Bom dia!

Bem-vindo ao Café com Anime, um bate-papo que eu e Vinicius (Finisgeekis), Gato de Ulthar (Dissidência Pop) e Diego (É Só Um Desenho) temos todas as semanas sobre alguns animes da temporada. Cada um publica em seu blog as transcrições das conversas sobre um anime diferente.

No Dissidência Pop vamos acompanhar Hanebado!. No É Só Um Desenho vamos acompanhar Shoujo Kageki Revue Starlight. No Finisgeekis vamos acompanhar Happy Sugar Life. E aqui no Anime21 vamos conversar sobre Banana Fish.

Nessa edição do Café com Anime, leia a nossa conversa sobre os episódio 10.

Fábio "Mexicano":
A coisa pegou fogo, LITERALMENTE. Nada muito fora do que esperávamos, mas talvez muita coisa tenha acontecido muito rápido? Não no mal sentido, claro. Gosto desses episódios rápidos e cheios de ação. Digam lá o que pensam sobre o episódio 10 de Banana Fish ☺️
Gato de Ulthar:
Foi exatamente o que eu queria, um episódio cheio de ação e com tudo acontecendo ao mesmo tempo, no melhor estilo de Duro de Matar e similares. Foi mais ou menos o que imaginávamos né? O chinês andrógino que sempre esqueço o nome agiu por contra própria e ajudou o Ash, mas não se tornou um aliado, já que possui seus próprios interesses. As gangues, tanto do Ash como do Shorter, invadiram a mansão do Golzine. A gangue chinesa soube que o Ash matou o Shorter e se criou um mal entendido, que ninguém tentou arrumar, nem mesmo o Ash.

O Ash fugiu de uma maneira super estilosa com o seu esportivo vermelho, super “cool”. Para quem queria um “boys love” básico, esse episódio foi um prato cheio com as declarações “intensas” do Ash para o Eiji, e do Eiji para o Ash.

Diego:
Foi um episódio interessante, mas por ter sido sobretudo ação eu não sei se terei lá muito o que comentar. Me incomoda um pouquinho que no final das contas os protagonistas se safaram por causa do velho clichê “não vou te matar agora”, que aliás já era velho até nos anos 1980. Mas ta né, a obra tinha se colocado contra a parede ali, era isso ou acabar a história com todo mundo morrendo 😃
Fábio "Mexicano":
Hoje ou nos anos 1980, esse clichê serve para revelar excesso de confiança dos vilões.
Diego:
Sei disso. Todo mundo sabe disso. Sabemos disso há décadas. Por isso é um clichê 😛
Fábio "Mexicano":
😃
Vinícius Marino:
Que episódio eletrizante! Sim, é um espetáculo de ação, mas com um núcleo humano que poucos filmes do gênero podem ostentar. Se pararmos para pensar, quase tudo o que tivemos foi um cliché. O moleque criminoso que maneja fuzis militares como se fosse o Rambo. O Eiji, que levou trocentas facadas, mas não corre nem risco de sangrar até a morte. O confronto absolutamente desnecessário entre o Ash e o Sing diante do cadáver do Shorter. Não bastava explicar, Ash? Você não tem inimigos suficientes?

Mas mesmo assim foi incrível. Tudo graças a essas personagens fortíssimas, que parecem se reinventar a cada episódio. Fábio, você se redimiu de vez de Kujira (Não que Hisomaso não tenha feito o trabalho)

Fábio "Mexicano":
Ah sim, no tema “personagens fortes”, com esse mais ou menos final de uma etapa do anime, comecei a pensar nisso. O Eiji é mais interessante do que eu lhe dava crédito, só não parece porque ele está totalmente fora de sua zona de conforto mesmo e não pode fazer nada. O Ash, claro, é um personagem incrível, e o Max não fica muito para trás. Mas os vilões não me convencem muito. O Dino, em particular, é só um narcisista. E tudo bem, isso explica as ações dele, mesmo as que não são muito inteligentes e colocam em cheque a sua reputação de chefão do mal que tem até o governo no bolso. Mas e o Arthur? É só um … o quê? Quer se vingar só porque o Ash arrancou seus dedos (que estão devidamente de volta no lugar, aliás)? Ele quer se vingar tanto, e de forma tão cruel, por causa disso? Bom, se alguém me arrancasse os dedos suponho que eu ficaria puto, mas no mundo em que eles vivem eu acredito que isso não seja exatamente inesperado. Considerando o quão babaca o Arthur é, tendo a acreditar que o Ash cortou foi pouco dedo dele. Devia ter cortado todos, das mãos e dos pés, e deixado-os inutilizáveis, impossíveis de reimplantar. Os chineses (com honrosa exceção do Jovem Lee, um personagem muito interessante) são apenas maus que nem o Pica-Pau.

Eu sei que esse tipo de maldade existe e talvez seja até o mais comum no mundo mesmo. Mas quando todos os vilões do anime são assim (sem esquecer do Abraham “Cientista Louco” Dawson), e em comparação com os heróis eles parecem tão menos interessantes, isso não incomoda? O que estão achando dos vilões de Banana Fish?

