Essa nova temporada apenas começou, mas a verdade é que tudo já está se dirigindo para um fim bastante próximo. O anime está acabando e com ele muitas outras coisas também acabarão. Tudo parece estar acabando. Esse é o sentimento que essa temporada nos traz, como se tudo estivesse prestes a explodir e ser consumido até as cinzas. E esse episódio foi um grande passo na direção disso tudo.

O episódio inteiro rodou justo naquilo que Shingeki no Kyojin faz de melhor, isto é, batalhas épicas e grandiosas. Sobre isso, ainda que seja muito elogiável em vários sentidos, cabe começar com uma crítica negativa. Não consigo apreciar o CG que o anime utiliza nas cenas dos titãs, parece até meio artificial.

Quase como se fossem bonecos gigantes completamente desconexos com a própria animação. Há, ao meu ver, certa desarmonia visual entre a animação geralmente usada e aquela empregada nos titãs. Em especial nas cenas onde há muitos movimentos.

Contudo, ainda é verdade que o episódio foi muito épico e que a batalha como um todo foi muito elogiável. A começar pela própria situação em que eles se encontravam, pois muito além daquilo que acontecia, existem os porquês de acontecerem.

E aqui entra todo o contexto construído, não somente desde a primeira parte da temporada, mas desde o primeiro episódio do anime. E isso é algo que torna o Hajime Isayama (autor do mangá) tão merecedor de elogios, pois a construção de sua história foi incrivelmente bem feita.

Há claramente uma transição daquilo que era Attack on Titan antes dessa parte final do anime, para aquilo que ele se tornou depois. Toda a história se amarrou e se conectou de uma forma tão impecável que já não é possível dizer que existe uma construção gradual da história.

Isto é, se o existe no sentido criativo, tanto em idealização quanto em exposição, quando se pega a ordem da sucessão dos fatos e como eles interferem uns nos outros, então temos uma interdependência entre todos os acontecimentos do anime. E isso é algo dificílimo de se fazer, para dizer o mínimo.

Tendo em vista todos esses pontos, vale a pena ressaltar o show puramente enquanto show. São cenas de ação muito fortes e que ainda têm mais para serem mostrado. E que ainda assim conseguem ser impactantes por velhos e conhecidos motivos, como o excesso de violência. O anime usa disso com maestria, tornando claro o quão insensato é toda aquela situação. Nos mostrando a pior parte da guerra e, com isso, a pior parte do homem.

Mas em contraponto há algo oposto que acho bem interessante destacar, que se mostra mesmo envolvido em um passado sombrio, tanto coletivo quanto daqueles vários indivíduos. Me refiro ao heroísmo real por parte de Marley ao realizarem aquele ataque.

Eles de fato têm o futuro da humanidade em suas mãos, há de fato um ato heroico em sua tentativa de invadir Paradis e tomar o titã original. Ora, mas isso é muito estranho! Não deveriam ser eles os inimigos? Não foram eles próprios quem os invadiram naquele fatídico primeiro episódio?

E note como a justificativa deles naquela ocasião era a salvação da espécie humana, era pela humanidade que eles lutavam. Ainda que de fato isto apenas mascarasse uma busca por poder e influência. Não mais, agora esse ideal falso se tornou verdadeiro. E tudo isso aconteceu apenas por causo do Eren.

E não é apenas que tudo pareça confuso, acontece que tudo está confuso. Não apenas para nós, mas principalmente para os personagens. A cena em que o Onyankopon liberta os prisioneiros deixa isso claro. Temos entre eles uma conversa muito breve, mas muito reveladora. Antes de tudo, é reveladora justamente por ser breve.

Muitas coisas estão acontecendo, são muitas ideias, muitas pessoas, muitos lados e países, muitos inimigos e aliados, sendo que recentemente alguns aliados se tornaram inimigos e alguns inimigos, aliados. Tudo é muito confuso e caótico. E ainda assim alguma decisão deve ser tomada com máxima urgência.

Ou seja, foi uma estreia cheia de ação e confusão, caos e desordem. E se me permitem o paradoxo, foi uma desordem muito bem ordenada. Isso sem falar dos mistérios de Shingeki no Kyojin que não podem faltar. Como naquela cena do Zeke logo no começo, cena por sinal muito bem dirigida, capaz de transmitir o seu retorno do estado fatal em que se encontrava como se ocorresse por meio de uma intervenção divina.

Como se ele fosse uma espécie de protegido, como se fosse um escolhido de uma força maior ou de um ser mais elevado. Uma bela cena, sem dúvidas. Que além de muito bem adaptada foi também muito misteriosa. Mas já não adianta fazer perguntas, o anime está muito próximo de seu fim e as respostas não tardarão a ser dadas. Até mais.

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