Bom dia!

No artigo sobre o par de episódios anterior, expressei minha dúvida sobre como levar em consideração os tempos do primeiro dia no segundo: cada corredor largaria separado, em intervalos iguais às diferenças de tempo no primeiro dia, ou largariam todos juntos e calculariam a posição real somando os tempos dos dois dias?

No final é as duas coisas. Do primeiro jeito a corrida é mais simples para os atletas e isso pode estimulá-los a competir diretamente, o que torna mais divertido para quem assiste. Do segundo jeito é mais simples para a organização e não deixa muito para trás quem tenha ficado muito para trás no primeiro dia.

As escolas que ficaram até 10 minutos atrás do líder largam em intervalos, e as demais largam todas juntas na marca de dez minutos e somam a diferença ao tempo final para calcular a posição real. Assim ninguém fica muito para trás e cria alguma competição nas últimas posições desde o início.

Outra coisa relevante no começo do episódio é a visita do médico que o Haiji recebeu. Sei não, o joelho dele está acumulando death flags, e nunca pensei que joelhos pudessem fazer isso.

De todo modo, esse episódio foi o momento do Nico e do Yuki brilharem pela primeira vez em um evento esportivo real (excluindo eliminatórias e provas de recorde), e também a última antes de queimarem toda a sua chama.

 

Yuki acorda cedo

 

O Yuki passou a noite nervoso e acordou muito cedo. Não só tem a corrida dele para correr, como ainda se sente algo culpado pelo Shindo. Como se pudesse ter feito algo.

Lembra aquele Yuki que disse que não gostava de se aproximar demais de outras pessoas? Antes de sua corrida já estava assim preocupado com o Shindo, e tudo bem, ele havia dito que a equipe de atletismo era uma exceção à regra, mas até o final dela esse Yuki desapareceria por completo.

Nada mais adequado que Yuki, cujo nome é pronunciado da mesma forma que neve, corra na descida de uma montanha enquanto nevava. Metaforicamente estava em seu terreno natural, e, como Haiji havia dito, não havia ninguém melhor do que ele para aquele trecho.

É a primeira e a última vez que ele corre para valer, e ele quer mesmo correr com tudo o que tem. Enquanto acelerava não pôde evitar comparar-se ao Kakeru. O Haiji estava certo, ele foi um desgraçado manipulador no começo, mas ele sempre está certo: todo mundo nessa equipe olha para o Kakeru como exemplo e referência. Ele é o herói de todos eles.

 

Os pés do Yuki estão em carne viva e seus músculos estão tremendo com os espasmos

 

Yuki termina a corrida com os músculos tendo espasmos e os pés sangrando (bolhas que estouraram, algo que pode acontecer em corridas e com mais frequência em descidas e com os pés molhados), mas fez uma corrida brilhante. Para quem começou a treinar há menos de um ano, fazer o segundo tempo do trecho (e por apenas 2 segundos de diferença!) é uma tremenda vitória pessoal, e isso nem foi o troféu mais valioso que ganhou na corrida.

Sua família veio torcer. A família de quem ele se afastou quando sua mãe apareceu grávida em casa dizendo que se casaria de novo. Ele era jovem, dá para entender que não tenha conseguido aceitar isso. O que ele era para sua mãe, afinal? Por que ela precisava de outra família? Esse tipo de coisa deve ter passado por sua cabeça.

Yuki estava errado o tempo todo. Nunca foi outra família, sempre foi a sua própria família. Se Kakeru é um herói para ele, ele é um herói para sua irmã mais nova. Sua mãe está orgulhosa. Seu padrasto nunca teve rancor – aposto que gosta dele. Quem é que não gostaria de um moleque inteligente e que sabe se virar como o Yuki? Que se faz de distante mas no fundo não consegue deixar de se importar com as pessoas?

Agora Yuki sabe que esteve errado e, provavelmente, não vai mais evitar ou fingir evitar as pessoas. Com certeza o mundo ficará melhor com um advogado que não evita se conectar com as pessoas. E tudo isso porque um maluco com o joelho fraco forçou ele a correr uma maratona.

 

A mãe e toda a família do Yuki vieram torcer por ele

 

O próximo foi o Nico. Vou continuar chamando o Akihiro Hirata de Nico apesar dele ter feito por merecer para deixar esse apelido para trás. Nicotina. Vou continuar chamando ele de Nico por tradição e porque o próprio treinador o chamou assim nesse mesmo episódio – e porque talvez ele volte a fumar, e isso não importa.

