Bom, era de se esperar que em algum momento um dos mundos fosse local de praia, né? Anime não é anime se não tiver um episódio que abra oportunidade para o fanservice básico de cada série. Contudo, porém, entretanto, todavia, Grimms nos entrega algo inusitado para o propósito original desse tipo de cartada. Se valeu a pena? Só vendo pra descobrir.

Depois de passar um verdadeiro sufoco na história da Cinderella, nossos heróis mereciam um descanso – mentira, eles não podem parar até que tudo esteja em ordem, então o correto é dizer que teriam uma missão mais calma. Eles então são transportados para uma ilha onde aparentemente nada parece errado, e é aqui que a direção nos traz a primeira surpresa: não teve fanservice das protagonistas minha gente!

Tá, teve sim, mas foi de leve e quem protagonizou a primeira foram os meninos – foi bem rápido, eles se contiveram para a parte da luta que vem depois -, quando Shane ia forçar Reina a fazer parte do momento, o motivo pelo qual eles estavam ali se apresenta e interrompe a graça e paz da família Tao.

A história da vez se baseia numa série de livros que conta sobre Jim Hawkins, um garoto comum, e John Silver, um tripulante pirata, numa história em que estavam indo para uma ilha do tesouro que guardava os espólios de uma importante figura pirata chamada Flint.

 

 

O anime não explorou com riqueza de detalhes as nuances da história, até porque imagino que não seria possível já que os livros contam com várias fases dessa aventura, além de outros personagens que também têm lá sua relevância no todo.

Existem muitas conspirações, traições e twists no original, então seria complicado adaptar isso com certeza, ficando o anime com o eixo principal dos dois protagonistas maiores, Jim e Silver. Pra quem se interessar, essa história também tem uma adaptação para anime chamada Takarajima, produzida pela Madhouse em 1978 e com 26 episódios – abordando mais na íntegra o conteúdo dos livros.

Minha impressão geral foi que estava vendo algo bem similar ao filme Piratas do Caribe numa essência menor, claro, e acredito que talvez esse tenha sido influenciado pelos livros, quem sabe. O fato é que John já tinha sua história alterada no começo, e a sua presença na ilha sem a tripulação e Jim eram uma mostra disso – ainda temos o extra de que o time de Ex foi guiado exatamente para aquele trecho específico da ilha, o que apontava a presença do Chaos Teller ali.

 

 

Uma das coisas que me chamou atenção nesse episódio é a posição de Tao quanto ao grupo. Reina originalmente é a líder e membro fundador do grupo, levando em consideração a sua posição como Princesa de algum lugar e Sacerdotisa da afinação. Nisso, para continuar sua luta em devolver o rumo das histórias, ela precisaria de aliados e isso culminou no grupo que temos agora – assim penso eu.

Só que em termos práticos, quem assume o comando do grupo é Tao, mesmo que ele demonstre alguma consideração e respeito ao que ela representa. Vemos que na maior parte do tempo é ele quem toma as decisões imediatas e os demais as acatam, incluindo a própria Reina.

Ainda espero uma explicação de como Tao e Shane entraram nessa, até para entender melhor os seus papéis no grupo, assim como já sabemos sobre Ex – mas pelo andar da carruagem e do tempo acho que não saberemos.

Esse episódio também tentou fazer uma certa comédia se valendo do jeito desastrado e inocente de Reina. Antes nos deram algumas “palinhas” da capacidade da moça, mas aqui durante a caminhada ela conseguiu a proeza de ativar todas as armadilhas do caminho apenas por curiosidade – fico pensando que quando ela saiu pra sua jornada, era criada numa redoma e de repente se viu obrigada a conhecer o mundo, então dou uma colher de chá para a burrice dela.

Depois de vários riscos involuntários, Jim acaba sendo descoberto na ilha por Shane como o autor dos acidentes, e conta a sua versão da história ao grupo. Por sinal, Shane mostrou capacidades atléticas e perceptivas bem acima da média, o que me leva a questionar de que mundo ela veio – parece que ela já trilhou por desertos piores que aquelas montanhas e tem sentidos bem aguçados; fiquei curioso pela origem dela.

Enfim, levando em conta a história não fica muito difícil de adivinhar quem é o Chaos Teller, e como era de se esperar a turma é traída por Silver – ele é um pirata, então nada mais normal que ele fazer isso em benefício próprio – e acabam sendo salvos pela astúcia de Shane mais uma vez, em uma das cenas engraçadas do dia.

Apesar do protagonista fazer seu papel quase sempre, dessa vez entregaram a faca e o queijo para Tao, que se indignou com a mentira do pirata, já que ele era o mais empolgado com a ideia da aventura e do sonho a ser realizado. Nessa parte tivemos outra boa surpresa que eu não esperava que fossem usar aqui: a série decidiu utilizar skins nos avatares de batalha – eu achei isso o máximo e teve o outro fanservice leve a que me referi no começo com os trajes.

O anime trata de uma adaptação de jogo RPG, beleza, mas apelar pra skins de praia e novas skills de ataque foi uma tática que outros até então não tinham utilizado, pelo menos na minha memória, o que deu uma característica legal em termos de atrativo para o anime e para o jogo – ao menos se a ideia foi chamar atenção para os extras que se pode oferecer eles foram felizes na execução.

A resolução da batalha entre eles também desperta uma outra curiosidade que tange ao entendimento dos heróis sobre o seu papel e sua noção de ética. Por exemplo, Silver neste caso era o antagonista no momento – ignorando aqui seu papel como Chaos Teller -, então proteger ele e permitir que ele fugisse seria o correto no papel, mas em termos de valores pessoais, ele não deveria ser entregue aos demais?

Como eles lidam com essa dicotomia? Podem existir outros antagonistas na história que devem aparecer e que precisam seguir o curso normal de seu destino, mesmo que façam atrocidades por aí antes de chegarem a conclusão. De mesmo modo existirão protagonistas trágicos, então eles só ignoram isso e deixam o rumo seguir? Não sei.

Essas dualidades são coisas que permeiam enredos como o de Touken Ranbu que é bem similar nesse quesito interferência temporal, mas que explora um dose mínima dessa parte psicológica dos protagonistas – acho que aqui valeria um pouco esse estudo e trabalho.

Resumindo, gostei bastante das mecânicas novas de batalha e acharia incrível se eles tirassem mais da manga. Mesmo o anime tendo estado na linha do mediano até então, esses pequenos toques tornam a experiência geral bem mais agradável.

Para nos instigar e surpreender Loki não é o verdadeiro mal, a vilã mor deu as caras e não parece nada simpática. Quero confiar que ainda tem algo legal pra sair dessa história que tá meio sub-aproveitada ainda, então vamos para próxima zona e até o próximo artigo!

 

 

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