Shuin finalmente faz uma aparição decente e com ela temos um pano de fundo que trabalha melhor quem é esse personagem, como era sua convivência com Inyou e o que ele fez pelo garoto para desenvolver seus instintos e personalidade – ainda que nesse primeiro momento as lições aprendidas não fossem resultado de uma ação direta sua.

O episódio começa com o desejo de Zero por criar um bichinho de estimação, idéia que seu chefe logo descarta por “não gostar” de animais. Desse ponto começamos com o flashback que nos esclarece a aversão e parcialmente a existência de Shuin nessa história, enquanto desbravador de Magmel na companhia do protagonista.

Durante a conversa inicial entre Inyou e seu parceiro, o primeiro aponta ser sozinho no mundo e o segundo perdeu sua família para os perigos do continente – segundo ele por sua própria tolice. Julgando pela possibilidade de ambos terem crescido por ali, imagino que o protagonista também tenha tido sua família dizimada por alguma criatura, o que casa com os flashbacks de sua memória e cria uma identificação por parte de seu mestre com a situação dele, o que explicaria ele tê-lo apanhado como aluno e nova família, para além do ato de bondade.

Um ponto que acho bem curioso e que fica bem marcado no episódio, é que mesmo sabendo como funcionam as coisas em Magmel, Shuin faz com que o garoto se permita ser uma criança, ele o ensina a se proteger, mas não o arrisca e nem exige uma queima de etapa, deixando-o conhecer as coisas e crescer aos poucos sob sua cautelosa supervisão.

O anime também não tinha explanado muito acerca da origem dos poderes do Angler até aqui, porém pelo que deu para notar, aparentemente foi algo adquirido por seu mestre e que ele veio aperfeiçoando. Se for uma verdade, isso abre espaço para deduzir que Zero também foi ensinada depois por seu chefe, caso não seja uma portadora de nascença dessa habilidade.

A questão é que mesmo sendo bem instruído, Inyou era muito inocente e Shuin não pretendia deixar ele se desfazer dessa inocência na marra ou o chocando, mas no final foi o que acabou acontecendo por conta de sua curiosidade ao pegar o pequeno Toto.

Na parte onde começam a mostrar como era o dia a dia deles com o mascote, vemos todo o conhecimento que Shuin possui, inclusive notando a verdadeira natureza do animal e meios de se esquivar disso sem que seu pupilo captasse o problema e continuasse mantendo sua alegria em ter o amiguinho por perto.

O episódio também me chamou atenção para o jeito meio ácido de Inyou, que eu achei que era coisa decorrente de suas experiências, mas no final era algo dele mesmo que apenas foi moldado a circunstância e aos ensinamentos que recebia sobre o “não tocar” no que pertence ao continente – o diálogo dele com o caçador bem mostra isso.

Infelizmente o pior acontece e Toto revela sua identidade monstruosa – que não era bem uma novidade para nós -, contudo a construção dessa cena tem um elemento bem interessante no que tange ao que Shuin queria transmitir ao garoto.

Por experiência própria o aventureiro entendia bem o que acontecia naquele mundo e sabia que haviam coisas que não podiam ser consertadas, mas era essa noção que faltava ao Angler e com isso, ele não conseguia raciocinar e se posicionar diante de seu mascote monstro.

Em Magmel é necessário cautela e sangue frio, pois se você não se defende você é atacado. Agora o protagonista precisava provar com suas mãos que tinha determinação suficiente para continuar vivendo por ali, vencendo seu amigo – morri de pena do animalzinho, mas não tinha volta, é vida que segue.

Inyou deixou naquele momento de ser um menino tolo que precisava ser guardado até que amadurecesse, mas se tornou alguém que entendeu a duras penas que nem tudo são flores e as vezes é necessário se evitar coisas ou então fazer o pior para se chegar num resultado positivo – o que mesmo traumatizando, não o impede de continuar fazendo o melhor por quem ainda tem uma chance, diferente dele.

Gostei bastante do episódio porque ele fez o que eu esperava em relação a história principal e ainda me entregou uma estrutura decente na exploração dos personagens, até mesmo nos dando um providencial e pequeno lance do rosto de Shuin – porque também já estava na hora de fazerem algo sobre ele.

Vale salientar como observação geral a questão dos nomes, pois para quem notou, Shuin é chamado de “In” a todo instante e Inyou apenas de “You”. Se fizermos uma ligação maluca em relação a esses nomes e a personalidade dos dois enquanto pessoas e aventureiros, já dá para associar ambos a “yin e yang” – fazendo muito sentido, já que o protagonista tem um posicionamento oposto e mostra que não partilha totalmente de alguns ideais do seu mestre, mesmo o respeitando.

Também penso que houve uma incorporação por parte do garoto no seu nome, já que agora ele é Inyou, fazendo uma fusão dos dois nomes talvez. No fim, uma terceira possibilidade é isso não ter significado algum e eles apenas se chamavam nesses diminutivos porque sim – acho que teorizar idiotices em animes é divertido ou não.

Enfim, me parece que Gunjou no Magmel encontrou de volta o seu fio condutor depois de 6 episódios sem uma direção certa, apenas mexendo com os personagens. Será que agora o negócio desenrola?

Comentários