Bem vindos aos acordes do arrependimento!

O adorável filme de hoje conta a história de uma solitária guitarra abandonada, selada em um eterno presente de dúvida, um conflito resolvido e um caminho percorrido, um destino abandonado nas mãos de um sonho redentor.

 

 

Shinno, o protagonista secundário cindido pelo horizonte, é um rapaz de cerca de 18 anos, um guitarrista de uma banda adolescente em fim de carreira. Sua namorada, Akane, é uma linda e responsável garota que junto de sua irmã, Aoi, são arremessadas ao desastre.

O legal de Sora no Aosa wo Shiru Hito yo é a estrutura de seus conflitos, muito bem apresentados, em completa imersão com o fantástico e o surreal, em harmonia com o prosaico e com os laços da maturidade.

Akane e Aoi perdem os pais em um acidente de carro. Akane, como irmã mais velha, não apenas é convidada, mas muito pelo contrário, se convida completamente, toma as rédeas da situação e com convicção, cria sua irmã mais nova Aoi. Elas se dão muito bem, e apesar da situação, no decorrer de 13 anos, ambas vivem uma vida plena e satisfatória.

 

 

Akane, no entanto, escolheu o ser céu, a sua estrela e a sua cela. Sim, Akane foi convidada por Shinno, seu namorado, a pegar a estrada e tentar a sorte, o amor, a aventura e o agridoce no palco da vida, mas era uma escolha impossível. Resoluta, ela deixou Shinno partir.

Shinno, por sua vez, promete a si mesmo ser grande, ser famoso e digno para voltar para sua Akane, buscá-la, reatar e reconciliar o que nunca realmente se partiu, o amor que um sente pelo outro.

A vida, impiedosa, passa a perna no rapaz, e o símbolo máximo disso é o contraste que o filme nos oferece ao reviver, ou rematerializar, o Shinno do passado em sua prisão e conflito. O momento chave, o desfecho que partiu o seu coração, é quando a estrada o chama, quando vira as costas para a cidade do interior onde tudo que lhe importa permanece.

 

 

Deixa para trás sua guitarra, e desta guitarra, seus arrependimentos ressoam.

Aoi, por sua vez, é uma irmã amarga, que carrega no peito a angústia de ser uma âncora. Sua rebeldia juvenil ilumina todos os seus gestos e desejos, seu grande respeito e afeto a pressionam em caminho a fuga. Aoi deseja se lançar ao mundo, seguir os passos de Shinno, ser uma estrela, oferecer espaço para sua irmã, para a qual imagina ser um incômodo.

Dentre os sentimentos intensos de nostalgia e redenção, Aoi se depara com a reencarnação de Shinno do passado. Shinno, preso em sua escolha, é representado pela guitarra abandonada pelo seu eu do passado. Renascido, o seu eu do passado, quase mata a jovem Aoi do coração!

 

 

O melhor amigo de Aoi, ou o contrário, já que Aoi não é uma pessoa de muitos amigos, é Masatsugu, um menino de 11 anos, filho de Masamishi, o ex baterista da jovem banda de Shinno, que agora é pai solteiro, abandonado pela esposa e servidor público empenhado. Aliás, Akane trabalha junto a ele na administração da prefeitura da cidade, e ele, descaradamente, confessa seus sentimentos por ela, mas é rejeitado.

Masamishi tem um plano secreto, na verdade, uma aposta. Assim como adora Akane, ele também tem grande admiração por seu grande amigo Shinno, e ardilosamente mexe os pauzinhos para que ambos se reencontrem. Masamishi contrata um famoso cantor Enka para se apresentar no festival de revitalização do turismo da cidade, e esse cantor Dankishi, tem como membro de sua banda de apoio, ninguém mais ninguém menos, do que Shinnosuke, um tio de 31 anos decadente e melancólico.

Aoi detesta o Shinno do futuro, embora admire, e mesmo ame, o Shinno do passado. Shinno, por sua vez, seja em sua versão imatura ou em sua versão ressentida, ama Akane, que por si, o ama em retorno, como sempre, mesmo que não queira prendê-lo junto a ela.

 

 

Shinnosuke quer se reconectar com a sua paixão e motivação para avançar, com o reflexo de sua inocência juvenil, mas não tem forças para o fazê-lo.

Shinno do passado quer superar o seu arrependimento de ter escolhido partir e entender o motivo de ter sido abandonado por Akane. O motivo era óbvio desde o começo, Akane o abandona por Aoi, pelas algas no bolinho de arroz e pela maturidade absurda que ele nunca teve, mas ela sim. O sapo no fundo do poço não conhece a vastidão do mar, mas conhece o azul do céu.

Aoi, infelizmente não pode efetivar uma relação com um fantasma materializado, muito menos com um envelhecido Shinno a quem em um primeiro momento, despreza, mas pode se reconciliar com a sua irmã, compreender que não é um fardo, mas sim a própria luz de sua vida. Aoi deve seguir em frente, ser uma Estrela Ocular, e cumprir o seu papel como baixista da banda de Shinno, promessa que tem que ser concretizada, uma vez que este sempre estará presente em sua vida como parceiro de sua irmã, Akane.

 

 

Também fico na torcida pelo jovem Masatsugu e seu esforço em conquistar Aoi, e por Masamichi, o cara que, assim como todo bom baterista, orienta e guia a banda ao fundo do palco, sem se destacar, mas sendo é o pilar indispensável para o show continuar.

E destaque especial para o lendário Shinno, o qual rompe as cordas do passado para voar pelos céus em uma vibração encantadora que encerra o efêmero de sua existência.

 

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