Começando a temporada de janeiro com tudo, Tokyo 24th Ward (ou Tokyo 24-ku) é um dos animes que abrem o novo ano e diria que bem, especialmente para uma obra da qual não sabíamos exatamente o que esperar, a não ser as aloprancias que pareciam vir da sua sinopse incomum. Entre pseudo super heróis, gangues, políticos, gente “morta” e muita tecnologia, o que podemos esperar dessa peça?

O anime é um original da Cloverworks (Shadows House, Fugou Keiji) e conta a história de três amigos – Shuta, Ran e Kouki – que após uma tragédia tiveram suas vidas modificadas, num cenário já complicado, dentro de um distrito ilha, afetado pela guerra e seus resultados. Esse lugar sem lei se tornou grande, porém incontrolável e quando ia se anexar a Tóquio, o destino dele mudou.

Embora seja bem habitado, o local é fortemente afetado pela criminalidade e pelas divisões sociais que são naturais de qualquer sociedade comum. É essa zona que os três protagonistas vivem e decidem proteger, cada um a seu modo e seguindo o seu ideal, após os eventos que levaram todo o distrito – e eles também – para o buraco.

Flávio: Estreia interessante e promissora, mas será o anime inteiro, bom? Aguardemos os próximos episódios.

JG: Admito que tive uma certa resistência inicial, pelo fato do anime usar 48 minutos, mas no fim, acho que foram minutos bem aproveitados, já que conseguiram explicar basicamente tudo o que permeia o foco da trama.

A minha grande curiosidade aqui, é saber o que será mais forte, se a coisa dos heróis da cidade, a subtrama política, a parte tecnológica e meio “sobrenatural”, ou o negócio da amiga morta – que por sinal é a grande incógnita do momento e a causadora de todos os rebuliços na história.

Flávio: Talvez um pouco de tudo que tu citaste. Algumas coisas devem ser mais exploradas do que outras, que por sua vez ficarão como pano de fundo.

JG: Algo que chamou minha atenção é que ao menos de começo, pensei que o anime focaria mais no distrito e os protagonistas girando em torno dele – algo semelhante a Durarara e outros -, mas acabou que sintetizaram rapidamente a introdução sobre o lugar e seus problemas, para mergulhar nos dilemas dos protagonistas e a virada deles nesse primeiro momento.

Flávio: Eu também achei que o primeiro episódio fosse focar no distrito que será anexado.

JG: O lugar em si me pareceu bem interessante e diria que até misterioso, já que as coisas parecem acontecer sem explicação e assim permanecem, ao menos até onde pude notar. As questões da divisão social presente ali podem desencadear conflitos bons, até porque o Ran e o Kouki estão em lados meio que opostos e se posicionam quanto a isso, ainda que no fim o desejo dos dois seja o mesmo e eles se unam quando necessário.

Fico intrigado para saber como vão lidar com a dualidade entre eles e a própria questão política, afinal isso pode dar muito certo, ou muito errado se manuseado incorretamente.

Flávio: As divergências entre o Ran e Kouki podem movimentar a trama caso sejam bem desenvolvidas. E onde o Shuta entra no meio disso? Ele parece não tomar partido de nenhum dos dois colegas, mas não é como se ele ficasse neutro.

JG: Por incrível que pareça, o Shuta foi justamente quem mais me fez criar simpatia. Acho que talvez por ele se manter fora do conflito dos dois, ele tem as preocupações dele, tem o desejo de tornar o distrito melhor, mas ele tem o jeito dele de fazer as coisas e não é seguindo nenhuma corrente ou lado, que não o seu próprio senso de justiça.

Outro ponto que me fez gostar do personagem, é a sua natureza mais solta, acho que é bom ser responsável como os outros, mas penso que talvez por viver demais os problemas, Ran e Kouki são muito engessados – cada um a sua maneira -, já o Shuta parece mais “humano”.

Flávio: O drama do Shuta me pegou. Ele gostaria de ser um super herói, mas acha que fracassou por não salvar uma garota importante para ele. E por falar nessa garota, a Azumi, há um mistério em torno dela. Ela parece estar mais viva do que nunca, estou curioso para saber o que ela se tornou.

JG: Assim, eu acho que todos sofreram, mas tive a leve impressão de que ele foi o mais impactado, já que parece ter sido o único que não conseguiu seguir em frente depois do acontecido.

A Azumi é um enigma, porque até então o anime manteve ela morta e de repente a menina reaparece via voz, prevendo o futuro e concedendo super poderes? Fiquei tentando entender se ela estava viva como uma super máquina, como o Arquivo (Vivy), que controlava tudo de dentro da sua zona.

Quiçá no final ela própria seja uma vilã e não sabemos, já que até onde vimos, o expoente comum entre os incidentes é a pessoa dela.

Flávio: Você notou como a morte da Azumi foi impactante não só para os três, como, principalmente, para a menina que estava ao lado dela naquele dia trágico?

JG: O anime soube tratar bem como o peso da tragédia afeta de formas diferentes a cada um.

