Não é só o Kiroranke que é criminoso político, mas o Wilk também, e por que não estou surpreso? Porque a trama deu vida ao personagem após a sua morte e caracterizá-lo como alguém capaz de ir a um extremo que é matar um imperador realmente condiz com a ideia que está tentando se vender sobre ele, que ele fez tudo que fez pela liberdade das minorias étnicas da região. Mas, afinal, o que exatamente Wilk fez?

Ele é o crápula pintado por alguns ou o rebelde das lembranças do Kiroranke? E não poderia ser os dois? É justamente essa possibilidade que torna sua história ainda mais interessante, até para que a filha, Asirpa, receba de bom grado o presente, mas também fardo, que é ter a chave para o segredo do ouro. Além disso, seu pai já morreu, ela só poderá conhecê-lo melhor assim, catando pedaços de sua história e os colando.

É hora de Golden Kamuy no Anime21!

Gostei muito do que o Kiroranke fala sobre a história dele e o pai da Asirpa serem criminosos políticos e se faço uma ressalva sobre ela é que se for para matar pessoas, que ao menos se tenha uma causa. Não é uma causa legítima ver o lado das minorias? Você pode questionar quais métodos são os mais adequados, mas fato é que sem ações concretas o massacre desses povos não é impedido, Aliás, nem mesmo é adiado.

Enfim, deixando de lado a excelente mistura de ficção com realidade tão rotineira no anime, não tem como não lembrar que no artigo anterior eu cantei a bola de que o Ogata havia saído de sua posição, se escondendo na neve a fim de dar o bote quando o atirador inimigo agisse. Esse desfecho nos mostrou o quão longe o Ogata pode ir para matar, mas foi interessante mesmo é pelo que sua situação precária o humanizou(?).

Desde que conheci o personagem pensei que ele poderia se encaixar na categoria de psicopata, mas me pergunto o que as visões que tem do irmão por parte de pai significam para ele. Seria um estímulo do cérebro para denunciar a culpa que sente ou foi só algo momentâneo devido ao risco de vida? Aliás, se ao se aproximar da morte a mente dele ativou essas visões, isso não seria o sinal de que ele se arrepende do que fez?

Não sei, só sei que a psicopatia é um tema delicado e complexo do qual não tenho muito conhecimento, mas sei que mesmo “desumano” feito o Ogata, ainda assim, isso não significa que ele não sinta mais nada, ainda mais envolvendo o meio-irmão e o pai que odiava. Ele matou o pai e também matou o irmão, né? Eu não lembro ao certo, só sei que toda essa violência foi a maneira que ele achou para lidar com seus problemas.

Como último comentário sobre a primeira metade do episódio, essa história do porta-bandeira do exército ter que ser virgem me assusta pelo quão absurda é, mas ao mesmo tempo não me surpreende. Cada ambiente costuma ter suas idiossincrasias, eu entendo isso e sei que o Japão não é diferente daqui nesse aspecto, mas se deixar levar tanto pelo fator místico nesse caso me assusta pelo quão violento e inútil é na prática.

É como um placebo, na verdade. Não sei se é assim em exércitos de outros países, mas duvido muito disso. Aliás, se era, porque hoje em dia a guerra mudou, assim como os exércitos. Sei também que em países subdesenvolvidos os exércitos assim o são, mas não imagino que algo do tipo se mantenha. Mas o mais legal sobre esse meio-irmão nem foi isso, mas como ele buscava a pureza e isso que deixava o Ogata com raiva.

É contraditório estar em uma guerra e não querer sujar as mãos, o que me faz entender a raiva do Ogata, não ao ponto de justificar matar seu meio-irmão, mas ao ponto de haver razão na violência, até porque não era só por isso que ele se ressentia com o garoto. Daí para ele matar o irmão foi um pulo, então não tenho mais o que comentar sobre isso, só pontuar o quão interessante é o Ogata e sua política de não hipocrisia.

Por outro lado, não é meio contraditório a Asirpa querer encontrar o ouro, mas também temer fazer isso pelo quanto de desgraça isso pode e deve acarretar as pessoas envolvidas e até a quem nada tem a ver com essa história? E não estou reclamando da personagem, pelo contrário, pois faz sentido que ela se questione. A Asirpa é o limite de insanidade da obra e mesmo ela talvez se corrompa até o final da jornada, talvez…

Para evitar isso ela precisará do Sugimoto aguentando as pancadas por ela já que uma hora se reencontrarão, espero eu até o fim da terceira temporada. Mas antes disso há pelo menos um tópico digno de nota, o Shiraishi e seu dilema de seguir com a Asirpa correndo cada vez mais risco de vida a cada metro avançado em território russo ou desertar. Até o Shiraishi tem sua “honra” para manter a palavra dada ao Sugimoto.

Aliás, dada não, meio que pedida sem conversa, mas pensemos na jornada dos três até ali e o quanto eles construíram sua parceria, e é bem razoável o Sugimoto pedir isso a ele, até por saber que mesmo sendo um trapalhão, é inegável que tem seu talento, principalmente para sair de roubadas ou entrar nas roubadas certas. Além disso, sabemos como ele é safo, é mais malicioso que a garota, e que se afeiçoou a ela, né?

