[sc:review nota=5]

O desfecho era tão previsível que o episódio nem se demorou muito nele. Gastou-se bastante tempo reforçando o heroísmo de todos os que enfrentaram o Rei do Mar Profundo antes do Saitama chegar, tanto o Genos quanto o Ciclista sem Licença (ei, eu disse que ia passar a chamar o Tio da Bicicleta pelo nome heroico verdadeiro se ele me convencesse, não disse?) fizeram tudo o que podiam e muito do que não podiam, até que finalmente caíram. E mesmo assim sobrou episódio. O Saitama não é qualquer um, assim como o Rei do Mar Profundo não era qualquer um. O título do artigo é brega, a expressão é brega, eu fiquei pensando se deveria mesmo usá-la ainda que desde o artigo anterior já estivesse preparado para isso, mas não dá para evitar admitir. O Saitama não é apenas um herói, é uma Força do Bem.

O que significa ser uma força do bem? Em primeiro lugar, assim como a Força do Mal, alguém que seja uma Força do Bem está muito acima dos demais que normalmente agrupamos junto com ele. Me corrijo: acima não é a definição correta. Ele está em outro nível, possui outra natureza, é inatingível. Mesmo assim ele é a representação, a personificação de um ideal que vale a pena ser perseguido. Todo herói deveria ser como Saitama. Nenhum nunca será. Alguns estão no caminho certo mas, não sendo eles feitos da mesma matéria que o Saitama, é simplesmente impossível e eles fracassam, fraquejam. Inazu Max não queria lutar. Puri Puri Prisoner foi fraco. Genos foi descuidado (mais uma vez!). Mas está tudo bem no caso deles: fizeram o que podiam, mesmo quando contra à própria vontade.

Aqui é praticamente como um deus benevolente amparando o humano sofrido. Até poderia ter escrito o texto nesses termos, mas quis evitar - até porque não foi One Punch Man que inventou o super-herói como um deus

Aqui é praticamente como um deus benevolente amparando o humano sofrido. Até poderia ter escrito o texto nesses termos, mas quis evitar – até porque não foi One Punch Man que inventou o super-herói como um deus

O mesmo não pode ser dito do Docinho Mascarado, não é? A maior preocupação dele era o dano que causaria à imagem dele heróis de classe A e S sendo derrotados por alguém que um classe C derrotou. Mas ele não tem com o que se preocupar. Saitama cuidou para que a imagem dos heróis fosse preservada. Não por causa do ator egoísta, mas por causa de todos os heróis que tentaram tudo o que podiam para salvar as pessoas. Ser um herói é salvar pessoas, mas até mesmo os heróis são pessoas, então não é de se espantar que se heróis são falhos, eles o são porque pessoas são falhas. Aquele nerdão falando groselha do Saitama e de todos os heróis depois Rei do Mar Profundo ser derrotado só está lá para mostrar isso. Noutro episódio os irmãos Tanktop (que também não são heróis de verdade) haviam com sucesso movido uma massa contra o Saitama logo depois dele salvar todo mundo.

De novo, está tudo bem, pessoas erram. Quase todo o humor de One Punch Man é feito em cima disso: mostrar como o Saitama é uma pessoa cheia de defeitos. Esses defeitos todos estão lá apenas para contrastar e destacar seu lado heroico e livre de defeitos. É quase como se ele tivesse dupla personalidade. Ei, heróis clássicos não são assim também? O Superman é o homem mais forte do mundo e um herói que representa toda a virtude (da sociedade americana, e depende do autor e da época, ok, eu sei), mas Clark Kent é um repórter atrapalhado e tímido. Batman é um herói implacável mas sinistro e solitário, enquanto Bruce Wayne é um ricaço bon vivant sempre em festas impressionando garotas. Saitama é assim porque é engraçado. É uma comédia afinal, certo? E é assim porque, como comédia, ele é uma paródia dos super-heróis clássicos.

