Robi e Hachi – Ikku também – agora estão juntos numa jornada imprevista e sem planejamento, cuja única coisa certo é seu destino final: Isekandar. Ainda que esteja bem claro que o robozinho terá muita dor de cabeça com os dois, o episódio prova de algum jeito a possibilidade desse inusitado time sobreviver ao desconhecido.

O protagonista malandro deve, não nega e pretende pagar quando puder – as custas de um sonho milionário que ele nem sabe se vai rolar mesmo -, mas seus cobradores não parecem ter a intenção de esperar essa boa vontade acontecer, continuando a perseguição.

Nos primeiros minutos me preocupou o rumo que o episódio poderia tomar, muito pela piada que parecia estar fadada ao cansaço cedo. A dupla principal não tem coesão alguma e isso gera um impasse constante, onde um implica com o outro por bobagens – num certo grau isso funciona, contudo se o apego a isso fosse grande, as coisas podiam ir pelo ralo, o que felizmente não aconteceu.

Devo admitir que o canhão do Hizakuriger liberando uma luz cegante e não explosiva foi engraçado, assim como a astúcia de Yang também me surpreendeu, já que eu imaginava ele como o tipo de “vilão” alívio cômico burro – o que ele demonstrou não ser, embora claramente azarado.

O mafioso analisou as possibilidades e traçou a rota perfeita, mas aí a sorte preferiu ficar do lado de Robi e lhe deu a chance do escape. Marte foi a parada emergencial e lá, o protagonista decide mostrar que tem algum valor.

A exposição do planeta é algo interessante porque lida com a questão das máscaras, e no caso dele isso tinha uma dimensão que já estava completamente fora de controle. Os térraqueos tinham uma visão ilusória sobre o lugar e suas formas de vida por conta de sua especulação infundada, como resultado isso atraía a atenção alheia falsamente.

Então como resolver o problema? Revelar o que talvez não seja do interesse comum ou manter a farsa e o imaginário dos potenciais visitantes? O chefe da secretaria de turismo optou pela segunda opção e tudo em Marte é “polvo”.

Durante a cena em que vão ao bar, achei curioso que Robi realmente fez juz a sua tara, mostrando ser alguém mente aberta, não atentando para a fisiologia de suas paqueras, mas o ponto chave mesmo foi o posicionamento das pessoas em relação a vida falsa.

Quando Hachi é capturado pelos marcianos, seu carcereiro conta que o planeta não tinha muito atrativo e era bem difícil de se viver, porém o avanço da tecnologia e a chegada dos terráqueos os permitiram avançar, formando com o tempo um lugar mais agradável.

A fala do prisioneiro é boba, mas se analisada mais profundamente nos leva a seguinte reflexão: a cidade é para ser ser feita em função dos moradores e suas características ou é pensada majoritariamente para os turistas?

Esse é um questionamento que inclusive permeia a nossa realidade, onde muitas de nossas cidades são planejadas levando em conta a atração turística como prioridade e não uma estrutura que atenda de fato as necessidades locais – olha aí os animes contextualizando minha gente.

Nessa problematização, enquanto um serve de isca para atrair gente nova, o outro continua curtindo a noite. Devido ao cansaço, a marciana que estava com Robi vai se revelando e explana seu desejo e o da população de serem livres do estigma que lhe foi imposto por seu pai e chefe, abrindo espaço para fazerem o que desejarem no planeta.

Com o encontro de todas as figuras interessadas, ficam claros alguns itens. Hachi é inteligente, contudo inocente demais para o seu próprio bem, já Robi é um idiota sábio e que tem lampejos de boas ideias.

Suas habilidades de persuasão mesmo com um discurso clichê e um rostinho sorridente são funcionais e puseram no caminho certo alguém que desejava fazer o bem, porém sem usar as armas corretas – ainda que ele tenha dito tudo isso mais para se safar da confusão, do que por gentileza ou ética apenas.

O planeta era lindo, tinha suas peculiaridades e atrativos, mas era necessário que o chefe visse esse local com os olhos da valorização a sua própria cultura e seu povo e não absorvendo o que não lhe pertencia, forçando uma expectativa que pesava sob os ombros da população e que jamais superaria a beleza da realidade presente ali.

Marte agora é marciana e Robi e Hachi seguem viagem, com o malandro se adaptando ao outro e ao fato de que agora está ligado a ele, o que ele gosta e não admite – a parte em que procurou Hachi antes no bar, bem comprova essa teoria, assim como o que Ikku fala no final.

Eu venho gostando do que estou vendo no anime, porque ele sabe usar bem seus personagens e o humor consegue ser estável entre as paródias e as situações bobas que ocorrem – aparecendo também algumas pequenas lições escondidas aqui e ali no meio desse cenário caótico. Fico torcendo pela sua evolução a cada episódio, porque potencial ele certamente tem.

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