Kawaii Hito é uma obra publicada desde 2014 na revista Ane LaLa (mesma revista de um ótimo mangá chamado Kanojo ni Naru Hi) e escrita por Saitou Ken. É um shoujo que contém outros gêneros como comédia, drama e slice of life (vulgo vida cotidiana). A obra tem uma temática interessante e não tão clichê assim, afinal, quantas obras você viu em que temos um cara que é “salvo” por uma garota? Sempre temos o oposto com aquela coisa chata de príncipe encantado que vai gostar da protagonista porque sim. Claro que há exceções em que a história acaba sendo boa e nesse caso, sendo o inverso e tendo uma espécie de justificativa decente, tornando a obra uma boa pedida.

A história segue Moriya Hanazono, um florista muito gentil que possui um pequeno grande problema: ele tem um rosto e um olhar assustador. Sim, é um detalhe “engraçado”, pois sua personalidade e sua face são completos opostos e isso acaba trazendo problemas para ele ao atender clientes ou até mesmo entrar em contato com as pessoas no dia a dia. A floricultura onde ele trabalha pertence a sua mãe, e ao menos nesse ponto ele não tem grandes problemas e nem escapatória, afinal, sua mãe está acostumada com sua aparência e querendo ou não eventualmente precisa que ele atenda os clientes ou até mesmo negocie com os fornecedores (como já mencionei anteriormente).

E como é de se imaginar, ele não possui uma namorada ou sequer teve alguma relação amorosa durante seus quase 30 anos (ele tem 27 para ser mais específico). Isso felizmente muda quando ele conhece Suzuki Hiyori, uma universitária que se confessa para ele repentinamente. Obviamente ele fica confuso com isso, pois existem alguns motivos para ele nunca ter conseguido ter esse tipo de experiência, mas no fim, apenas Hiyori percebeu o verdadeiro rosto de Hanazono.

Essa obra, ao menos para mim, passa uma mensagem que apesar de termos ciência nós não aplicamos em nosso dia a dia. Enxergar as pessoas pelo que elas são e não julgar pelas características físicas ou pelos gostos, pois ao fazer isso estamos nos limitando e nos impedindo de conhecer uma boa pessoa que traga uma amizade importante e saudável. Particularmente, eu tive uma experiência parecida recentemente e queimei minha língua de uma maneira que não imaginava.

Um amigo de uma das minhas irmãs mais novas é bem próximo dela e ao ver o modo dele se vestir e seus gostos eu criei dentro de mim um preconceito de como ele era (isso por conta de outras pessoas que conheci que possuíam os mesmos gostos, algo que não justifica inclusive). O problema é que em dois dias, tendo um contato um pouco mais próximo, vi que ele era uma pessoa extremamente gentil e que se importava com as outras pessoas. Em determinado momento quando uma garota sucumbiu à pressão que tinha no momento e começou a chorar, ele saiu correndo e foi o primeiro a abraçá-la e trazer consolo, mesmo não conhecendo ela direito ou algo do tipo. Com isso e outros detalhes, vi que, após conhecê-lo, havia cometido um erro tão grande e simples de se evitar que fiquei envergonhado de mim mesmo.

E mensagens a parte, a obra trabalha bem com essas questões e em certos momentos até mesmo consegue tirar-lhe boas risadas. O traço é bem característico de obras desse tipo e o romance entre os protagonistas não tem enrolação alguma, algo que ao menos para mim costuma ser algo bem positivo. Enfim, eu gosto muito dessa obra e recomendo muito a leitura dela.

Comentários