Irozuku Sekai no Ashita kara – em inglês: Iroduku: The World in Colors – é uma produção original do estúdio P.A. Works que foi exibida na temporada de outono de 2018 e possui 13 episódios. O anime acompanha a jornada da jovem Hitomi para recuperar algo que ela há muito perdera: as suas cores.

Mas não se trata apenas de uma jornada para “reaver”, mas também de ganhar algo muito precioso que é para a vida toda. Venha ler sobre um dos mais bonitos e gratificantes dramas do ano de 2018!

Mesmo se não tivesse esse sorriso no final ainda valaria a pena ver tudo de novo e de novo.

Irozuku é uma história que começa de verdade com uma viagem no tempo, mas não se trata de nada sci-fi, e sim de pura e literal magia. A protagonista, Hitomi, é mandada para 60 anos no passado e em 2018 viverá novas experiências com pessoas de outro tempo. Mas por que a avó dela a enviou para o passado, qual o trauma que essa menina terá que superar?

É isso o que o anime pretende, mostrar a jornada dela para superar sua aversão a magia, apesar dela ser de uma família de magos, e reaver as cores que ela é incapaz de ver desde criança. Um drama que vai sutilmente sendo desenvolvido com um clima agradável de slice of life e até de romance – algo mais que comum a estudantes do colegial.

Hitomi é uma viajante do tempo e uma maga. Confirmado.

A chegada dela ao passado é bastante peculiar, pois ela vai parar dentro do quarto de um garoto que frequenta a mesma escola que a avó dela, e ela mesma no futuro, mas que a princípio não parece ter qualquer ligação com ela.

Contudo, no final do anime fica claro porque a morada dele foi o elo que a ligou a essa outra época, e não só isso, os amigos desse menino a veem fugir constrangida do quarto e a oferecem uma mão amiga, a acolhendo na nova realidade em que ela se encontra.

A partir daí as portas se abrem para a Hitomi e ela é cativada pela amizade dessas pessoas e, em especial, do Yuito.

Ele adora desenhar e uma das cenas mais emblemáticas do anime é justamente ela entrando dentro de um desenho dele ao usar magia inconscientemente, o que reforça a ideia de que há algo entre os dois; senão já acontecendo, há algo a ser gerado ali.

A divisão entre um mundo com e sem cores.

Como ele é da turma que a ajudou, não demora e os dois cruzam caminhos de novo, apagando a primeira impressão estanha que um teve do outro e abrindo caminho para o desenvolvimento de uma amizade.

Ela entra no clube que os amigos dividem e a avó dela, no tempo presente, volta para a cidade, o que foi uma grande bola dentro, porque ela é um contraste em comparação a Hitomi; uma garota tímida, que pouco sorri e não se enturma fácil. A Kohaku é despojada, divertida e sempre se mete em confusão; ela é o que de mais simbólico, e talvez clichê, representa a juventude.

Aliás, é até por isso que a Kohaku de 60 anos no futuro envia sua neta para o passado, para desafiar a Kohaku do passado e a motivar a continuar em seu caminho de maga.

Kohaku é o tipo de mulher que sempre chega chegando.

Outro contraste é que a Kohaku adora magia e a leva muito a sério, já a Hitomi tem aversão e evita o uso ao máximo.

O motivo é explicado mais à frente, mas por boa parte da trama são seus amigos que a motivam a ir mudando, que veem na magia dela algo de bonito, algo de legal, e a impelem a não se envergonhar ou se limitar por isso. É com o apoio deles que ela vai perdendo o medo de usar magia e desenvolvente esse talento.

Porém, não é apenas ela que sai ganhando nisso tudo já que ela também motiva o Yuito a continuar desenhando. É uma troca, enquanto ela se abre para novas possibilidades, seus amigos se cativam cada vez mais pelo jeito meigo e esforçado da garota, a considerando alguém muito importante para eles.

Aliás, o grupo de protagonistas é um dos maiores acertos da obra, pois é bastante realista, ainda que baseado em arquétipos. Tem dois amigos de infância e um é apaixonado pelo outro, mas o outro não sabe – Shou e Usagi. Tem a garota que sempre tem uma picuinha com o amigo, mas passa longe de ser uma tsundere – Kurumi e Chigusa.

