Arata naru Sekai: World’s/Start/Load/End é um projeto multimídia que compreende OVA, light novel e mangá, um de cada, mas neste artigo irei comentar apenas o OVA, produção do estúdio Madhouse, cuja história é de Hitoma Iruma – autor da light novel Denpa Onna to Seishun Otoko –, com a direção de Yuzuru Tachikawa – Death Parade, Mob Psycho 100.

Para entender tudo que acontece nesse OVA o mais indicado é consumir as três mídias, mas acredito que assistir somente a ele já seja o suficiente para que a pessoa tenha uma experiência interessante – não à toa eu resolvi resenhá-lo aqui no blog.

Em Arata naru Sekai somos apresentados a quatro estudantes colegiais que receberam uma missão e precisam cumpri-la. Arisa, Yakusa, Ichimiya e Hongou são amigas e passaram em um teste de aptidão para saber se conseguiriam viajar no tempo a fim de salvar o presente cujo dia se repete, tudo isso para evitar a extinção humana. Elas vão para 6.000 anos no futuro, lá conhecem o que restou do mundo que habitam e devem dar uma de heroínas – praticamente sem informações.

Acho que até mais do que a premissa, o que me atraiu nesse anime foram os belíssimos cenários que podem ser vistos ao longo de sua meia hora de duração. A mistura de slice of life e “sci-fi” propiciada também é algo aconchegante e peculiar, mas o sci-fi na obra é mais falado e fantasioso que o normal para me aguçar a curiosidade e a justificativa para serem colegiais a estarem ali não convence.

Eu sei que é mais para facilitar o envolvimento do público-alvo que qualquer outra coisa. Acho que como já não sou mais adolescente isso não me passou despercebido, mas o importante mesmo é outra coisa: quem são essas garotas e o que elas estão tentando fazer.

Os diálogos que trocam e as reflexões que as afligem não são inúteis, mesmo que as ideias que elas têm não se concatenem todas as vezes. Isso porque é necessário entender o que as motiva a querer mudar o futuro.

Ter a motivação pessoal não desconecta da coletiva, não é sinônimo de egoísmo, até porque a individualidade que afeta a decisão de cada uma só é assim devido ao convívio delas com o todo, entre si e com quem fica no passado na espera de ser salvo por elas.

Não tinha tempo para aprofundar tais aspectos em cada uma das quatro personagens, e nem era necessário, visto que o drama da Yakusa foi mais que o suficiente para que o público conseguisse sentir o peso da existência ou não de um futuro e o quanto queriam ele.

Afinal, a relação dela com o menino do qual gostava só poderia continuar se ela conseguisse cumprir a missão e ela só conseguiu fazer isso justamente devido ao que sentia; ao apego, ao medo de não ter mais e a vontade de recuperar o canal de comunicação fechado.

Tudo isso encontra o meio através do celular, o aparato tecnológico que não a permitia esquecer dele e com o qual ficou tão apegada que levou na viagem para um futuro que em tudo era nada. Antes de comentar o final só quero fazer uns adendos.

Os cenários do anime são muito bonitos, a animação em si também é ótima e a trilha sonora é usada de maneira pontual. Tecnicamente nada é um desperdício, ou uma má escolha, até as seiyuus atuam sem retoques.

Eu acho que a única coisa que incomodou foi o destino da raça humana ser jogado nas costas de adolescentes, mas, após o que ocorre no final, dá para pensar que há uma justifica melhor e é a de que deveria ser aquele grupo com aquelas jovens e, principalmente, aquela que levaria o celular consigo.

Ainda acho que tem um problema aí e se trata da conveniência de tudo ter ficado quase que intacto em um futuro no qual os dias não se repetiam e existiam animais, havia vida; mesmo que não humana.

Mas – mesmo sabendo que no fundo é só para fazer com que o público-alvo se enxergue ali –, vendo que a fim de concretizar o plano era necessário que fossem aquelas garotas, vou engolir e, sinceramente, isso é comum, e o OVA até contextualizou melhor do que boa parte dos animes por aí.

Aliás, o final fechado, mas não esmiuçado – a coisa apenas aconteceu e nada é explicado –, também é algo que costuma incomodar o telespectador. Só não me incomodou tanto porque juntei os pontos e consegui visualizar o quê e como ocorreu.

Isso foi da boca para fora, se não se importasse mesmo nem teria feito o que fez.

Ao quebrar o celular a Yakusa destruiu a ligação do espaço tempo entre o tempo no qual estava e o tempo do qual veio, fazendo com que a humanidade tivesse a chance de experimentar um mundo no qual o dia não mais se repetisse, um mundo com seu tempo ajustado, correndo de forma linear.

Isso, de alguma forma, teve a ver com o dramazinho que a Arata; também amiga das meninas e uma das personagens que aparece nas imagens promocionais do OVA; produziu.

Pelo que entendi foi ela quem bolou o plano e usou a filmagem para explicar como ocorreu todo o processo. Foi omitido no OVA e por isso não dá para sacar sem usar um bocado da imaginação e da atenção aos detalhes dispostos em tela.

Ainda assim a explicação não é suficiente, é incompleta, cheia de lacunas deixadas justamente por causa daquilo que comentei bem antes, o fato do sci-fi não ser abordado de forma tão objetiva, tão consciente e coerente na obra.

Parece mais fantasia. Mesmo que exista lógica em destruir um dispositivo de outra época a fim de desmembrar a ligação do futuro com o passado, como isso ocorreu exatamente? Só lendo as outras mídias para saber.

Um dia os celulares vão salvar a humanidade…

Sei que eu não acho um desperdício assistir o OVA mesmo com um final assim, mas sim, fica o sentimento de que há mais a ser explicado e é uma pena que não seja.

Ademais, há ótimos diálogos entre as garotas que eu printei e dispus ao longo do artigo. Além de ótimos exemplos do quão belos e idílicos são os cenários que as cercam. Não são apenas frases feitas que parecem vazias de conteúdo, e nem um mundo sem graça, sem vida.

São dois elementos que ajudam a encorpar a produção e podem tranquilamente ser a justificativa para gastar meia hora da sua vida, ainda que o clímax chegue entregando o resultado e não se importe em contextualizar como se chegou nele.

Que este dia jamais se repita.

Até a próxima!

E eu estarei lá para ver tudo!

Comentários