Abril nos trouxe várias pérolas de valor e bem interessantes, cada uma a seu modo, RobiHachi figura nessa lista e é um original do Studio Comet (Binan Koukou Chikyuu Bouei-bu LOVE!, School Rumble), dirigido por Shinji Takamatsu que produziu os animes citados. A comédia espacial narra a aventura da qual Robi Yarge e Kita Hacchi fazem parte e as confusões que criam em nome da felicidade.

Em si o enredo é bem prático e não tem muita profundidade, justamente pela loucura de seus protagonistas, mas essa obra consegue capturar a atenção do espectador pela criatividade com que explora esse elemento pessoal e executa as mais bizarras situações que se possa imaginar, para que as ideias nonsense se encaixem e de algum modo funcionem.

O teor cômico da série é algo que conta com vários altos e baixos, porém acho que posso dizer que esses momentos mais baixos não necessariamente são ruins, eles apenas não tem em algumas cenas a carga exagerada que muitos de nós esperamos para gargalhar alto, mas as loucuras e invenções estão ali presentes e cumprem a sua missão de divertir e entreter.

Como o fio condutor da história é o percurso rumo a famosa e misteriosa Isekandar, atrás da busca pelo sucesso, a responsabilidade de cativar é dos personagens e isso eles fazem muito bem. Robi é o famoso malandrão que pouco raciocina e muito se endivida, sendo esse o principal motivo pela sua viagem. Já Hachi é um jovem imaturo e que quase nada sabe sobre o que acontece no mundo afora, vendo nesse improvável desconhecido a chance do ano.

Essa junção singular, somada a participação do engraçado e centrado robô Ikku, além dos divertidos caçadores de recompensa Yang, Aro e Gura, levam uma simples travessia ao extremo, interferindo na paz dos diversos planetas e locais diferentes pelos quais passam.

Um dos pontos que me agrada bastante no anime é a sua capacidade de referenciar sempre de forma inusitada e precisa a outras obras – tanto do autor e do estúdio, quanto as gerais -, através de elementos do cenário, falas ou personagens aleatórios. Outro mérito está na habilidade de se tornar levemente sério através das críticas e pequenas mensagens que tenta trazer em cada lugar e situação vivenciada.

Apesar de sua concentração na comédia, existe uma intenção por parte do diretor de retratar problemas reais e comuns as pessoas e cidades de modo geral – sempre de forma bem simples e humorada -, como a questão da influência e controle midiático, o ritmo de vida forçado a que cada um se submete para atender a esse mundo, discriminação, humanidade e até alguns tópicos sobre masculinidade e sexualidade.

Esses últimos são melhores retratados através do mafioso Yang, que embora cômico, é um homem assustador e incisivo, do tipo que também assume seus desejos pessoais – Robi que o diga – e não é retratado de forma pejorativa por isso. Até existem as brincadeiras por conta de sua luxúria excessiva, mas o anime mostra a delicadeza e sinceridade do sentimento dele e principalmente o ser bacana que ele é, pela nobreza que tem e passa adiante aos que estende a mão.

O vínculo entre o elenco é muito bom e chama atenção principalmente pela forma orgânica com que Robi e seu parceiro vão se mesclando ao longo dos episódios, pois no começo temos dois estranhos que tentam se adaptar um ao outro sem muito sucesso e no fim já são dois amigos loucos inseparáveis.

Hachi não tinha contatos com ninguém e somente queria ver coisas novas, assim acaba ganhando conhecimento e irmãos para toda uma vida no processo. Robi creio que pouco aprendeu sobre a vida, mas valoriza uma amizade verdadeira e que “pega junto” nas boas e más horas – e Ikku aprendeu que viajar com gente desequilibrada é ter que cortar um dobrado.

O anime conta com uma arte bonita, bem colorida – que casou legal com o conjunto da obra – e tem 12 episódios que passam voando quando nos perdemos nas tolices deles. A história possui um final bem amarradinho, que explica o que precisa e fecha tudo de forma decente – até deixando um gancho extra caso queiram dar continuidade.

Se gosta de um humor que explora mais das situações sem pé nem cabeça, do ambiente e principalmente das inúmeras referências otaku jogadas aqui e ali, esse anime definitivamente é para você e mesmo não sendo perfeito em tudo, eu recomendo que também viaje na maionese de RobiHachi.

Obrigado a quem leu e até o próximo artigo!

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