E viemos com mais uma estreia, mais um slice of life gostosinho de assistir e melhor ainda de se apreciar nos detalhes de cada imagem, essa obra é Akebi’s Sailor Uniform. Sem grandes pretensões, ela vem com a premissa de explorar o cotidiano de uma menina do interior que vai para uma escola grande, almejando algo simples e inocente para ser feliz na sua jornada.

Komichi Akebi vive com os pais na zona rural da sua cidade, e sonha em poder estudar na renomada academia Roubai – onde sua mãe também estudou. Depois de muita dedicação ela o consegue e agora sonha com as amigas que finalmente poderá fazer e com as coisas que irá realizar, sendo a primeira deles, usar o bendito uniforme de marinheiro.

Flávio: A sinopse do anime é tão simples que chega a ser sem graça para quem não costuma ver slice of life. Simplicidade está no DNA de qualquer anime do gênero, mas essa estreia foi mais simples ainda.

Se a história em si não é chamativa, quais são os segredos desse anime? Personagens cativantes, cenários belíssimos e uma excelente animação.

JG: Pessoalmente eu fiquei encantado com a ambientação, porque adoro paisagens montanhosas, muito verde e vi tudo isso na cidade da protgonista. A casa dela então, me vi morando naquele lugar, de tão perfeito que era.

Mas por outro lado, é como você colocou, o anime ele não traz nada que realce a história para qualquer lado, contando realmente com o carisma da Komichi e dos demais – fora a beleza da produção. Ainda assim, acho que a estreia é ótima para quem gosta desse gênero e imerge nessa coisa mais contemplativa que ela apresenta.

Flávio: Eu tive a impressão que a Komichi não quis entrar na Academia Roubai apenas pelo uniforme. Pelo pôster da idol que ela admira, vemos o mesmo uniforme, portanto, essa admiração pode ser um motivo extra para ter escolhido essa escola. Fora o fato da própria mãe ter estudado lá.

JG: Curiosamente eu estava começando a achar que ela queria ser uma idol por conta da primeira cena, inclusive, ela é tão parecida com a tal moça, que achei que começaram meio que jogando uma faísca do futuro ou a imaginação dela, mas não, a Komichi só acha legal o jeito da sua ídola.

Outra coisa, acredito que a mãe também ter estudado lá deve ter pesado, talvez por ela ter ouvido histórias até dela, sobre como foi bom o tempo dela na escola e tudo mais. Porém, não esqueçamos de um detalhe, a cidade parece que só tem escola minúscula, tanto que a menina foi a única aluna da turma e no mesmo lugar que a irmã pequena.

Para alguém que queria fazer muitas amizades com pessoas da sua idade, realmente estudar em um “ovo” não tem condição, imagino que a academia Roubai tenha sido a melhor opção dentre as possíveis para o objetivo dela.

Flávio: A Komichi ela não é introvertida, mas como ela não parece ter colegas/amigas da mesma idade, a garota ficou preocupada em não conseguir fazer amizade, principalmente, depois de ter ido para a escola com o uniforme diferente das outras meninas.

JG: Eu diria que o anime tem um certo pé no realismo e essa foi uma das coisas que gostei, já que a Komichi não é a super genki girl, mas também não é a tímida extrema, ela é apenas um menina comum que quer fazer amigos, mas engatinha no processo porque nunca teve oportunidade para tal antes.

A insegurança quanto ao uniforme também teve uma abordagem simplória, mas bacana, já que por mais que ame a roupa e acredite que ela seja o legal – talvez por nunca ter usado uma -, ela não quer destoar da maioria, e sim estar no padrão dos outros. Por mais personalidade que se tenha, é compreensível ter receio, porque no fim das contas ela precisa encontrar um meio de se misturar e a vestimenta já era o caminho mais prático e óbvio.

Flávio: Mesmo com receio de destacar demais, ela acabou optando por usar o tão estimado uniforme de marinheiro.

JG: No final a personalidade dela triunfou, mas acho que o mérito real vai para a Kao, que merece ainda o título de irmã fofa da temporada antecipado. Achei essa garotinha altamente adorável, o que é merito não só do jeito dela, como do design que fez dela a coisa mais linda possível.

A relação da família em si é um ponto positivo da experiência, já que todo o amor que permeia ali fica visto em cada palavrinha ou gesto, mas sou suspeito de falar porque qualquer coisa que toque nesse tema mostrando a sua beleza, me captura.

Flávio: A família da protagonista teve destaque no episódio. Tanto a mãe como a irmã são muito simpáticas. Achei legal todo o apoio que a Komichi recebe da família. Até o uniforme foi costurado pela mãe, tornando-o ainda mais especial.

JG: Para além dos ótimos momentos familiares, o anime também nos entrega o primeiro contato da Komichi com uma colega e devo dizer que a cena é bem interessante de se assistir, seja pelo jeito como a direção organiza as cenas, a naturalidade do diálogo entre as duas, ou mesmo pela falta de exageros nas expressões – que somou bastante nesse sentido.