Mas mesmo isso acontece sob uma camada de razão, afinal, nenhum dos envolvidos fará mal a Asirpa enquanto o ouro não for encontrado e como só ela pode resolver o enigma, ela é a pessoa mais próxima do ouro nesse momento. O Shiraishi vai quer tirar algum no fim da história, não sejamos bobos, mas dá para fazer isso mantendo a honra até certo ponto. Nessa história não há santos, todos têm suas mãos bem sujas.

Por fim, quem vai morrer entre os quatro? O Kiroranke? O Ogata? Os dois? A Asirpa não vai morrer mesmo, o Shiraishi talvez, mas duvido e o Sugimoto é imortal, então está tranquilo. O mau sinal pode não significar morte, mas associo a isso pela condição em que entraram na Rússia, ao lado de um criminoso. Em Golden Kamuy o mau presságio não é spoiler, mas certeza, só que até chegar lá há muito o que rir com o anime.

Até a próxima!

  1. Já começo a ficar sem palavras para descrever os episódios excelentes deste anime, este episódio em especial confirmou algo que eu sempre imaginei que fosse uma lenda.

    Antes de começar, faço aqui uma retratação sobre o que disse sobre o Shirashi no artigo do episódio 4, afinal ele sempre tem um pouco de honra. Acho que o Shirashi só mudou de ideias por ter feito uma promessa de verdade com o Sugimoto, se fosse outro qualquer era palavra jogada fora. Para terminar a minha opinião sobre este personagem tão único, já esperava que o Shirashi fosse um homem de cultura internacional.

    Passando ao Ogata e ao grande foco que ele teve no episódio, a própria existência dele é miserável. Não sei se lembra, mas na segunda temporada mostrou o porquê do Ogata ter matado o pai dele, o pai dele era um nobre que simplesmente engravidou uma oiran (oiran é uma cortesã versada nas mais variadas artes e que só servia os nobres e o próprio imperador, não confundir com as gueixas, as prostitutas da plebe), nunca respeitou ele e desprezou a mãe dele, em outras palavras, mereceu morrer como um cão. Agora o meio irmão, um rapaz tão digno, cometido com os deveres para com o pais, respeitado pelos seus companheiros, não foi honrado nem decente o que o Ogata fez com ele (vale frisar que o Ogata também foi atiçado pelas palavras do Tsurumi). Um porta bandeira já era algo bem obsoleto e em desuso na época do anime, só mesmo o Japão que mantinha essa tradição. A função principal de um porta bandeira era manter a união do pelotão, dar inspiração e coragem, isso o irmão do Ogata fazia com distinção. Essa história dos porta bandeiras terem que ser virgens pensei que fosse lenda, mas foi confirmada a veracidade neste episódio. O Ogata fez uma comparação bem interessante, os samurai e nobres antes da Era Meij costumavam andar com pêlos púbicos de mulheres virgens, era uma espécie de amuleto de boa sorte ou demonstração de amor. No Ocidente esse tipo de coisa também existia, sendo que era muito comum entre homens que iam para a guerra pedirem uma recordação da mulher que gostavam. .
    Passando de novo ao meio irmão do Ogata, ele era inocente demais, ir à guerra e não sujar as mãos é impossível, sei que ele estava apenas a seguir o pedido do pai, ainda assim não faz grande sentido. Essa recusa em matar, junto das palavras de víbora do tenente Tsurumi foi o barril de pólvora para o Ogata matar covardemente o meio irmão (a cena do meio irmão a olhar o Ogata foi de arrepiar). Espero que o Ogata ainda sofra bastante pelas covardias que fez, ele pode ser psicopata e tal, mas ainda é humano. A forma como o Ogata enganou o Vasili foi nota 10 (pena que ele não matou o Vasili, um tiro na boca nem sempre é fatal).

    Sobre o Wilk e o Kiroranke concordo com as motivações deles, o Império Russo todo ele foi feito através de uma expansão agressiva, muitas vezes cruéis para com os povos conquistados, claro que esse tipo de acção terá as suas consequências. O Imperador que eles mataram, o Alexandre II estava a afrouxar as leis que regiam o império, isso provocou a ira de muita gente, provavelmente o povo de Wil e do Kiroranke estavam a ser prejudicados.

    Por fim, o Sugimoto tem que encontrar a Asirpa o mais rápido possível, antes que ela seja corrompida pelo Kiroranke.
    Ansioso para ver o mau presságio no próximo episódio.

    Como sempre, mais um excelente artigo de Golden Kamuy Kakeru17.

    • Verdade, lembrava que ele havia matado o pai e que era desprezado por ele, mas não dos detalhes que você recordou. Foi outro episódio muito bom como construção de mundo e de personagens mesmo, e apesar de já estar perto do fim e a tendência ser os protagonistas só se reencontrarem no final, caso se reencontrem ainda essa temporada, acho que a ideia de separá-los e explorar dois núcleos da história em paralelo foi bem interessante, tem rendido muito.
      Agradeço o comentário Kondou e vamos esperar o próximo episódio!

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