Vinícius Marino:
O “Cientista Louco” é um caso perdido. Mas eu ainda aposto que veremos mais do Papa Dino e do Arthur. Ok, talvez mais do primeiro que do segundo. Dino é um tipo de vilão que circula bem tanto no mundo do crime quanto na alta sociedade e círculos intelectuais. Isto dá à autora um potencial enorme para recheá-lo de todo tipo de motivações e bagagem pessoal. Uma boa referência é o Rei do Crime da Marvel, um dos vilões mais carismáticos (e pés-no-chão) da casa.

Já o Arthur corre o risco de ser apenas um capanga de rua. O que seria um tanto decepcionante, considerando o tempo de tela de que ele desfruta.

Gato de Ulthar:
Devo confessar que também não vi um inimigo que desafiasse o Ash, não como um chefe de gangue, mas como personagem, carismático e bom de luta. Mas ainda há muitos episódios para que um rival a altura do Ash dê as caras.

Falando do Papa Dino, eu acho ele um vilão interessante, personifica bem um líder mafioso de grande poder, tanto nos círculos declaradamente criminosos como no político. Além disso, ser narcisista e se achar o último biscoito do pacote é natural para pessoas que estão na posição dele.

Fábio "Mexicano":
Mas ele sempre foi assim? Você imagina um Dino de 17 anos, como o Ash tem agora, sendo esse narcisista extremo e de alguma forma conseguindo chegar onde chegou? Claro, ele pode ter herdado a máfia, mas mesmo para isso é preciso um pouco mais do que dar murro na mesa, senão ele corre o risco de sofrer uma rebelião enquanto consolida seu poder.
Gato de Ulthar:
Creio que ele teve que suar a camisa para chegar onde chegou, sua personalidade foi se moldando ao longo dos anos. Ninguém nasce Papa Dino, se torna Papa Dino 😛
Fábio "Mexicano":
É nisso que estou (medianamente, confesso) interessado. A gente sabe a história inteira do Ash. A gente sabe partes fundamentais da história do Eiji e do Max. E do Jovem Lee também! E eles se comportam de forma complexa, de acordo com suas histórias.
Vinícius Marino:
Eu imagino ele como um “capo” bem apessoado, que cuidava das partes menos “sujas” do crime. Eventualmente, filho ele próprio de algum clã nobre dentro da máfia, o que acelerou seu crescimento. Acho difícil um ex-escravo sexual como o Ash, ou mesmo um capanga como Arthur, chegarem até o topo vindo tão de baixo. Não que o crime não seja meritocrático, mas criar um império em uma única geração dá muito trabalho. E é difícil fazer isso enquanto se está cometendo crimes menores e cuidando da própria sobrevivência.
Diego:
Os vilões são mesmo a parte mais fraca do anime, e pra ser bem franco eu não imagino vermos muito mais deles. A abertura tenta colocar o Arthur como o rival do Ash, e o anime enfatiza tanto o quanto eles são diferentes que parece mesmo querer ir por esse lado. Então imagino que eventualmente aprenderemos mais da relação entre os dois. Já o Papa Dino, eu duvido muito que saibamos mais do seu passado, e para ser bem franco eu não sei se eu quero saber mais. O mistério pode ser interessante em si mesmo, às vezes mais interessante do que a resposta real.
Fábio "Mexicano":
E o Jovem Lee (gosto de chamar ele assim), acham que tem potencial? Eu acho que ele talvez esteja interessado no Ash. Homoafetivamente falando.
Gato de Ulthar:
Dizer que há tensões homoafetivas provindas de diversas fontes em Banana Fish é chover no molhado! 😛 E sim, há uma certa rebeldia prazerosa nos atos do jovem Lee.
Diego:
Não acho que ele tenha esse tipo de interesse no Ash. Pareceu mais uma curiosidade de ver até onde ele consegue chegar, ou talvez um interesse em que o Ash consiga de fato derrubar o Dino.
Vinícius Marino:
Se ele fosse um garoto mais masculino, como o Shorter ou o Sing, eu apostaria nisso. Mas, como ele se esforça para invocar os trejeitos de femme fatale (chegando até a se disfarçar de mulher em um episódio!) eu não sei. Pode ser tudo parte de seu “charme” especial. Nós o vemos no opening fazendo isso justamente com o Shorter. Fosse com o Ash, eu até pensaria como o Fábio.
Fábio "Mexicano":
Eu enxergo ele diferente de um Papa Dino, por exemplo, ou o Marvin, ou qualquer outra figura exemplo de masculinidade tóxica que já apareceu nesse anime e que quer apenas dominar o Ash. Para mim o Jovem Lee está algo apaixonado mesmo. Papa Dino não sente nada a respeito do Eiji, quer feri-lo para ferir o Ash, mas de resto é só um jovem como qualquer outro que ele abusa. Para o Jovem Lee o Eiji é um adversário. Reassistindo, fiquei sob a impressão que ele teve ciúmes dele na mansão em Los Angeles. O Eiji pode não parecer mulher, como o Jovem Lee, mas eles são “parecidos”, como disseram dele logo que o conheceram (acho que foi o Shorter quem disse, o que evita o clichê “são parecidos porque são orientais”, já que o Shorter também era oriental). Em um mundo excessivamente masculino, as características do Eiji parecem ser melhor descritas como “femininas” – e ninguém vai discordar de que ele tenha interesse romântico pelo Ash, não é?

