Kawaii dake ja Nai Shikimori-san (Shikimori’s Not Just a Cutie) é um anime do estúdio Dogakobo que adapta o mangá de Keigo Maki. Segue abaixo a sinopse extraída da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).

 

“Surge a namorada mais arrasadora de todos os tempos! Izumi é um jovem naturalmente azarado que namora Shikimori, sua colega de classe. Shikimori é uma garota gentil com um lindo sorriso, e uma namorada carinhosa que é muito feliz ao lado de Izumi… Mas quando Izumi se mete em encrenca, Shikimori se torna uma galanteadora heroína que conquista os corações de todo mundo! Essa é a preciosa comédia romântica sobre Izumi e Shikimori, e sua divertida vida ao lado de seus amigos!”

 

O que tão dando para esses animadores, hein? Será que é um salário bom, condições de trabalho minimamente decentes e recursos práticos para produzir animações tão boas como temos visto ultimamente? Ainda mais nessa temporada, que entregou outra estreia belíssima.

Kawaii dake ja Nai Shikimori-san é o tipo de anime que atrai muitos olhares por sua sinopse e divulgação, mas também porque vem na esteira de Sono Bisque Doll e tantos outros animes que vendem essa ideia da heroína perfeita, que, nesse caso específico, é a namorada.

Aliás, é só nisso (além ter família e ser bem de vida) que o Izumi tem sorte, no amor. Para todo o resto o protagonista é extremamente azarado e é daí que parte a “piada” da obra, seu conceito. Shikimori salva o amado de todos os seus infortúnios, é seu trevo de quatro folhas vivo.

Mas claro, ela não é só um anjo da guarda, é uma namorada mesmo, alguém com quem Izumi quer passar tempo junto, caminhar até a escola e conversar sobre qualquer coisa. A proposta dessa estreia foi muito bem cumprida nesse sentido de apresentar a relação dos dois.

Sim, pode ser que a dinâmica fique manjada logo e o anime fique repetitivo, que a fonte de criatividade do autor seque e que a própria direção siga por caminhos obscuros. Mas por ora, falando dessa primeira impressão, as coisas se equacionaram razoavelmente bem.

Por exemplo, por mais bizarras que sejam as situações de azar que acometem o protagonista, até a última delas (da placa caindo bem no ponto certo para esmagá-lo da cabeça aos pés) não dava para dizer que era só exagero da piada ou algo “sobrenatural” mesmo.

Mas se você prestar atenção na abertura, há trechos de um templo, dos protagonistas mais jovens e flashes que indicam drama. O que isso pode significar? Que há muito mais por trás do azar do Izumi do que o mero acaso e que a Shikimori sabe disso, não à toa o protege.

E ela gosta dele só por causa disso? Duvido, pois toda a construção é feita para dar a entender que, por mais simples e pacato que ele seja, ela nutre um amo fervente por ele, o que não só nos traz muitas cenas fofas e melosas, como momentos de impacto devidamente floreados.

Uma das cenas que mais gostei foi a dela o protegendo do caminhão (por mais que o caminhão sequer tivesse dado a entender que o atropelaria), pela cara que ela faz depois, um olhar penetrante e muito charmoso que realçou toda a beleza dessa heroína badass.

Shikimori é a verdadeira protagonista da história (aquela que resolve as paradas), enquanto o Izumi tem mais o papel de personagem principal (no qual o conflito é centrado), o que se justifica pelo azar acometê-lo e não a ela, sendo ela a sorte dele e vice-versa.

Outro ponto interessante do romance é que ele é mais antigo que o anime, a história começa para nós com os personagens principais entrando no segundo ano, o que se por um lado denota mais intimidade entre eles, também torna mais irritante a “vergoinha” clichê de sempre.

Isso me pareceu completamente desnecessário aqui, por mais que eu entenda a tentação de explorar a vergonha dois heróis, principalmente da heroína. Até porque, pensa comigo, se ela é capaz de arriscar a vida por ele, por que ficam cheios de não me toques?

Aliás, em uma relação longa (que aparenta já ter uns anos) não seria comum que víssemos um beijo dos dois? Senão próximo aos amigos, por que não no caminho de casa? Ainda mais após a Shikimori chutar uma fuckin’ placa enorme que esbagaçaria a cabeça dele.

Isso é coisa de japonês que nem japonês deve conseguir justificar. Em todo caso, o importante é que, mesmo com esse deslize costumeiro, o episódio se desenvolveu de maneira divertida, com relativa criatividade ante aos azares do Izumi e o que rola entre os personagens.

A vitória esmagadora da Shikimori no boliche só solidificou essa imagem de foda que ela passa quando defende o amado e quebrou a expectativa criada em torno dela se fingir de ruim para pagar de fofa, algo com o qual a comédia romântica costuma trabalhar muito.

Isso atendeu ao propósito de definir os parâmetros sob os quais encaramos os personagens, mas ainda acho um pouco demais o que ela faz no final, além de que ela antevê o azar, o que por mais que possa ser só um exagero de forma, um instinto, pode ser outra coisa também.

E nisso entra o elemento sobrenatural na obra, nessa estreia ainda apenas em suspeita. Quanto a coisas mais pé no chão, ela desejar só a companhia dele como prêmio e não o achar “pouca coisa” são elementos que dão vazão a mais da personalidade do Izumi.

Sendo sincero, o achei muito pouco interessante nesse primeiro episódio, por mais que ele seja gentil e atencioso. É sério, só isso já basta? Lembra do Nasa de Tonikaku Kawaii? Então, ele era tudo isso e tinha personalidade, algum culhão, não era tão “padrãozinho”.

Isso me desanimou um pouco nessa estreia, pois a Shikimori roubou todas as atenções muito fácil e o Izumi foi nadador, ele nada. Ainda assim, não é como se o anime não tivesse perspectiva de melhora. Diria até que só isso para justificar uma produção tão meticulosa e bacana.

Não que só animes bons sejam bem animados, diria mais que é o caso de que animes muito amados por quem produz, mas também por quem consome, justificam todo esse cuidado, algo demonstrado também aqui, no anime da namorada perfeita (o que é difícil de questionar).

Por fim, faça pelo menos a regra dos três eps, pois o anime está lindo, a OP e a ED são um amor, a heroína é simpática, o herói pode melhorar, os são amigos são legais (vi a zoeira com “Inu” e “Neko”) e ainda tem o mistério para tanto azar em tudo e toda a sorte do mundo no amor.

Até a próxima!

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