Um herói reconhece outro

Um herói reconhece outro

Meros heróis como Genos, o Ciclista sem Licença e Puri Puri Prisoner nunca serão como Saitama. Nunca serão tão fortes, tão certeiros em seu único trabalho: salvar pessoas. O Ciclista se esforça bastante, provavelmente muito mais do que o Saitama diz ter treinado para ficar forte como é hoje, mas só o que ele pode conseguir é estar no topo da classe C. E nunca quis subir, porque ele sabe que ele não tem como ser mais do que aquilo. Puri Puri Prisoner é um paradoxo, já que ele próprio é um criminoso. Ver ele ameaçando os heróis jovens que estavam no hospital também foi constrangedor. Crimes sexuais estão entre os mais hediondos. Mas mesmo ele é mais heroico que o Mascarado. Ele foi até lá, ele enfrentou o Rei do Mar Profundo, e ele demonstrou se sentir pesaroso por ter sido derrotado. Acredito que aquela expressão no rosto dele quando viu o jornal tenha sido legítima frustração consigo próprio, e não raiva ou inveja de terceiros ou preocupação com danos à sua imagem.

E o Genos, o coadjuvante mais importante de One Punch Man, ainda tem muito o que aprender. De todos que tentaram, ele é o único que provavelmente poderia ter conseguido manter o Rei em cheque por muito tempo. Não descarto que tivesse chance de vitória. Mas seu corpo robótico é bastante frágil, e pior que isso, sua disciplina em combate é muito ruim. Ele achou que havia aniquilado tudo com um golpe só e isso lhe custou um braço. A partir daí se tornou impossível uma luta em pé de igualdade ou sequer algo perto disso. Genos tinha força para ter em primeiro lugar movido a luta para outro canto da cidade, e só aí se preocupado em derrotar o Rei do Mar Profundo. E jamais deveria tirar os olhos do inimigo até ter certeza absoluta de que ele não era mais uma ameaça. Ele cometeu de novo o mesmo erro que cometeu quando lutou contra a Garota Mosquito. De lá para cá ele ficou fisicamente mais forte mas sua concentração em combate continua horrível. Como essa história não é dele não o imagino melhorando. O que mais será que One Punch Man tem guardado para nós? Intrigas e política interna na Associação de Super-Heróis? Um vilão à altura de Saitama?

Tem treta vindo aí

Tem treta vindo aí

  1. Olha eu aqui! Voltei! Depois de algumas semanas quase que separado da Internet (Por causa dos meus professores da faculdade que resolveram por todos os trabalhos e provas do período nesse último mês de aula) eu finalmente voltei! Sentiu Saudades? Espero que sim.
    Vamos comentar o episódio do dia, porque se fosse pra falar de todos eu teria que fazer um trabalho científico (e eu vou queimar o próximo desses que se puser na minha frente).
    Em fim, continuemos. One Punch Man me está sendo uma grata surpresa nessa temporada de animes tão “meia boca”, é o único que eu fico com uma vontade real de assistir, ele me passa aquela ansiedade por aguardar uma semana pra ver o próximo episódio (e olhe que eu sei o que vai acontecer, já que eu li o webtoon) o que nessa temporada não está acontecendo com outros animes, infelizmente.
    O que eu acho legal nele é que ele é uma sátira aos super-herois, com suas roupas extravagantes (por vezes ridículas) e seus nomes auto-explicativos (que chegam a ser redundantes), mas o que eu acho mais legal é que ele mostra como seria um herói bem específico, aquele que é literalmente invencível, o ideal de todos os outros heróis, uma força absoluta capaz de proteger tudo, sem nada nem ninguém que possa desafia-lo, e por mais que a invencibilidade seja algo que torne a vida do herói em questão “chata” , ele não perde o ideal do herói (o conceito, não a pessoa) de ajudar.
    Aí depois de ler seu texto eu pensei: E se ao invés de uma força do bem, o Saitama fosse uma força do mal? Com ideais opostos, a mesma força absoluta, a mesma invencibilidade e em vez da preguiça ele passasse se esforçar para cumprir as coisas que quisesse? Será que haveria herói que o parasse?
    Será que um vilão “ideal” vai aparecer pra antagonizar o Saitama?
    A resposta para essas e outras perguntas nesta sexta no Globo Repórter!! (Parei, essa foi a primeira e última vez juro!)
    O que você acha? Diz aí!
    Já vou, até!
    Desculpe possíveis erros de digitação e quaisquer palavras que o corretor tenha corrigido errado. Estou digitando de um celular.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Como uma sátira a um gênero globalmente estabelecido, é claro que existem várias histórias já escritas com a premissa que você propõe =) Acho que o melhor exemplo atual é da DC e se chama Injustiça, Deuses entre nós. Título sugestivo? Óbvio? Pois é =)

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