Em seu segundo episódio Gakuen Basara se divide em duas esquetes, e vemos em ambas de forma bem sutil, o quão longe alguém pode ir por um objetivo e os meios que é capaz de utilizar em prol desse desejo… e como isso também pode dar errado.

Logo de começo, Oda decide instaurar uma varredura nos clubes afim de “desmembrar os que não renderem”. Essa primeira mudança boba na história foi boa, já que mostrou uma faceta diferente do diretor que no primeiro episódio parecia mais condescendente, menos ativo, e que até então apenas ocupava o espaço de líder supremo. O ponto dele pra justificar a sua ação é simples: a injustiça de se defender os que são fracos, quando na verdade ele deve trabalhar em prol daqueles que trarão honra e glória a escola.

Oichi fiscaliza a situação com a cooperação de Sasuke (forçado pela demonstração de seus poderes negros), e ao mesmo tempo, um mistério se forma em torno dos clubes pois, de formas aleatórias cada um é afetado e lesado por um inimigo até então invisível e é em torno disso que a confusão se instaura, com a desconfiança entre todos levantada.

Achei uma boa sacada do roteiro, porque por mais simples que seja o desenrolar da ideia, o interessante na execução dos “acidentes” é que todos são coisas tão pequenas e pontuais, que na prática qualquer um chegaria chegaria a conclusão de que os ocorridos não passam de mera imprudência dos participantes de cada clube, o que traria o problema do diretor sobre eles, e ao mesmo tempo faria com que eles entrassem em conflito entre si buscando um possível culpado. Investigando a fundo a má sorte de cada clube, Sasuke acaba sendo pego em uma emboscada tendo seu caderno de investigação tomado, sendo esse o momento em que o responsável por todo o caos se revela a todos, Akechi-sensei.

O enfermeiro almejava destruir os clubes para que assim o ócio escolar promovesse lutas entre os alunos e uma era de sangue se instalasse, com ele recebendo lesionados em massa para cuidar do jeito que só ele sabe. É interessante ver como alguém com um desejo tão raso, gera um plano simples, porém ardiloso e suficientemente funcional que no final só não obteve êxito, porque o mesmo acabou se denunciando em sua própria insanidade… só que Oda ainda tá de olho nos inúteis.

A segunda esquete é um pouco mais dinâmica e foca em promover uma orientação na escola com a participação dos clubes. Para quem não conhece ou nunca fez antes, uma orientação se baseia em encontrar pontos definidos em um mapa de determinado local, que seguem uma ordem e indicam o caminho até o destino final, sendo aquele que chegar ao fim primeiro, o vencedor.

Os alunos demonstram pela atividade interesse zero, até o momento de saberem que o evento é patrocinado pelo diretor Oda com o objetivo de conceder ao vencedor qualquer desejo, e com isso, todos mentalizam seus desejos egoístas e despertam sua vontade interior, em busca de ganhar o poder para realizá-los. Destaco nessa parte o desejo do Kingo e a tolice da Kasuga, ela já tinha mostrado que era imprevisível, oscilando entre ser racional e ser a apaixonada incurável, mas aqui ela atingiu o seu ápice, a ninja almejava monopolizar o instrutor Kenshin só pra ela, mas até onde vimos ela é solitária no clube e recebe atenção total, quem entende?

E na caçada ao tesouro, quando tudo parece encaminhar pra nada, cabe a Yumekichi, nosso querido macaquinho de estimação (que embora quieto é visivelmente mais inteligente que todos juntos) analisar o mapa e traçar o caminho rumo a vitória. Chegando ao ponto, eles descobrem que foram apenas ferramentas usadas por Oda, que mais uma vez mostra que não veio a passeio e nem pra aliviar a barra de seus escravos alunos, os mandando nessa odisseia pra que encontrassem o tesouro da família Tokugawa, que no final rendeu outro bom momento: o famoso “tesouro” não passava de um pergaminho sem valor onde estava escrito “laços” o que gerou a revolta de todos, exceto a do “dono” que parecia ter pego um pote de ouro no fim do arco íris.

O episódio foge de ter uma linearidade no enredo, continuando do gancho das eleições e o movimento gerado na estreia, mas ainda entretém e explora de forma bem leve e de certo modo até infantil, a característica humana do ganho pessoal. Primeiramente, ponto pra o diretor Oda, que não só cria dois esquemas pra sacanear o pessoal como também usa isso pra interligar as duas histórias com ambas girando em torno de seus planos. Outro ponto a destacar foi a orientação em si, onde ao longo do caminho a ganância e o desespero dos competidores ficaram em evidência, porque acabou fazendo com que eles próprios se atropelassem e atrapalhassem um ao outro, o que gera cenas engraçadas, principalmente nos encontros entre os shoguns rivais e os momentos Indiana Jones dentro da tumba dos Tokugawa, com o grau nonsense que a série tem.

Se eu tivesse que passar sufoco por causa desse pedaço de papel, também ficaria indignado

 

Curiosidade: Em Gakuen Basara, o tesouro da família de Ieyasu é tratado de um modo mais simplório e cômico, mas segundo registros, além de objetos como armas, ferramentas e outros, a família também deixou manuscritos artísticos e outros estudos da época concedidos por estudiosos das mais variadas áreas, sendo alguns dos mais famosos os relacionados à medicina como o Ishinpo (Enciclopédia Japonesa de Medicina Chinesa), que embora antigo foi enviado para publicação nacional na era Edo com os Tokugawa, e é usado amplamente até hoje.

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