Tudo é tão crível e real, que automaticamente me lembrei da minha época na escola, onde eu basicamente ficava perdido do mesmo jeitinho que a protagonista, pensando em qual a primeira forma de contato com a pessoa que chegou cedo igual a mim – antes que o resto chegue.

Flávio: É natural a ansiedade das duas sobre vida na escola nova, principalmente para a Erika, que tem um hábito peculiar cujo as colegas de classe podem achar estranho.

O que me chamou atenção é que ao entrar em contato com a primeira colega de classe, a protagonista não é a mais ansiosa, o que é comum em histórias onde as personagens querem fazer amigos.

JG: Logo no momento em que apareceu, achei que a Erika fosse ser a garota meio seca que a Komichi ia precisar dobrar – especialmente por ela estar largada cortando unhas -, mas não é que a menina me surpreendeu com seu jeitinho bobo?

Eu confesso que achei a mania dela estranha, e não me refiro a cortar as unhas – muito embora eu me pergunte o que ela faz quando não tem o que cortar -, entretanto não julgo, porque já fiz o mesmo que ela em alguns momentos. Realmente é uma sensação, digamos que, singular. O ponto é que ver uma garota fazer o mesmo é no mínimo curioso.

Flávio: Será que as outras colegas terão suas peculiaridades?

Por falar em peculiaridade, a paixão pelo (ex) uniforme da escola parece meio estranho para mim. Por acaso, para você também soou estranho?. Eu, por exemplo, nunca gostei dos uniformes escolares que usara na infância e na adolescência.

JG: Seria bom se elas tivessem umas manias aleatórias, até para criar uma turma das doidas, contudo tenho quase certeza que o anime não vai apelar para nada nesse sentido, até porque a própria Erika não foi levada na galhofa e a mania ficou apenas como um recurso, para que as duas conseguissem se comunicar.

Quanto a Komichi, eu também não entendi muito bem porque ela tem esse fascínio imenso pelo uniforme de marinheiro. Assim como disse antes, desconfio que tem a ver com o senso estético dela, somado ao fato de nunca ter usado um antes, já que a escolinha da vizinhança devia deixar cada um se vestir como desse.

Tá aí uma boa pergunta para o anime responder, afinal essa fissura é o que estrutura a história, então penso que em algum momento seria bom explicar de onde veio isso.

Flávio: O episódio foi basicamente sobre uma garota e o seu sonhado uniforme de marinheiro. Toda essa simplicidade funciona bem nessa história devido às personagens.

Está implícito no anime a mensagem sobre o valor das coisas simples. É comum as pessoas terem objetos nos quais têm um grande valor afetivo, tal como o uniforme de marinheiro da Akebi.

JG: O slice “raiz” é esse cotidiano simples, “palpável”, e a própria narrativa se desenvolve dessa forma, destacando as coisas mais simples e mostrando como aquela pequena bobagem as vezes muda o seu dia e o das pessoas ao seu redor, seja por que meio for.

A estreia de fato se apoia muito nas personagens, e guiadas por uma animação primorosa e que conta com uma boa trilha, tudo flui perfeitamente bem, mesmo com pouco acontecendo – ao menos por agora.

Ainda tenho uma certa preocupação porque assim como você citou sobre Tokyo 24th Ward, o Cloverworks está produzindo 3 animes ao mesmo tempo e todos eles demonstraram um alto nível técnico. Como um amante desse gênero, não gostaria de ver o estúdio perder a mão, especialmente porque já encheram os meus olhos com um único episódio, mas o assunto é de se preocupar.

Flávio: Depois do que aconteceu com Neverland 2 e Wonder Egg Priority ano passado, a comunidade otaku ficou com os dois pés atrás em relação ao Cloverworks. Mas, de fato, o início das três estreias dos animes produzidos pelo estúdio foram promissoras.

JG: Eu quero sempre pensar positivo quanto a isso, mas deixando os problemas de lado, Akebi’s Sailor Uniform realmente foi uma estreia que me pegou de jeito, ainda que eu já esperasse algo bom, assim como aconteceu com Slow Loop, que é outro ótimo companheiro da temporada.

Quem curte a calmaria e a beleza das coisas simples da vida, com certeza vai se esbaldar nessas duas obras – que para mim já introduziram muito bem o gênero nesse ano, e são sérios concorrentes ao top do mesmo.

Flávio: Concordo que os dois animes citados são duas boas opções nesta temporada para quem curte slice of life. Eles têm potencial de estarem entre os melhores animes deste ano, pelo menos para mim.

JG: O ano começou minha gente e já temos bons nomes rolando por aí, Akebi’s Sailor Uniform é só mais um deles. Se gosta de slice a recomendação é certeira e obrigatória, ou se prefere a ação e movimentação, fica a dica mesmo assim, vai que vem a surpresa?

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

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