Imagino que você tenha percebido, mas só para confirmar, o Deku evitou usar o One For All por medo do poder sair do controle de novo e deflagrar outra individualidade bestial. O engraçado é que ele não usou o OFA, mas o chicote negro, só que foi em um daqueles momentos de protagonismo típicos de protagonista de battle shonen, então vamos dar um desconto, né? Aliás, esse episódio foi bom também por isso.

Para além do Deku e seus momentos clichês, a Uraraka e o Shinso tiveram uma ótimo espaço para terem suas evoluções pontuadas, principalmente a Uraraka, essa irretocável em todos os aspectos. Mas é claro, não posso deixar o Deku de lado, apesar de não ter sido nada surpreendente as qualidades que ele demonstrou rumo a vitória, no máximo posso dizer que ele foi ótimo, não perfeito, mais uma vez.

Eu elogiaria o Mineta se ele não fosse um tarado de quinta que até quando tem uma boa ideia se aproveita para tirar casquinha de uma mulher. É chover no molhado falar mal dele, então aqui aproveito para falar mal do autor porque, sério, ele não deveria apelar para coisas além da verbalização de suas perversões, a roupagem do Mineta é uma das mais antiquadas e toscas de BokuAca e deixo claro minha reprovação a ela.

Quanto a Mina, ela foi okay, suportou não só o colega tarado, mas compôs bem na ofensiva em reação ao ataque da galera da 1-B. Na outra banda do time da 1-A, a dupla que se destacou de verdade foi a Uraraka e o Deku, pois em poucas palavras e de maneira bem contundente eles conseguiram aliar esforços, demonstrando um trabalho em equipe sólido mesmo com a breve hesitação da heroína.

O Deku, como previsto, se aproveitou bem da individualidade de sua amiga e fez o que lhe cabia como herói de força bruta que também é, cuidou do cara mais problemático do time adversário Então sim, o elogio maior e mais relevante vai para a Uraraka, que com sua característica meio inesperada, mas extremamente interessante, foi capaz de lidar com o Monoma e levá-lo a prisão, além de ter derrotado mais gente.

No meio do caminho para ajudar os colegas ela hesita pensando em ajudar o Deku, mas, convenhamos, que crédito ela estaria dando ao herói que respeita e no qual deposita suas esperanças se voltasse para ajudá-lo quando o trufo para a vitória justamente ela com seu misto de levitação e artes marciais? Heroínas precisam acreditar (e heróis também, é claro) e foi o que ela fez, acreditou no herói que lutava ao seu lado.

Respeitando a construção do herói e da heroína a narrativa conduziu muito bem a interação e cooperação dos dois em meio a pouco tempo e muitos imprevistos, solidificando uma relação que às vezes a gente até esquece como funciona bem. Diria que ainda acho a composição desse casal aquém (afinal, o Deku sequer percebe que rola um climinha entre os dois), mas não posso ignorar que como amigos e heróis eles dão match.

Enfim, a Uraraka age como fiel da balança e resolve a parada praticamente sozinha, tanto com seus punhos e levitação, como com a confiança e apoio que presta aos seus companheiros, dando um show de heroísmo e amadurecimento que em nada lembra a garota insegura e ate tola que é esmagada pelo Bakugou no arco de torneio. Lembrando que ela foi capaz de não deixar seus sentimentos pessoais atrapalharem seu trabalho como heroína.

Do outro lado da moeda, o Monoma teve um breve e até interessante monólogo em que se apresentava como um coadjuvante na tentativa de roubar a cena de um protagonista justamente pela natureza de sua individualidade e posso dizer que gostei das impressões que ele tem de si, mas ao mesmo tempo fico um pouco incomodado em como no fim das contas ele só continuou em seu papel de coadjuvante mesmo, aliás, não só ele.

Apesar de uma vitória e um empate a narrativa me parece ter sido construída demais para evidenciar os pontos fortes da galera da 1-A, enquanto o pessoal da 1-B até foi bem (com o Shinso a tiracolo nesse último embate), mas ainda aquém do que poderia. Inclusive, volto a criticar o Horikoshi porque ele cria personagens, conflitos e arcos narrativos super legais, mas não os usa em todo o seu potencial. Foi o caso agora.

Talvez não fosse melhor se a 1-A fosse mais desafiada e errasse mais ou perdesse mais, talvez se empatasse com a 1-B ao invés de vencer com uma certa sobra? Se analisarmos bem, o Shinso até é elogiado e tudo mais, mas, convenhamos, a Uraraka deu um show e o Deku também foi bem diante de todos os seus imprevistos, enquanto o Shinso parecia uma formiguinha sendo estraçalhada no meio de monstros. Monoma incluso.

Houveram momentos nesse arco em que a narrativa dava a impressão de que seria menos “previsível” do que foi, o que foi abandonado nesse episódio com seu belo, mas clichê, desfecho. Se por um lado acho que esse final mais padrãozinho, narrativamente coeso e agradável, foi sim uma das qualidades do episódio da semana, por outro faltou coragem ao Horikoshi para fazer o Deku perder, fracassar, realmente ter uma “dificuldade”.

Nosso herói lidou razoavelmente bem com a dificuldade que teve dentro das condições apresentadas e ainda usou o OFA em 8%, porcentagem já mais que suficiente para dar um pau no Shinso e em todos os outros se precisasse, o que não anula os efeitos da Uraraka (ela foi a personagem que mais “ganhou” nesse arco), mas escancara que ainda não vai ser dessa vez que sentiremos o dissabor de uma “derrota”.

Esse arco foi bom, mas o grande diferencial dele certamente foi o tempo a mais de tela dado a uma personagem que precisava disso (e não por motivos de “paixão pelo protagonista”) e as novas circunstâncias em torno do Deku, o resto seguiu uma média segura para BokuAca nada mais e nada menos que isso. Queria falar um pouco da dualidade entre AFO e OFA, mas, pensando bem, fica para o próximo episódio.

Por fim, você já agradeceu ao Horikoshi-sensei pela simpatia e grandeza da Uraraka hoje? Quando tem que criticar eu critico e quando tem que elogiar eu elogio, e não posso fazer nada além disso quando vejo minha personagem favorita tendo o aproveitamento que merecia e que o autor estava devendo. Heroínas precisam acreditar, heróis também, pois não existe heroísmo sem um salto de fé (vamo terminar com frase bonita pra ser clichê também, pronto).

Até a próxima!

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