Falando um pouco nos outros, preciso dizer que simpatizei bastante com o núcleo dos secundários, a Mari é um charme, a avó dela e a mãe do Shuta são divertidas, mas quem me capturou mais nesse primeiro momento é a Tsuzuragawa, pois além de ser uma guarda costas pro Kouki, ela é praticamente uma segunda mãe, levando em conta a perda dele e o pai ausente.

Mais legal ainda é ver como ele reconhece o gesto dela, o cuidado e retribui com confiança, mesmo que reclame da superproteção. Gosto dessa relação onde ela incentiva ele a fazer as coisas e lutar pelo que quer, mesmo tendo outros deveres como funcionaria do pai dele.

Flávio: Eu também gostei da gangue do Ran. Sobre a Mari, ela é muito simpática e expressiva.

JG: A gangue do Ran também achei divertida e diferente, espero ver mais detalhes de cada um breve. A propósito, posso estar equivocado, mas notei uma certa tensão romantica na Kinako em relação a seu líder e parceiro, quero ver onde isso vai dar – porque simpatizei com o jeitinho doce e desastrado da menina hacker.

Mas indo ao ponto crucial da estreia, acho que o anime introduziu bem a nova realidade dos personagens como futuros heróis e acho que o ar de mistério que paira sobre as coisas que acontecem e o próprio “chamado” da Azumi, te instigam a entender o que tá acontecendo naquele distrito.

Toda a sequência de ação é bem feitinha e inclusive isso ajuda bastante a comprar o que tá se passando, as motivações que vão pipocando nos personagens e culminam em decisões rápidas, essa foi uma sequência bem bacana de assistir.

Flávio: Kinako é de cabelo rosa? Se for eu também gostei dela. Também notei a tensão romântica, mas acho que não vai para lugar nenhum.

JG: Ela mesma, mas agora que mencionou, existe uma chance da coitada virar o novo Kai (quem viu Aquatope entenderá), porque o Ran é viciado na sua arte – uma pena.

Ah, uma coisa que também notei é que os poderes da Azumi parece que beneficiaram mais aos outros dois, porque o Shuta já era praticamente um homem aranha antes mesmo dela fazer qualquer coisa, os malabarismos que ele fez no episódio deixaram isso claro.

Se muito, ele ganhou um upgrade em velocidade, mas acredito que pode vir mais coisa por aí, pois se ela já conseguiu “injetar” esses poderes neles, colocar mais uns não será difícil.

Flávio: Eu achei que todos foram beneficiados de forma igual. A Azumi amplificou as habilidades de cada um.

JG: Eu tava com essa mesma sensação, porque percebi que o Ran ficou mais hacker, o Kouki tava mais “raciocinante”, porém quando eles também começaram a saltar tudo – como o Shuta -, eu achei que tinha uma vantagem rolando ali.

Talvez o Shuta não tenha exibido ainda todo o seu potencial, até porque só depois do salvamento da Mari é que ele resgatou suas forças internas, então realmente creio que talvez ele exiba algo a mais conforme a história a avance.

Flávio: Voltarei ao início, mas precisamente para o título. Eles são super heróis, mas não do estilo ocidental (usar uma roupa chamativa para esconder a identidade). Dos três, só o Shuta deve ter se sentido um herói depois de salvar a Mari, pois é o mais idealista do grupo.

JG: Curioso que ao longo do episódio reforçam isso até com uma piadinha, já que os três representam aquela coisa da paleta de cores RGB (Red, Green, Blue), correspondendo a suas cores de cabelo e detalhes do vestuário.

Bom, em resumo só posso dizer que gostei da apresentação de Tokyo 24th Ward e vejo um bom caminho pela frente, especialmente por se tratar de um original, o que permite qualquer possibilidade e quem sabe um final fechado e decente.

Flávio: Foi confirmado que o anime terá doze episódios. Com tanto tema para ser abordado, fico com a impressão que o ideal fosse dois cours para ter um bom desenvolvimento e um fechamento digno.

JG: É aquilo que citamos lá no começo, o resultado de Tokyo 24th Ward vai depender do que eles vão considerar realmente importante, para que essa história do distrito barra pesada e dos super heróis modernos faça sentido.

Eu acho que os personagens tem seu carisma, a animação tá fazendo o necessário pra atender a demanda, a trilha é legal, a base do enredo é interessante, então resta aos autores do projeto não se embananarem com o roteiro e os rumos de cada ponto singular da história.

Flávio: Cloverworks com três projetos na temporada é algo para prestar atenção e ficar um pouco apreensivo. Como este é de ação, o risco é maior por se exigir uma animação melhor.

JG: Observei esse “porém” do estúdio, mas vamos ver o que virá pela frente. Acho que a obra fez uma estreia decente, e se de começo a sinopse não chama a atenção ou surpreende – talvez até afaste -, o episódio faz a sua parte e revela o potencial que ela pode ter.

Flávio: Como gostei da estreia, torço para que o anime valha a pena.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

  1. achei o primeiro ep muito clichê hollywoodiano,aff a mina tem um cachorro idiota que sai correndo sem motivo, que faz ela cair e prender o pé no trilho, so fiquei esperando o fred ou o michael, ou jason aparecer. poderia ser bom se o roteiro fosse outro, o enredo parece promissor. (sei lá achei muito amador)

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