Yofukashi no Uta (Call of the Night) é um anime de romance sobrenatural do estúdio LIDENFILMS que adapta o mangá de Kotoyama (Dagashi Kashi). Segue abaixo a sinopse extraída, traduzida e adaptada do HIDIVE (o streaming oficial do anime).

 

“Atormentado pela insônia e o desejo de sair por aí, Ko Yamori vaga sem rumo pelas ruas enluaradas atrás de algo que não consegue nomear. Seu ritual noturno é marcado por uma introspecção desinteressada até que ele conhece Nazuna, que só pode ser uma vampira! A nova companheira de Ko pode oferecê-lo presentes soturnos e a imortalidade de um vampiro, mas há condições que Ko precisa atender antes de fincar seus dentes no vampirismo. Ele terá que descobrir até onde está disposto a ir antes de atender ao chamado da noite!”

 

Bloco Noitamina, animação de qualidade e autor de Dagashi Kashi. É irresistível dar uma conferida, né? Por isso estava empolgado para esse anime (e também porque o mangá sempre me pareceu interessante) e posso garantir que ele não me decepcionou.

Primeiro temos Ko, que não é um rapaz padrãozinho, afinal, dispensou a garota que se declarou para ele por não entender dessas coisas de namoro e, mais importante que isso, sofre de insônia, sendo seu primeiro passeio noturno o pontapé inicial da trama.

Se fosse aqui no Brasil o garoto não voltaria para casa para contar a história? Não sei, só acho que haveriam mais pessoas a noite na rua e mais “atrações”, mas se por um lado essa pouca variedade me decepcionou um pouco, por outro acho que a entendi.

A proposta dessa estreia era seduzir tanto o protagonista, quanto o telespectador, pela ideia da noite, de uma noite que abraça a liberdade e é permissiva a novas experiências, de uma noite encantadora e bruxuleante. Foi o que vimos? Foi o que eu vi.

E muito por causa da heroína, Nazuna, que aparece para conversar com Ko quando ele está comprando uma cerveja, uma clara ação de quebra de inibição dele, afinal, no Japão bebidas alcoólicas são proibidas para menores de 20 anos e ele só tem 14.

Nisso não julgo o protagonista e nem o anime, afinal, apenas foi retratado o desejo de um jovem de experimentar o proibido, isso não é uma analogia a transgressão, apenas uma retratação da realidade, até porque ele sequer bebeu, foi é passear com ela.

Isso também poderia ser questionado, mas é a premissa da história caramba, tinha que acontecer isso daí mesmo. Eu sei que o Ko não deveria confiar em uma estranha tão fácil, logo assim de cara, mas fazer o que se ele se sentiu atraído por ela?

E nem digo isso de maneira sexual, é mais por ela ser uma figura misteriosa e despojada mesmo, não que ela não seja sensual também, só que esse aqui nem é o ponto. Diria até que a cena dela se despindo do casaco foi mais artística que sensual em qualquer nível.

Nazuna é quase uma performer, uma gozadora, mas ao mesmo tempo ela também tagarela, orienta e se envergonha, se mostrando uma personagem cheia de características, que vão além daquilo que poderia “seduzir” um rapaz no auge dos seus 14 anos.

Aliás, ele sequer gosta de mulher, o que pareceu se dever a experiências traumáticas com elas. Na família? Talvez com a própria mãe? Provavelmente. O fato é que essa é uma das razões para ele não ter aceitado a confissão da colega e não se sentir mal por isso.

O mesmo não vale para a Nazuna, afinal, ele declara que quer se apaixonar por ela, mas as circunstâncias são completamente outras, né? O que ele quer mesmo é se tornar vampiro. Aliás, esqueci de comentar, mas a revelação dela ser vampira foi engraçada.

A Nazuna se equilibra entre essa aura de onee-san experiente e perigosa, mas a verdade é que ela é meio boboca também e isso só contribui para o seu charme. Na verdade, para o charme do anime como um todo, uma produção com uma pegada diferente.

O que ajuda muito nisso? A animação caprichada e bem redondinha, além das boas sacadas de câmera em alguns trechos e dos belos fundos noturnos. Além disso, a trilha sonora deu muita “personalidade”, foi muito minimalista, a vários momentos da estreia.

O voo noturno foi só a cereja do bolo, pois corroborou com essa ideia do deslumbre pela noite, que cativou o Ko, não à toa ele decidiu se tornar vampiro também. Mas não deve ser uma jornada unidimensional, então se prepare para mais surpresas e vampirinha crazy.

Inclusive, esse foi um dos elementos que esperava de outra adaptação animada de história desse autor, uma heroína de personalidade interessante (nem tão sexy, nem tão boba). Além disso, gosto de como ele trabalha com ideias incomuns e de sua arte.

O LIDENFILMS reuniu uma equipe competente que trouxe o “espírito” do mangá para o anime, nos entregando a uma produção que pretende se diferenciar das demais sem grandes excessos. Você vai assistir? Assista nem que tenha que desenvolver insônia para isso.

Até a próxima!

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