Muitas vezes os jovens não ouvem o que os mais velhos dizem, mas, na moral, a Natsume mostrou que tem vezes em que faz sentido não ouvir mesmo, ao menos se diz respeito a algo profundo, importante para esse jovem. Antes de querer mudar o mundo, mude a si. É hora de Deca-Dence no Anime21!

As cenas de ação desse anime tem me agradado bastante, pois os movimentos da câmera favorecem muito o desenvolvimento dos combates, ainda que estes sejam curtos (não são exatamente o foco do anime, né) e o CG usado nos Gadolls tenha seus momentos bem “inorgânicos”, feios mesmo.

Mas, como só nesse episódio eu vim notar, também há animação convencional nos Gadolls, acho até que foi por isso que me toquei da discrepância visual. De toda forma, há coisas mais interessantes a comentar sobre o episódio e uma delas é a coragem da heroína para ir a luta, mas não na base da inconsequência.

Afinal, ela segue os ensinamentos de seu tutor, tem ousadia para agir, mas bom-senso para saber a hora de recuar. A Natsume foge do estereótipo de um heroísmo burro, cego pela emoção, e acho isso bom, além de se alinhar a construção da personagem.

E não é como se Tankers não pudessem lutar de jeito nenhum também, né, há humanos na linha de frente e eles apareceram bem nesse episódio. É difícil, mas não inacessível e traçar esse objetivo lidando com o ideal de forma mais realista, acreditando ser possível e trabalhando para tornar verdade, me agrada muito.

A Natsume é uma personagem muito consistente e a adição dela as linhas de frente se deu de uma forma tão coerente e leve que me fez gostar ainda mais da primeira parte do episódio porque faz todo o sentido que a capacidade seja fator determinante para que qualquer um, mesmo sendo um Tanker, possa lutar.

A grande barreira que parecia segurá-la desmoronou relativamente rápido, mas dado o que foi revelado na segunda metade dá para aceitar isso narrativamente, além de não ter sido exatamente uma facilidade para ela. Inclusive, acho que o choque de selvageria que vai ser a “luta final” deve fazer bem a ela, irá mudá-la.

A crueldade desse jogo tem tudo para trazer à tona o que um dia a Natsume imaginou e dizia respeito ao mundo, mas na verdade dizia respeito a ela, fazendo uma ponte entre a personagem e o contexto em que está inserida. É só ao se afirmar como indivíduo que a garota deve ter certezas sobre o que há no entorno.

Em meio a isso o “galã frio” descobre a verdade por trás do novo evento e age como esperado. Deve ter sido por isso, pelo jeitão do Kaburagi, que a Kurenai se apaixonou por ele e essa zoeira veio à tona em cenas que trouxeram comicidade a trama, mas, felizmente, sem prejudicar o tom geral do episódio.

São detalhes dignos de nota porque facilitam muito curtir o o anime sem se incomodar com elementos deslocados não tão estranhos a essa mídia. Em todo caso, o importante é que de novo o Kaburagi agiu de acordo com o personagem, mas a Natsume também.

A desistência dela não foi inesperada dado tudo o que é destacado no trecho em que ela vai mudando de ideia. É uma situação em que a pessoa segue acreditando, mas se deixa esmagar pela “realidade”, ou aquilo que outros definem como seu limite, o que não rolou graças ao desenvolvimento da Natsume.

Achei muito legal ver ela criança, pois me passou a ideia de que ela é bem parecida comigo (na verdade, com a maioria das pessoas) e de que isso é algo que vem da infância e ela manteve acesso na vida adulta, essa inquietude que nos leva a buscar o algo a mais, esse interesse por não ser só mais um na multidão.

Eu sou assim, quero deixar minha marca no mundo, e você? O desejo da Natsume é tão íntimo e ao mesmo tempo tão comum, tão palpável, que fica muito fácil se aproximar da personagem e entender que a cena dela voltando para falar com a Kurenai não ocorre só pelo impacto, mas também há significado, conteúdo.

Porque a Natsume é genuína, ela não quer salvar o mundo porque isso é o certo a se fazer, ela quer ser feliz sem fazer mal a ninguém (além dos monstros que atacam primeiro, claro) e isso me deixa muito animado para ver o caminho da garota, até porque o ponto de virada não deve demorar a acontecer.

Pelo que a Natsume luta? Por si, e é importante que seja assim antes que ela queira lutar pelo mundo, para o mundo e contra um mundo cruel que ainda desconhece. Próximo episódio deve ter muita ação, mas também emocão e por isso mal posso esperar.

Até a próxima!

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