Eu pessoalmente nunca vi uma chuva de estrelas cadentes. Deve ser muito bonito mesmo, ver todas aquelas luzinhas brilhantes cruzando o céu noturno. Mas a realidade talvez não seja tão poética assim: estrelas cadentes nada mais são que pedregulhos siderais entrando em combustão e sendo pulverizados pelo calor gerado pelo atrito da entrada na atmosfera terrestre. Uma beleza efêmera cujo destino é a aniquilação.

Mas quem assiste um fenômeno desses do solo não vê nada disso, mas apenas lindas luzes correndo sobre o manto celeste. Uma beleza inesquecível.

Começando pela profecia do primeiro episódio: agora tudo está em seu lugar, não é? Não deve restar dúvidas de que o anime está caminhando na direção daquele desastre. Que ele pode acontecer já no próximo episódio – está tudo em seu lugar. Willem descerá com Nephren (que ele escolheu, pediram-no apenas uma, por isso não vimos a Ithea naquela cena) e com a Chtholly (que insistiu em ir junto) e resgatará as duas garotas que estão em terra firme: Nopht e Rhantolk. Essas são todas as garotas vistas no primeiro episódio. SukaSuka está voando em direção ao desastre anunciado.

Para completar, a Chtholly ficou com uma porção muito maior de seu cabelo vermelho nesse episódio, e isso tem tudo a ver com a sua instabilidade mental. Até a viagem e também por causa dela muitas outras situações estressantes devem acontecer para que ela fique com o cabelo totalmente vermelho. Falando em vermelho, tem um detalhe (bobo) que eu não tinha reparado mas você talvez tenha: na marca de comercial, no meio do episódio, que aparece a silhueta da Chtholly, até o episódio 6 teve algumas variações mas o cabelo sempre foi azul. A partir do episódio anterior, aquela silhueta passou a ser vermelha. Essa mudança (na silhueta e na história em si) está relacionada à degeneração mental da Chtholly, que até agora vem se manifestando através da perda de memória.

Inicialmente coisas simples, como a posição dos temperos, até algumas coisas mais importantes, como o primeiro encontro que ela teve com Willem. Mais que as perdas de memória em si, o mais assustador é a quantidade de memórias perdidas. Um ou outro esquecimento simples pode passar batido como algo normal, mas não é pouca coisa e a própria Chtholly percebeu isso. Se esforçou até o fim, contudo, para evitar demonstrar isso, em grande parte para não preocupar os outros, certamente, mas em algum nível, não tenho dúvida, para se sustentar. Para não entrar em pânico, para não se desesperar com um desfecho assustador cada vez mais iminente. O medo da morte e do que isso significa: a interrupção de tudo o que se tem em vida. Ela tem muita coisa. Ela é jovem. Ela não quer perder nada.

Mas algumas memórias precisamos apagar – a confusão entre as memórias dessa vida e a de vidas passadas é o que está fazendo mal a Chtholly

Principalmente quando a relação entre ela e Willem parece que finalmente está tomando rumo, não é? De nossa posição privilegiada como espectadores já sabemos exatamente como Willem se sente, ele confessou para Ithea e Nephren, afinal. A Chtholly pode apenas se apegar aos indícios, e eles começam a ser bem mais do que apenas indícios. Ele vem agindo conscientemente (quando segurou a mão dela, quando aceitou que ela fosse com ele na viagem, quando disse que não queria ficar afastado dela) e inconscientemente (quando a colocou no mesmo patamar que a Nygglatho, como a própria explicou para ele em seguida) para fazê-la saber que não a vê da mesma forma que as demais garotas. Que ela é especial, e que é especial do jeito que ela quer ser especial para ele, do jeito que ele é especial para ela.

Isso poderia muito bem ter sido tirado do primeiro episódio

Mas como as estrelas cadentes, também o amor, a vida e as memórias são efêmeros, passageiros. Chtholly está perdendo memórias em velocidade alarmante – mas mantendo imaculados seus sentimentos, mas não é como se memórias durassem para sempre de todo modo. A cidade natal do Willem está reduzida a ruínas e apenas ele lembra-se de algo sobre ela, e apenas por causa de uma série de acontecimentos fortuitos – ele foi petrificado, reencontrado séculos depois, revivido e entrou para o exército e tomou conhecimento das ruínas de sua própria cidade. A própria humanidade é agora apenas uma memória cada vez mais borrada do passado.

Seria bom se o tempo parasse para podermos apreciar por mais tempo as boas memórias, os bons sentimentos, para que observássemos para sempre as estrelas cadentes. Mas se o tempo parar, cadentes não serão mais as estrelas, mas apenas pontos a mais no céu – ou nem isso, sem movimento os meteoritos não queimarão e não brilharão. Se o tempo não passa, não criamos as boas memórias e não cultivamos os bons sentimentos em primeiro lugar. A própria vida é efêmera. E a chama da vida da Chtholly parece estar queimando em seus últimos momentos. Poeticamente, dizem que a chama é mais intensa instantes antes de apagar. A ser como mostrou o primeiro episódio, talvez seja mesmo o caso da Chtholly.

Asas brilhantes

  1. Amei a resenha… Sukasuka está me surpreendendo e sendo meu favorito da temporada (junto de Tsuki ga Kirei). Muito lindo e muito triste… Espero que ainda tenha salvação para Ctholy, mas não sei não… Queira achar a Novel ou a adaptação em mangá para ler (em inglês msm), mas tá difícil rsrsrs

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Acho que tem gente lendo, até me disseram em que ponto da novel o anime está, mas não vou conseguir me lembrar agora.

      De todo modo, parece que o ponto da história em que o primeiro episódio começa (e para o qual estamos marchando) é mais ou menos no meio, então existe alguma esperança de que a Chtholly sobreviva. Ou de que a história dê uma guinada e vire uma grande porcaria, como às vezes acontece também.

      Em qualquer caso, também torço pelo melhor, para a Chtholly e para SukaSuka!

      Obrigado pela visita e pelo comentário =D

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