Fumikiri Jikan é um slice of life curto, de três minutos e trinta segundos, movido por conversas sobre amor, arte, desejo e expectativas, que ocorrem em uma estação de trem, enquanto a cancela não permite a passagem dos transeuntes. No primeiro episódio, as amigas Ai-senpai e Tomo, estudantes do ensino médio, estão em cena. Em foco, amor e juventude.

Ai e Tomo esperam na estação a passagem do trem. Ai-senpai começa uma conversa sobre juventude e questiona Tomo se elas não estão desperdiçando a delas, sempre esperando que algo entre em movimento em vez de agir. Ai propõe que elas gritem o nome das pessoas pelas quais estão apaixonadas, aproveitando que o barulho do trem tornará inaudível a declaração. Como as jovens estão lado a lado, Ai ouve que é para ela que o afeto e desejos de Tomo estão direcionados. Esse é o resumo do primeiro episódio de Fumikari Jikan, adaptação da obra homônima da mangaká Yoshimi Sato, iniciada em 2106, e que conta até o momento com dois volumes. A direção é de Yoshio Suzuki e o roteiro e supervisão de Misuzu Chiba.

Ai-senpai e o clamor da juventude.

O episódio A Juventude Delas apresenta um diálogo bem-humorado, que é uma confissão de amor e um posicionamento sobre questões de gênero em um universo no qual o amor entre mulheres serve à comicidade e, salvo exceções, é tratado como algo não concretizável. O trecho em que Ai fala que é impossível duas mulheres se apaixonarem, no que a afirmação é rapidamente contestada por Tomo, revela como potenciais romances  femininos em anime não são desenvolvidos (ou não se forma um casal) por conta de uma visão conservadora que mantém engessada o debate (seu suscitamento) a respeito de diversidade de gênero e sexual. Porém, Ai percebe que a indelicadeza do seu comentário. E Tomo, firme em sua posição, diz defender e prezar a liberdade de escolha. Muito se discute sobre yuri bait (isca yuri) nas produções audiovisuais. Fumikiri Jikan não pertence ao gênero yuri, mas fica a surpresa de um ótimo primeiro episódio que traz falas francas sobre um sentimento amoroso.

Humor. Trem. Confissão amorosa.

Algo que chama a atenção no primeiro episódio é a proposta de Ai, que se trata de  uma provocação, já que desejava descobrir por quem Tomo é apaixonada (Ai não pronuncia nome algum quando o trem passa). Ouvir o seu nome gritado pela amiga a desconcerta. Tomo permanece segura sobre sua confissão, desse modo, sobre sua orientação sexual. Afinal, lidar com o inesperado faz parte da juventude? Como a série tem vários personagens, mais alunas do ensino médio aguardarão a passagem do trem na travessia ferroviária, dificilmente haverá um desenvolvimento satisfatório das personagens, mas, talvez, seus destinos possam ser conhecidos.

A animação é simples, com um bom design de personagem. A trilha sonora, em seus poucos  minutos, destaca-se pela adequação a cena: bonita e funcional.

Pelo humor e por possíveis surpresas que as situações (e os diálogos) podem trazer, Fumikiri Jikan pode ser um dos destaques entre os animes curtos da temporada de primavera.

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