Sacrifício é uma palavra que pode ter tantos significados. Alguém pode se sacrificar por algo, como já foi o caso em diversas ocasiões em Gundam Orphans. Alguém pode sacrificar algo ou alguém, como também já foi o caso. E alguém pode ser sacrificado. Nessa breve e inútil guerra entre SAU e Arbrau, dois dos blocos econômicos terrestres, a filial terráquea da Tekkadan acabou envolvida. Ou melhor: foi manipulada a se envolver.

Às vezes lutamos por nossos próprios objetivos. Às vezes lutamos pelos objetivos dos outros. E às vezes não sabemos direito porque estamos lutando. A Tekkadan foi para a guerra em um misto de emoções que mais ou menos se resumiam a vingar o Chad pelo ataque terrorista que ele sofreu, mas a coisa toda era confusa. Estavam lutando contra os agressores do Chad? Não era o caso, lógico. Estavam, talvez, lutando pelo legado dele, que era o legado da Tekkadan terrestre: as recém-estabelecidas Forças de Defesa de Arbrau. Se elas fossem massacradas em seu primeiro teste de fogo, a Tekkadan passaria vergonha afinal.

Mas conforme a guerra se prolongou e parecia seguir rumos confusos, até mesmo isso se perdeu de vista. Vendo seus companheiros morrerem em ação, os garotos começaram a desejar apenas que a guerra terminasse logo. Uma guerra que começou por um objetivo difuso se tornou uma guerra apenas para que a guerra acabasse logo. Tudo isso já seria ruim por si só, mas acrescente a isso o fato de que a Tekkadan foi manipulada. Não é como se odiassem a Tekkadan e tivessem armado para eles. Antes fosse, não é? Existe ainda alguma dignidade em representar uma ameaça, obstáculo ou pelo menos incômodo para alguém. Mas não foi nada disso. Eles apenas eram convenientes para prolongar a guerra, afinal o exército de Arbrau realmente não teria conseguido suportá-la sozinho.

Se eles tivessem sido atacados diretamente, ou se tivessem sido pegos em uma armadilha, eles teriam sido devidamente derrotados. Sendo apenas danos colaterais de uma causa que não lhes dizia respeito, os garotos da Tekkadan foram apenas oferecidos em sacrifício no altar de interesses muito maiores.

Ler o artigo →

A primeira temporada de Gundam Orphans foi um pouco ambígua com respeito a sua mensagem, embora eu ache que já estivesse lá. Sim, a Tekkadan é composta por crianças e adolescentes. Sim, eles se identificam com outras crianças e adolescentes. Mas não, eles nunca fizeram tudo o que fizeram tendo em mente um senso de classe ou categoria, mesmo que fosse sua segunda ou terceira motivação. Nesse aspecto eles são diferentes da Kudelia, que agiu por um ideal: a liberdade. Houve alguns arcos que tentaram mostrar isso: que a Tekkadan é só um grupo de pessoas, circunstancialmente crianças, lutando pela própria sobrevivência. Com destaque, nesse sentido, para aquele em que enfrentaram a tripulação pirata onde trabalhava o irmão do Akihiro.

Porém, talvez pela presença da Kudelia, uma personificação de um ideal, talvez pela ênfase dada quase sempre no fato deles serem crianças enfrentando adultos, a impressão final de que eles também lutavam por um ideal era um resultado possível. Tendo isso em mente, o primeiro arco e o primeiro episódio do segundo dessa segunda temporada demolem qualquer resquício dessa impressão em alguém que tenha terminado a primeira temporada com ela.

Ler o artigo →

Mais um artigo de primeiras impressões, de novo no formato que eu já expliquei: curto e direto, pra te ajudar a decidir rapidamente se assiste ou não. Se bem que, no caso de continuações, quase sempre essa decisão já está tomada antes mesmo do anime estrear, não é? Bom, pelo menos serve para saber o que esperar.

Aproveito para informar que irei escrever artigos de episódios de Gundam: Iron-blooded Orphans 2.

Sobre o anime, o que esperar? O que teve nessa volta de Gundam Orphans? Tudo continua igual? Longe disso:

  • As “crianças” ainda nem cresceram e a série quer tratar agora de responsabilidade
  • A vitória contra a Gjallarhorn (e as maquinações do McGillis) expôs a corrupção da organização de caráter militar, e rebeliões começaram no mundo inteiro contra ela
  • Rebeliões que usam crianças, seguindo o exemplo da Tekkadan…
  • Outra coisa que voltou à moda graças à Tekkadan foram os Gundans, que começaram a ser retirados de onde quer que estivessem e reativados
  • O sistema Alaya-Vijnana também se tornou cool
  • Tudo isso, o anime insiste, graças à vitória e ao exemplo da Tekkadan

Essa é a nova ordem mundial. A Gjallarhorn está agora se preparando para recuperar seu poder e o McGillis está tramando de novo para, suponho, obter ainda mais poder dentro da organização. A Tekkadan está mandando bem, mas está em uma posição complicada: virou alvo de gente grande por ter chamado atenção e não tem a opção de parar, de evitar continuar nessa espiral de caos e destruição. Que não está muito caótica e destrutiva por enquanto, mas ah, sabemos que vai ficar!

No resto do artigo, confira uma galeria do primeiro episódio de Gundam: Iron-blooded Orphans 2!

Ler o artigo →