Tem o Yuito que é caladão na dele, a Kohaku que é a garota animada que se enturma fácil, e a própria Hitomi, a estudante transferida e, nesse caso, viajante do tempo.

Apesar disso, a personalidade de cada um se aproxima muito do que se espera de jovens reais da idade deles, não caindo em vícios de escrita tão comuns a light novels e mangás que viram anime. Até o design deles é menos chamativo do que normalmente visto no meio.

Uma turma de amigos apaixonante.

Mas não é só a casca, o conteúdo também é muito bom. As interações entre eles são bem naturais, a maneira como eles integram a Hitomi naquele ambiente e vão aos poucos ganhando a confiança dela e a fazendo se sentir segura para se abrir e pedir ajuda é muito recompensante, pois é trabalhado ao longo do anime.

Ainda mais porque o clube que antes era de fotografia e artes virou um clube disso e mais de magia, já que a Kohaku e a Hitomi entraram nele. Então é aí que todos eles têm mais motivo ainda para se esforçar no que tem aptidão. Mas a Hitomi não foca apenas em superar essa aversão a magia, como também aprende a tirar fotos e se interessa por fotografar, mesmo vendo tudo em tons de cinza.

Aliás, o drama lateral do amor não confesso da Usagi também foi muito bom.

Ela integrar o clube foi uma forma do roteiro fazer a garota encarar seu trauma, para assim ser capaz de eventualmente superá-lo. O único que a faz ver cores é o Yuito com os seus desenhos, e com o desenvolvimento da amizade no grupo, a paixão de um pelo outro vai ganhando forma e faz o que deve fazer em momentos pontuais: aprofunda a relação, só não a ponto de concretiza-la.

Afinal, se Irozuku é um anime com os dois pés no chão, apesar de ter magia, a Hitomi deve voltar ao futuro.

O “retiro emocional” da Hitomi não poderia durar para sempre, a Kohaku a enviou ao passado tendo uma ideia bem concreta de como aquilo poderia ajudar sua neta, mas com a proximidade do final do anime o tempo da garota também vai se encurtando, daí chega a horar de preparar os ultimos adeus, os lenços – para quem se sensibilizou com a história e vai chorar ao menos um pouco no fim – e algo que estava faltando: uma explicação melhor sobre o trauma da personagem.

A mãe dela não tinha o talento característico a família, mas a filha nasceu com o dom para a magia e isso a fez descartá-la.

É, “descartar” é uma palavra um tanto forte, mas já que ela não conseguia suportar a ideia de que deu luz a um “sucesso” sendo ela mesma uma “falha”, isso causou um rompimento na relação, ainda com a garota muito jovem; o que a fez odiar magia, ficar incapaz de ver cores e evitar se relacionar com as pessoas.

Não foi preciso que seu drama pessoal fosse jogado na cara do público a todo momento, foi explicado quando devia ter sido e a construção feita para se chegar a superação do problema foi boa.

A Hitomi precisava de alguém que a dissesse que não era sua culpa.

Antes de comentar melhor o final e a mensagem de Irozuku não poderia deixar de elogiar o belíssimo trabalho de arte feito.

Seja na animação, na direção, no roteiro, na trilha sonora, no design, na paleta de cores – sim, a paleta de cores, pois o anime possui uma coloração vibrante quase o tempo todo –; no geral Irozuku é um deleite visual que não chega a merecer nota 10 por detalhamento – e tem uns problemas de consistência em um ou dois episódios – ou fluidez, mas que agrada pelo traço, pela cor forte e pela caracterização super adequada.

Tem uma cena que eu gosto muito que é só a Hitomi em casa super bem vestida, algo que passa despercebido na maioria dos animes, mas é relevante, afinal, se trata de uma garota que quer se vestir bem e tem grana para isso, então nada mais comum o uso de uma roupa fashion, ou que ela viva em uma casa que deixe transparecer a personalidade de quem a habita.

A Hitomi sabe se vestir muito bem.

Isso colabora com a ideia de que aquela família poderia ser uma família real, que as pessoas retratadas na obra são japoneses normais em um mundo não tão normal, mas nem tão anormal, por causa da magia.

