Então, depois de algumas boas estreias que iam desde uma história boa, a animações de qualidade notável, agora chegou a hora de conferirmos uma das obras que se destaca pelas suas limitações. Rusted Armors traz uma proposta de recriar o período feudal e as suas batalhas territoriais, numa história que tem as suas “invenções modernas”, com heróis clichês e ideias que não parecem seguir um princípio. O que eu achei? Venham descobrir.

Antes de começar a descrever as minhas impressões sobre esse anime, gostaria de fazer um pequeno disclaimer. O que direi aqui vai desconsiderar a animação, porque acredito que essa fala por si só e independente de ser feita em CG ou não, ela é simplesmente atroz e isso não tem como defender.

Quero focar no restante do produto, na intenção de tentar ver além do que o visual porco nos entrega, porque acho que toda obra merece mais do que ser analisada apenas por isso, ainda que tal fator pese no conjunto geral. Feita a minha consideração, vamos a bagaceira.

Rusted Amors – ou Sabiiro no Armor: Reimei – é a adaptação de um projeto que começou nos palcos e aos poucos tem sido trazido para outras mídias, sendo a animação apenas uma delas, e essa está sendo produzida pelo novato estúdio Kigumi.

Como eu disse mais acima, a história se passa no período feudal, mais especificamente no período que compreende o Shogunato Muromachi (1336–1573). Não sei se a história pretendia trazer as figuras reais integralmente, dado a sua ambientação histórica, mas pelo pouco que pude observar, a fidelidade não parece ser uma preocupação aqui.

Dentro desse pano de fundo, o protagonista Magoichi é um desmemoriado que vive num local conhecido como Vila Saika, um dos focos constantes dos ataques inimigos. O rapaz formou um grupo de mercenários e defende o vilarejo como pode, ainda que os números façam diferença, mas acima disso, ele parece se incomodar bastante com o fato de não lembrar o seu propósito para estar ali ou qualquer coisa relacionada a seu passado – e isso o dá alguma camada.

Lendo assim, a história parece ao menos decente – e talvez até seja -, mas a forma como foi exposta e jogada na tela, deixa totalmente a desejar e prejudica qualquer tipo de simpatia que você tente ter, se não tiver sido afungentado pela animação.

Não sei porque, mas tive a nítida impressão de que talvez fosse necessário ter visto o original live action para entender o que foi exposto, pois da introdução ao último minuto, as informações eram passadas como se você já soubesse o que aconteceu até chegar naquele ponto.

Mesmo os personagens, eram tratados com um certo descaso, sem uma apresentação muito própria, como se já soubessemos quem são, o que querem, mas não, ninguém tem ideia de nada.

A desorganização aqui é tamanha que até as faladas “Armors” não tem qualquer introdução para entendermos o contexto delas naquela história. Elas simplesmente são equipamentos aos quais eles misteriosamente tiveram acesso e que permitem seus usuários a lutarem num nível mais alto, o que parece não ter muito resultado – já que nessa mesma estreia eu só os vi serem engolidos pelo adversário.

Os “vilões” são outro ponto jogado e abandonado, porque todos são soldados super equipados, aparentemente com uma resistência absurdamente alta – quase como zumbis – e apenas destroem tudo. Penso eu que já que não pretendiam nos explicar quem estava brigando e pelo quê, ao menos o chefão merecia alguma notoriedade no final, mas até esse passou batido e sem nome inclusive.

A narrativa é um festival de incoerências e isso começa porque no começo eles tentam introduzir aquela coisa mais shounen, com batalhas mostrando o potencial dos protagonistas e o problema corrente, no entanto minutos depois eles inserem cenas aleatórias de conversas entre os personagens, imagino que na tentativa de te introduzir melhor a eles e criar alguma simpatia.

Se essa foi a intenção, a mesma foi pelo ralo, pois a unica coisa que senti foi a confusão e falta de ritmo no ar, e mesmo esses heróis não me pareceram tão interessantes assim, já que todos carecem de motivação até para existirem ali, com os melhorzinhos sendo o próprio Magoichi, seu amigo Deku e o Hototogisu – que ficam no clichê dos heróis básicos.

A dupla de irmãos acho que até tenta criar alguma coisa diferente, pelo fato do Tsuruku querer proteger o Hotaru e não se importar com o restante do grupo, mas eles e os demais não tem qualquer ponta de profundidade ou carisma pessoal que te ganhe.

Para fechar com chave de ouro a parte “animada”, depois de uma bela surra, os herois são encurralados até a chegada do bonitão misterioso, que pelo meu spoiler é o Oda Nobunaga. Aqui compreendi que essa é mais uma adaptação de anime que pretende exaltar o quão fantástica essa figura é, da forma mais cara de pau possível – embora na prática a história pareça discordar da ficção.

Sinceramente não sei o que esperar dessa obra, mas foi uma estreia bem perdida, que poderia ter explorado melhor sua base se entendesse o que precisava ser apresentado num primeiro episódio para nossa compreensão e trabalhasse direitinho nisso. Pode até ser que encontrem um caminho ao menos digerível, afinal tudo é possível, mas acho difícil e é uma pena, porque simpatizei com os dubladores.

Nos dois minutos finais, o anime faz um extra envolvendo os dubladores e atores do original e lá eles explicam um pouco sobre o projeto e algumas curiosidades. Curiosamente, essa parte consegue ser melhor porque enxergamos a paixão de quem tá por trás disso tudo e inclusive fiquei com pena dos dois protagonistas desejando que o anime fizesse sucesso – nessa hora fui pego pelo sentimento porque já sei onde isso vai dar.

Enfim, Rusted Armors traz uma animação lamentável – que não era novidade pelo trailer – e uma direção confusa que dificulta qualquer esforço que se faça pela história. Se quiser tentar, vá em frente, se não, nada se perde porque a apresentação não colabora.

Agradeço a quem leu e até a próxima!

Comentários