Um episódio dois em um com uma conexão óbvia, do qual destaco a segunda parte e também tenho observações interessantes a fazer sobre a primeira. E é inegável frisar que a cena da imagem de capa merece destaque, mas que não surpreendeu ninguém não surpreendeu, né? Digo, uma hora iria acontecer e acho que acontecer agora faz ainda mais sentido dadas as circunstâncias da Emilia e do próprio Subaru. Sem mais delongas, é hora de Re: Zero no Anime21!

A graça divina do Otto e toda a história de vida dele me cativou por uma característica que a escrita de Re: Zero executa com bastante propriedade, o engrandecimento de seus personagens secundários. Otto já era um personagem simpático ao público devido a sua aproximação com o protagonista, mas só agora que paramos para conhecê-lo e entendemos que sua trajetória até ali não só condiz com suas atitudes, como também justifica o tempo ofertado a ele.

Porque o Otto não vai ser um personagem super relevante quer ele sobreviva a esse arco ou não, quer continue no primeiro plano da história ou não, mas, ainda assim, não é inútil aprofundá-lo ao menos o suficiente para conhecermos mais de sua personalidade, a habilidade que o permitiu ajudar o Subaru como fez nesse episódio e o porque dele estender a mão para o herói. O Subaru o ajudou em um momento de necessidade, faz todo sentido que ele queira retribuir de alguma forma.

E ele fez bem isso mesmo, ao menos o suficiente para permitir a segunda e mais importante parte desse episódio, mas antes de chegar nela eu não poderia deixar de comentar a interferência da Ram e a definição simplista, mas de alguma forma contundente, do Barusu com o qual ela tanto adora implicar. O Subaru, como se espera de um protagonista minimamente heroico, resolve a parada quando o cinto aperta e será assim até o final desta história, quer apostar quanto?

Isso não é um problema, mas certamente também não é exatamente bom, é apenas uma construção padrão no ramo da ficção, o importante é o que rola no entorno, o que acontece no intervalo desses momentos em que o Subaru chega junto e resolve as coisas e, é claro, como ele faz isso. Eu acho que Re: Zero tem balançado entre o melhor e o pior que vem disso, pois ao mesmo tempo em que isso se tornou previsível e desgasta um pouco, também se sustenta por suas viradas impactantes.

Não vou me aprofundar nisso aqui, acho mais útil elogiar a construção dos personagens, pois não só o Otto foi aprofundado, como vimos algo a mais da Ram, ainda que pudéssemos, até devêssemos, esperar isso dela dado o fato de ser uma personagem bem escrita no geral. Por exemplo, ela é fiel ao seu mestre, o Roswaal, mas tem autonomia suficiente para não ser limitada por essa lealdade, conseguindo até soar um pouco contraditória como eu espero que personagens interessantes, personagens bem inscritos, sejam.

Enfim, com a contenção do Garfiel em curso o que restou foi a confissão (dessa vez mais para valer do que nunca) meio irritante do Subaru, com direito a muita gritaria e cinco milhões de “Eu te amo” por minuto, o que pode ter parecido ruim e forçado para alguns, mas para outros foi sim uma conversa condizente com o estado emocional de ambos e os sentimentos envolvidos. Convenhamos, confissões podem e até tendem a ser algo cringe, ao menos as reais e essa me pareceu mais ou menos isso…

Então por mais que tenha me irritado um pouco, no fundo achei essa situação palpável, além disso, uma coisa que ficou bem clara no episódio anterior foi a carência da Emilia, totalmente justificável pela derrocada emocional que sofreu. Sendo assim, é compreensível que ela perca muito a compostura e exponha suas fraquezas, toda a sua fragilidade, algo que ela evitava fazer antes até de maneira fofa, como o inicio da história fez bastante questão de jogar na cara do público.

É até por isso que a Emilia terminou a primeira temporada com uma popularidade tão baixa em comparação a Rem, que se “expôs” mais enquanto personagem. A série destacou as fraquezas, mas também enumerou os pontos fortes da maid e mesmo que ainda prefira ela a Emilia, não dá para negar que a Emilia tem sido uma personagem mais interessante nessa temporada, só é uma pena que uma precise sumir para a outra ter espaço e que mesmo assim a Emilia ainda pareça poder dar mais.

Contudo, como essa segunda temporada ainda está em curso seria leviano cravar que a Emilia não vai mostrar mais do que fez até agora, então friso que o que quis dizer é que ela ainda não fez nada demais que destacasse a personagem, não que ela não possa e não tenha tudo para fazer, afinal, com a confissão do Subaru ela deve ganhar confiança para não só superar o desafio, como também agir de maneira mais altiva em prol de seu objetivo, agora sem vergonha de admitir que tem um.

Nesse aspecto a conversa dos dois pode ter até soado meio clichê, mas o que não soa assim quando se está tentando convencer a outra pessoa de que a vida tem futuro, não é? Ainda mais quando se está apaixonado pela pessoa, o caso do Subaru. Não foi preguiça ou falta de criatividade do roteiro, mas em certo nível até precisão em compreender o contexto e extrair dos personagens e da situação o que poderia ser oferecido. A Emilia é a heroína egoísta do qual esse anime precisava e o Subaru é o coach da temporada. Concorda?

Enfim, se o que importa não é o começo ou o meio, mas o fim, então nada vai adiantar esses bons momentos se o final da história for ruim? Eu entendo que o Subaru só estava tentando convencer a Emilia e que ela cedeu aos sentimentos dele no calor da emoção, mas confesso não curtir esse tipo de frase conveniente e fácil de distorcer. Menos mal que dá para a gente achar que se refere só a situações bem específicas, como era o caso da Emilia, confusa sobre suas origens e companhias.

Por fim, achei o episódio muito bom, gostei da animação, da trilha sonora (a Emilia sendo beijada com a Rie Takahashi cantando ao fundo foi irresistível) e do roteiro, além, é claro, da direção; mas faço essa ressalva de que não achei o episódio tão impactante quanto vários outros da série devido a sua própria natureza, o desenvolvimento de um secundário e a volta aos trilhos da heroína. Ainda assim, tem o beijo do qual mal falei, né? Foi um momento pelo qual esperava, repito, mas que não perdeu relevância como ponto de virada para a heroína e não esperava para agora exatamente, né.

O beijo do Subaru na Emilia não só a passou confiança sobre os sentimentos do rapaz como também recuperou a personagem das trevas e a deu um novo gás frente a seus desafios e objetivos. Foi bem fofo vê-la impondo dificuldades a argumentação emotiva do Subaru e também foi legal a insistência dele. Agora que a Emilia não tem mais ninguém (o Pack) em quem confiar o Subaru deve ganhar o espaço no coração dela que ele almeja desde que conhecemos Re Zero, esse anime questionável sim, mas que nem por isso não é bom.

Até a próxima!

Comentários