Aliás, isso me faz querer comentar uma coisa; Irozuku expõe a magia do cotidiano, é no dia a dia, nas experiências da juventude que esses personagens razoavelmente bem normais vão cativando o público. É o tipo de anime que fará você se apaixonar pelas pequenas coisinhas da vida se você estiver propenso a isso, se tiver paciência e for de sua personalidade ver “graça” no comum.

E é mais ou menos assim que o drama da Hitomi se resolve e ela é capaz de voltar ao futuro feliz por tudo o que viveu no passado. Há uma ajudinha da magia sim, mas só para ilustrar de forma melhor o que já estava para ser derramado em tela pelos personagens.

Hitomi e Yuito, um amor correspondido que não vingou, mas valeu muito a pena acompanhar.

E se observarmos bem, as despedidas são bem realistas, mantendo a coerência do que foi o anime, assim como o coração insatisfeito dos apaixonados até perto do momento final, já que – de maneira até inconsciente – a magia da Hitomi se ativa e isso contribui para a confissão de ambos e o seu fortalecimento e daquele que a encantou.

Tudo foi dito e também resolvido, depois de tudo de bom e de ruim – mas principalmente de bom – pelo que a garota passou ela é capaz de voltar ao futuro e encarar a vida de cabeça erguida, sem se culpar pela rejeição da mãe; sem temer o amor, o diferente, as possibilidades, tantas cores que seus amigos a deram em sua jornada.

Ela é capaz de usar magia sem odiá-la, ela é capaz de ver todas as cores que existem no futuro.

Sem se dar conta a Hitomi conseguiu superar seus traumas do passado…

No fim, tudo estava ligado para fazer o caminho de amadurecimento pessoal da personagem ser tão recompensante quanto ele foi.

A mensagem foi passada, um trauma pode sim ser curado se a pessoa se esforça para tal e aproveitar as oportunidades que aparecem em sua vida, mas depende dela, não é algo que vai cair dos céus de mão beijada – okay, ela caiu, mas é diferente.

Se você ainda não assistiu esse belíssimo anime está esperando o quê? Se já viu e quiser acrescentar algo fique à vontade para tecer seu comentário. E encha seu mundo de cores também!

E seguiu em frente em seu futuro cheio de cores.

  1. Boa analise.
    Particulamente Irozuku foi um porre pra mim e olha que gosto de tramas lentas.
    Pra um anime que envolve magia não tivemos muitas, na verdade a única que me lembro bem é a de entrar nas imagens, mas só essa mesma.
    Os membros do clube ao meu ver tinham muito potencial mas ficaram no básico, oque foi uma decepção pra mim. Eles poderiam ter ensinado varias coisas a Hitomi, mas não senti isso em nenhum momento.
    Visualmente falando é anime é lindo e foi oque me prendeu por 13 episodios.
    Eu tive sentimentos mistos pelo final; primeiro que a despedida em foi bem básica. O Chigusa só abriu a boca pra nada, devia ter ficado calado, os outros não foram grande coisa, nem a Kohaku me impressionou justamente por ser ela. Eu não senti que era verdadeira essa cena, me pareceu mais que estavam atuando.
    O romance foi Ok, não foi nada demais tanto que poderiam ter tirado do anime que pra mim não faria diferença.
    Se eu fosse a Hitomi teria voltado muito P da vida com a Avó por tê-la enviado para o passado, ter feito amigos só pra depois tert que largar tudo.
    Nem vou falar do Paradoxo que não faz sentido.
    Assistindo esse anime eu tive a mesma impressão de quando vi Plastic memories, Um ótimo começo e uma boa reta final, porém com um meio dispensável.
    Faltou os membros do clube encontrarem a Hitomi no futuro. O destino dos membros do clube ficou totalmente aberto.
    No fim é mais um anime com um grande potencial, mas que não foi bem aproveitado.
    3/5