Mas bem, não adianta eu insistir nisso, suponho, se eu estiver certo episódios futuros vão mostrar e aí voltamos ao assunto ☺

Eu acho que Max e Ibe talvez se separem dos garotos agora. Duvido que eles saibam onde é o esconderijo da gangue do Ash e duvido que o Ash (ou mesmo o Eiji) faça questão de ir buscá-los de volta para o olho do furacão. Agora é a chance deles se separarem e fazerem coisas mais úteis por conta própria – possivelmente irão de encontro ao editor de jornal que o Max mencionou em Los Angeles, e talvez voltem a se encontrar com a polícia (a boa ou a má banda dela?). Alguém pensa diferente? Ash deve se reencontrar com sua gangue, mas será que continuará na rota da vingança? E qual será o plano do Jovem Lee, que talvez esteja tentando jogar um de seus irmãos contra o outro, usando o que descobriu sobre o banana fish para isso?

Vinícius Marino:
Eu adoraria ver um subplot com a busca do Max e do Ibe pela verdade, em paralelo com a aventura principal do Ash. Como jornalistas (e, no caso do Max, um veterano militar) eles seriam os interlocutores ideais para os aspectos mais políticos do enredo que ficaram no escanteio até agora. Não que isso tudo não me agrade, mas já se passou quase um cour inteiro. Está na hora de Banana Fish (a droga) e o deep state que a desenvolveu tomar os holofotes de vez.
Diego:
Sobre o Max e o Ibe, acho bastante possível que eles continuem por perto. A polícia parece uma boa, mas não duvido que os dois acabem indo se juntar ao Ash no resgate ao Eiji. Acho complicado para ambos fazer algo fora disso porque bem ou mal estão indo contra uma conspiração do próprio governo. Eles podem falar o quanto quiserem sobre essa droga, nem por isso as pessoas vão acreditar – e o governo certamente negaria qualquer acusação.
Vinícius Marino:
Ah, eu não tenho dúvidas de que a “resolução” desse conflito não se dará por vias oficiais. Mas isso não impede que eles façam uma investigação mesmo assim 😀 Na pior das hipóteses, podem confrontar aquele general e aquele senador pessoalmente em algum momento da história. Eu até imagino os dois protelando a execução dos heróis para dar aquele infodump clássico de vilão de filme de ação.
Gato de Ulthar:
Também penso ser razoável que tanto o Max como Ibe partam em busca de revelar o esquema do Banana Fish por meios legais, principalmente com a exposição na mídia. E como o Vinicius mesmo disse, seria um subplot interessante. Eu por exemplo adoro filmes onde repórteres são encarregados de desmascarar tramas governamentais, como no clássico filme Todos os Homens do Presidente, com Justin Hoffman e Robert Redford, onde dois repórteres desmascaram um rede de espionagem e lavagem de dinheiro no famoso escândalo Watergate, que acarretou a renúncia do presidente Richard Nixon.
Fábio "Mexicano":
Beleza, vocês tiveram ideias até melhores do que a minha sobre os dois adultos dos mocinhos 😃

Agora, sobre o Ash, e para encerrar: o que acham que ele vai fazer? Continuar a vingança normalmente?

Gato de Ulthar:
Creio que sim, agora ele possui ainda mais motivos para se vingar (Shorter e seu irmão principalmente). E como vimos no final do episódio, o que não faltava era sangue nos seus olhos! Só que agora creio que sua vingança se tornará mais bem arquitetada. Se o Max e o Ibe fustigarem o Papa Dino pelas vias legais enquanto o Ash fortalece sua gangue e seu domínio do submundo de Nova York, é possível que o velho mafioso tenha bastante trabalho.
Diego:
Nesse ponto do anime eu diria que o Ash nem sequer tem outra escolha que não continuar com sua vingança. Já está bem claro que ele – e todo mundo que ele conhece – não vai ter sossego enquanto o Papa Dino respirar 😛
Vinícius Marino:
Agora é guerra aberta. E guerra ofensiva. Espero ver muito mais do Ash de fuzil em punho chutando portas de bicuda. E só para emendar um desejo particular, adoraria que ele o Sing fizessem as pazes e unissem forças. Os dois têm mais em comum do que imaginam e não tem por quê insistir nessa rixa besta. Está mais do que óbvio que o Ash não tem culpa pelo que aconteceu com o Shorter.
Fábio "Mexicano":
Que o conflito irá continuar eu não tenho dúvida. Senão, para que existiria o anime? 😃 Mas acho que se até agora (bom, até um pouco antes de agora) o Ash sempre escolheu lutar, agora ele não tem mais escolha. Muito que podia dar errado já deu, e muitas outras coisas ainda podem dar errado, e ele sequer tem a escolha de tentar evitar a briga para tentar evitar problemas. Eu realmente gostaria de ver um momento de reflexão dele a esse respeito. Veremos.

Até o próximo episódio!

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