ele no papel de rei, pôde dar inicio aos seus planos de extermínio daqueles, que ele considera responsáveis pela morte da sua mãe.
    Falando um pouco da Nina, esta não tem emenda. Ela não engana ninguém com aquele disfarce de demónio (foi só impressão minha ou a Rita e a Nina vestidas de demónio ficaram demasiado sexys?), ela com a sua inocência pensou que conseguiria passar despercebida pela raposa do Charioce, pobre coitada, o que a inocência não faz. No preciso momento, em que a Nina a bisbilhotar o Charioce deita abaixo a pedra tumular onde estava apoiada o Charioce percebe logo de que pessoa se tratava. Achei bonito o passeio deles, no meio da favela dos demónios e tal, onde o Charioce demonstrou o seu lado mais simpático. Ver o Charioce a comprar um colar para a Nina e vê-lo jogar à bola com as crianças demónio foi meio que uma forma do roteiro nos fazer mudar de opinião sobre ele (o que não funcionou comigo, para dizer a verdade). O passeio entre os dois estava muito bonito e tal, se não fossem os lacaios dos cavaleiros de Ônix, andarem a seguir os dois. Aquele capitão dos cavaleiros negros é perigoso. Ele desde do episódio anterior que já andava desconfiado das acções do rei, mas neste episódio ele tirou todas as teimas. Não à confiança possível entre os dois, quando o capitão dos cavaleiros negros pergunta ao rei o que fazer em relação ao Akai Ryu este diz para o matar, mas nas costas desse capitão ele encontrasse com ele, assim fica difícil haver confiança naquele palácio. Estou desconfiado, que ainda veremos uma encenação moderna da queda de um tirano (estilo Júlio César, ou estilo Caligua (este está mais próximo da realidade do anime). O Chairioce por vários motivos está com os dias contados, se não morrer pela bracelete que controla o Dromo, ele será morto que nem um cão pela sua guarda pessoal. Como seria bom, ver o Charioce a descer a escadaria real e os seus guardas lhe espetarem os punhais nas costas, seria um fim perfeito para ele.
    Agora a cena da gruta, finalmente a Nina e o Charioce se beijaram e uma cena de beijo muito bem feita (estúdio Mappa, nunca decepciona). Mas nessa cena, só a Nina foi curada do cliché do amor, como tu bem referiste, mas o Charioce vai demorar e muito e quem sabe, se for preciso ele nunca vai ser curado. Já fazia tempo que dava para notar, que o Charioce gostava da Nina, mas só neste episódio que ele abriu um pouco do seu coração de pedra e declarou o seu amor à Nina. Declaração que deixou-me num dilema e ao Charioce também, ele gosta da Nina, mas sabe que os seus lacaios a querem matar, o Charioce quer destruir aquele mundo e para isso precisa do Zé e os lacaios dele. Ele vai ter que se livrar da pedra no sapato que é a Nina, a vingança que arde no corpo do Charioce é mais forte que o amor.
    Corrige-me se eu estiver errado, não achaste estranho a Nina se conseguir transformar sozinha, após ter sido beijada pelo Charioce. Está bem que ele era a pessoa amada dela, mas se formos a pensar bem, a incapacidade da Nina em se transformar sozinha antes, não era algo no psicológico dela? Agora parece que a Nina é uma serva do Charioce, como se vou quando o Charioce tocou nela ela voltou ao normal, se for isto o anime está a perder qualidades.
    Agora a famosa cena, que até fez com que tu fizesses uma montagem de propósito para o artigo, ver a Nina a voar com o Charioce nas suas costas, sobre o luar e sobre a cidade foi lindo, pena a cena ter durado pouco. Só não gostei muito, aquele olhar que o Charioce fez no final, ele sabe que está a ser seguido, mas fazer cara de mau não vai resolver nada.
    Antes de terminar o meu cometário, elogiarei mais uma vez a tua montagem e ainda agradecer pela alcunha de Zé que deste ao capitão dos cavaleiros negros (o pior é que ele tem mesmo cara de Zé).
    Como sempre, mais um excelente artigo de Bahamut Fábio.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Eu assisti esse episódio e durante o voo da Nina e do Charioce eu imediatamente me lembrei dessa cena e da música de Aladdin. Atrasei a edição do artigo, fiquei até o último instante esperando para ver se alguém publicava essa montagem. Será que não existem fãs de Disney (ou que viam muito Disney quando criança e guardam essa memória com carinho) que hoje são fãs de anime e que estão assistindo Bahamut e que sabem editar vídeos…? Ok, pensando bem, talvez eu esteja mesmo exigindo demais.

      A posição do Charioce é muito delicada. Incontáveis pessoas (e demônios e deuses) perderam entes queridos há dez anos, por causa do Bahamut. É fácil encontrar entre esses aqueles que nutram ódio pelos responsáveis pelo desastre, e acredito que por isso tenha sido muito fácil para o Charioce manipular as massas em uma campanha militar esmagadora contra os demônios. Contra os deuses é mais complicado, e já vimos que há muitos que ainda os defendem e acreditam neles. Ensaiaram uma pequena rebelião contra o rei – devidamente silenciada. O trunfo de Charioce para calar essa oposição era obter a fidelidade de Joana D’Arc, mas a tanto ela se recusou. Selou assim seu destino. Mas o Charioce em si não é movido por ódio ou vingança – não só por isso, ou principalmente por isso, pelo menos. Ele é muito parecido com El, acredita que possui um dever a cumprir e está indo às últimas consequências para atingir seu objetivo.

      A Nina é totalmente o inverso. Também perdeu o pai mas não guarda ódio, rancor, não quer se vingar de ninguém. Em todos os casos, a diferença está no suporte que essas crianças tiveram. A vila do povo dragão é uma grande família. São pessoas (e dragões, e meio dragões) pacíficas, que apoiam uns aos outros. El viveu sozinho e feliz com sua mãe até ser arrancado dela e daí foi forçado a encarar a dura realidade do reino dos humanos. Azazel foi o mais próximo de carinho que ele conheceu nessa época. Charioce nem isso teve – foi uma criança em meio a lobos e hienas da corte e da burocracia estatal, ninguém nunca se importou com ele. Ainda com sua mãe, ele já sabia o que era ser um pária, um rejeitado. Ele teve a chance e tomou o trono para si. Ele não confia em ninguém – por que deveria?

      Obrigado pela visita e pelo comentário! =)

      • Todo o rei, sempre tem aquela pessoa de confiança, o Charioce também podia ter um (mas o Zé não deixa). Aqueles conselheiros e nobres que andam sempre atrás do Charioce, são uma corja, que só não fazem mais merda, porque têm medo do rei e do seus lacaios.
        Até hoje os filmes do Aladdin estão na ninha memória e ele é um dos poucos filmes da Disney que eu gosto (o meu preferido da Disney sempre será O Rei Leão). A tua montagem ficou nota 10, ver a Nina e o Charioce a voarem juntos, merecia uma montagem com uma música de fundo decente e tu fizeste isso muito bem.
        Só uma pequena pergunta indiscreta, tu gostas de todos os filmes da Disney? Não tens críticas construtivas, ao filme da Pocahontas ou mesmo ao filme sobre a Mulan?

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