  2. Verdade, o anime é um deleite visual do início ao fim. Como comentei na resenha, esse é o anime que fisga quem se encanta com personagens que se assemelham mais a pessoas comuns que encontramos em nosso cotidiano (nesse caso no cotidiano dos japoneses, lol), as quais por vezes podemos considerar “sem graça”. A própria Hitomi não era uma personagem que me agradava, mas ao longo do anime fui me envolvendo no drama dela e também fui sendo conquistado pelo climão de slice of life da obra, assim como pelos outros personagens. Mas entendo você não ter gostado deles, acho que se eu visse esse anime uns anos atrás me pegaria não tendo curtido tanto nesse quesito.
    As despedidas no final achei que foram adequadas, meio sem jeito, meio sem saber como controlar o emocional, mais ou menos o que eu esperaria de pessoas que já deviam estar preparadas para algo que, na verdade, a pessoa nunca está, afinal, era um adeus, ou um tchau até 60 anos depois.
    O romance acho que serviu mais para mostrar como a Hitomi amadureceu, como ela mudou.Ser capaz de se importar e se envolver tanto com outra pessoa foi um sinal de que ela estava saindo da sua concha, de que a partir dali ela seria capaz de desenvolver relacionamentos normais e saudáveis, fossem eles baseados na amizade, na amizade que se torna amor romântico, etc.
    Acho que a Hitomi voltou agradecida por tudo que aconteceu, e consciente de que não poderia ficar mais no passado. Olha que eu gostaria que ela ficasse, hein, mas isso seria mais inconsistente que o paradoxo, para o qual não me atentei, porque, sinceramente, acho que dá para pôr na conta da magia. A viagem do tempo em si deu a entender que o tempo não era linear, ao menos não na representação do anime, e daí sendo um fenômeno provocado por magia acho aceitável, ou “engolível”, a situação de paradoxo temporal vista ali.
    Também gostaria que ela tivesse os reencontrado, mas não havia mais muito tempo, né, e acho que deixaria o público triste saber qual deles morreu. Aposto até que foi o próprio Yuito.
    Fico feliz que tenha pelo menos achado o anime razoável e entendo as suas críticas, pois em animes com tramas como essa a forma como o telespectador enxerga as situações e consegue se apegar ou não aos personagens diz muito sobre o aproveitamento no geral para ele. E ah, se você curte animes de drama e slice of life indico que dê uma olhadinha nos nossos tops por gênero do ano de 2018, os dessas categorias até já saíram. Enfim, agradeço pelo comentário e torço para que possamos ver mais dramas tão bons quanto ou melhores que Irozuku nas próximas temporadas.

  3. O anime me surpreendeu positivamente quando me dei conta do nível de maturidade necessária para compreender o desenvolvimento da trama. A construção dos laços entre os personagens, o retrato de medos e receios, a possibilidade de mudança e o contato com relações reais, tudo bem aparado e estruturado seguindo os caminhos possíveis me encantou.

    Acabei de assistir há pouco e me senti muito tocada pelo último ep de forma ainda mais intensa (não que os outros eps não tenham impactado de alguma forma). A humanidade com a qual essa obra foi construída torna a história cativante e, talvez, a parte mais bela disso tudo seja a utilização do lúdico para retratar uma trama que poderia facilmente ser um retrato de algum momento em nossas vidas.

    O paradoxo só importa se pensarmos demais que uma coisa aconteceu pq já deveria acontecer, afinal, a msn mais importante não está na viagem do tempo, mas em questões muito mais profundas. O impacto que as pessoas têm em nossas vidas e vice-versa é retratado com delicadeza e não deixa escancarado com mudanças radicais, mas expressões, olhares e cenas com certo tom poético.

    Acompanhar o desenvolvimento dos personagens é um caminho no qual entramos não parar ver um circo encantado cheio de espetáculos, mas para reforçar o olhar às coisas “mínimas”, aos detalhes, à beleza que a vida por si só trás. A magia é uma mera desculpa para nós fazer perceber tudo mais colorido e, penso eu, que seja um retrato literal de como experiências especiais são sentidas. Como o amor pode colorir nosso mundo. Nesse caso, literalmente.

    • Fico feliz que tenha gostado do anime, Irozuku realmente não é uma obra que se possa chamar de genérica, foi um dos meus animes favoritos de 2018 e me deixou com ótimas lembranças de seus belos cenários e sons; mas principalmente de seu roteiro consistente, seus personagens simpáticos e sua mensagem para lá de relevante.

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