Como ex-atleta que gostava de correr mas teve que parar ainda no ensino médio, Nico tinha muito em comum com Haiji e entendia os sentimentos dele. Ele pode não ter sido o primeiro, lá no começo do anime, a declarar abertamente que estava de acordo com a ideia de correr a Hakone Ekiden, mas foi o primeiro a começar a colocar ela em prática.

No dia seguinte ele estava correndo, ainda em segredo, escondido. Parou de fumar. Tudo isso enquanto o Haiji ainda estava correndo atrás de convencer os demais. Agora chegou o grande dia e ele está longe de ser um dos melhores atletas da equipe, porque ele nunca foi um grande corredor de longa distância de todo modo.

Não tem porte físico para isso. Depois de anos parado piorou ainda mais. Mas ele se esforçou. Ele não quer ganhar. Ele não quer agradar o Haiji. Ele parece ser um dos que menos se importa com o Kakeru. Mas ele se importa consigo mesmo.

 

É uma despedida feliz para Nico

 

Ele tinha prazer em correr quando seu técnico veio com a sugestão de que trocasse de modalidade, porque seu corpo não era bom para fazer isso em nível profissional. Eu entendo o que ele quis dizer, e pelo pouco que a cena mostrou, não pareceu ter sido cruel, o que é comum a outros técnicos que apareceram ao longo do anime.

Mesmo assim, ele era só um amador. Um adolescente. Mesmo se ele tivesse o corpo perfeito para isso, não havia garantia nenhuma de que seguiria no esporte. Ele só gostava muito de correr. E teve seus sonhos destruídos. Haiji devolveu seu sonho, e quando ele percebeu, durante a corrida, ele não só estava correndo do jeito que ele gostava, como estava correndo bem.

Nico também sabia que aquela seria sua última corrida. Ao contrário de Yuki, que não sente nenhum prazer particular em correr, Nico gosta de correr, mas os dois sabiam que não correriam mais depois da Hakone Ekiden.

E ele pôde correr com alegria, se despedindo de uma fase de sua vida com um sorriso no rosto, depois de anos de frustração acumulada.

 

Musa defende com dureza (mas sem perder a ternura jamais) a sua equipe

 

Enquanto esperavam Nico chegar, Rei e Musa tiveram mais uma discussão com o Sakaki, e de novo, como não poderia deixar de ser, por causa do ex-colega de equipe do Kakeru.

Até onde cabelos vermelhos podem guardar tanto rancor? Sua equipe colegial levava à sério o esporte, e essa era a desculpa de seu treinador para ser implacável e cruel. Um dia Kakeru não aguentou mais assistir um membro mais fraco da equipe ser humilhado pelo treinador e deu-lhe um socão na cara. Bem dado, mas mal pensado. Tirou a equipe das competições naquele ano, justamente o ano em que Sakaki finalmente poderia competir, o ano pelo qual ele esperou e para o qual tanto se esforçou.

Comparado a ele, que “é sério”, Kakeru e seus colegas parecem mesmo estar só “se divertindo”. Sim, eles se divertem. Veja o Nico, que se divertiu correndo literalmente. Mas não é só isso. Eles são sérios sobre correr mesmo quando correr em si não lhes traz prazer nenhum ou mesmo quando traz sofrimento, como é sempre o caso do Príncipe e como foi o caso do Shindo febril.

O prazer que eles todos derivam do esporte está em outro nível, um que foi capaz de fazer alguém fechado e cínico com a vida, como o Yuki, se abrir. Isso infelizmente talvez o Sakaki nunca experimente, porque não parece capaz de entender.

Tentou tirar o Rei do sério, e para evitar que o Rei saísse do sério, foi Musa quem saiu do sério. O respondeu com elegância, como sempre, afinal ele é o Musa, mas foi duro. Eles não estão ali para brincar. Shindo se arriscou seriamente no dia anterior e sem dúvida não se divertiu enquanto corria.

 

 

Noutro lugar, Kakeru e Fujioka conversam de forma amistosa, pois Fujioka é um verdadeiro cavalheiro, e os dois são bons esportistas. Mas foi a primeira vez desde a primeira aparição do Fujioka que ele foi tão assertivo, agressivo até, em termos.

Seus olhos brilham com as chamas de sua alma. Ele quer bater o recorde do trecho. E se ainda faltava algo para motivar o Kakeru, as chamas do Fujioka ignificaram a sua alma também, e ele cobriu a aposta: é ele quem irá bater o recorde. Se Fujioka bater também, vai durar só até o Kakeru cruzar a linha de revezamento.

Agora a faixa está com o Rei, e apesar dos esforços do Musa, ele parece ter se irritado bastante com o Sakaki e está prejudicando a própria corrida.

Vamos ver o que acontece no próximo episódio, até lá!

 

 

Rei começou com problemas

 

Comentários