Kakkou no Iinazuke (A Couple of Cuckoos) é um anime do estúdio SynergySP em parceria com o Shin-Ei Animation que adapta o mangá de Miki Yoshikawa (Yamada-kun to 7-nin no Majo). Segue a sinopse extraída e adaptada da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).

 

“Nagi Umino é um estudante super dedicado de 16 anos que foi trocado no hospital logo após nascer. Um dia, enquanto estava a caminho de um jantar para conhecer seus pais biológicos, ele acidentalmente conhece a ousada e honestíssima Erika Amano, que está determinada a fazer com que Nagi seja seu namorado falso. Mas ao chegar no restaurante e conhecer seus pais, Nagi descobre que eles querem fazê-lo se casar com a filha trocada no hospital, criada por eles no lugar de Nagi… que é – por acaso – a própria Erika!”

 

Gostei da música, do ritmo e do encaixes da abertura; mas foi só eu que notei um uso enorme de CG na animação desse anime? Ele tem uma duração menor que a média, mas para compensar vai ter 24 episódios, então imagino que o orçamento seja curto e precisaram se virar.

Isso provocou cenas estranhas em que os personagens parecem bonequinhos, ao mesmo tempo em que houveram belos momentos em que o design manteve uma consistência interessante. Eu diria que entre mortos e feridos Kakkou se virou bem em suas peculiaridades.

Não só visuais, mas narrativas também, pois mesmo que a premissa seja um mix de clichês passados no liquidificador e servidos com um gelinho, acabou que deu para ter algum fio de esperança na história, pelo menos pelas sacadas da autora, conhecida por Yamada-kun.

Primeiro, temos a imouto, que não apareceu tão apegada ao irmão por acaso. Inclusive, ela demora é muito a se tocar que, agora que sabe que seu irmão não é seu irmão de sangue, pode ter alguma chance com ele. O velho fetiche japonês da irmã de criação que quer ser mais que isso.

Ela chora, se preocupa em perdê-lo e demonstra apego, mas o Nagi a tranquiliza. Aliás, o Nagi é um personagem comum por fora, mas que consegui gostar rapidamente, muito porque ele é um cdf em uma família de “delinquentes”, mas também não é só isso e mostra depois.

Aliás, a abertura deixa muito na cara quais vão ser as heroínas e que vai se formar uma espécie de quadrangular amoroso maluco na história. Talvez sejam dois triângulos simultâneos? Não sei como vai se dar isso, só que tudo ficou bem óbvio porque é assim em romcom.

Segundo, temos a Erika, que é apresentada de uma forma para lá de estranha e que cai fácil no clichê do “encontro predestinado”. Pelo menos a pegada nos seios da garota foi usada para uma chantagem safada que atendia seus interesses naquele momento, não foi gratuito.

Quanto a ideia dela de arranjar um namorado de mentirinha para engabelar os pais e ele ser o noivo que arranjaram para ela, estava na cara que seria isso (mesmo sem sinopse). O que me incomodou mesmo é como toda essa situação não faz o mínimo de sentido. Pensa aqui comigo…

Ninguém disse para ela que ela foi trocada na maternidade? Só falaram do noivado arranjado? Aliás, como trocam bebês com cor de cabelo e sexo diferentes e só vão se dar conta 16 anos depois? E pior, a justificativa que eles arrumaram para noivar os dois realmente faz sentido?

É tanta coisa imbecil que acabo não conseguindo levar a história a sério. Felizmente, a interação do Nagi e da Erika compensa de tão divertida que é. Digo, não foi nada exatamente impressionante nessa estreia, mas os dois acabaram mostrando uma química ao justamente buscá-la.

O lance da foto foi interessante pelo quão ele acaba sendo simbólico nessa questão de relacionamentos, que tentar fingir algo que não é não funciona, isso porque justamente não era nada. Ela até brinca que eles poderiam transar, mas a verdade é que são dois completos estranhos.

Contudo, a interação deles é justamente o que vai fazendo com que um se afeiçoe minimamente ao outro. O Nagi se sente atraído pela beleza, pelo cheiro, pelo jeito de ser e as maluquices da Erika. Já ela o admira por sua inteligência e também se surpreende quando ele a defende.

Aliás, essa foi uma boa sacada tentar traçar esse contraponto entre a figura que ele vende e a criação que teve. Dá para ser cdf e ser bom de briga também, por que não? O detalhe é que o Nagi não fica se amostrando, ele responder de acordo com o que a situação demanda.

Somando isso as pequenas sacadas da autora a fim de enturmar os dois (a ida as compras, o clima de encontro e os diálogos) nós temos uma primeira impressão mútua bem interessante de lado a lado, tanto que a Erika o provoca no final com uma pontinha de verdade ali, né.

Agora, a cena do jantar foi tudo que eu esperava, pois, honestamente, nem teria como tentar tornar aquilo tudo sério. É só bullshit para estabelecer as premissas da trama, que em algum nível se assemelham a Koi to Uso, mas tem um senso de gravidade bem menor aqui.

Temos o amor “proibido”, que em Koi era de um amigo pelo outro e aqui é da irmã pelo irmão, o casamento arranjado, que em Koi era obrigado pelo estado e aqui é pelas famílias a fim de juntá-las, e o amor platônico, que em Koi era pungente e aqui parece mais bobinho.

Acaba sendo bem parecido, mas não me parece que vai descambar para o drama como acontecia lá. Diria até que a tendência é mais o contrário, tanto pelo que espero devido ao trabalho anterior da autora, quanto pela forma como a trama foi apresentada nessa estreia. Aliás…

Terceiro, temos a rival da escola, que é também o amor platônico e não parece que vai ganhar o coração do protagonista, afinal, tem cabelo curto. Sei que tem romcom em que a heroína de cabelo curto vence, mas a gente sabe que são as exceções que comprovam a regra.

Inclusive, mesmo entre essas, o normal é a primeira garota vencer. Que aqui seria a imouto? Errado. Ela não é vista como interesse amoroso pelo Nagi. Então seria a colega de sala? Errado. Ela não foi apresentada a nós dessa forma antes. É a Erika? Essa sim é que deve ser a “vencedora”.

Vamos ver como essa história vai se desenrolar em 24 episódios, que penso que mostrarão o Nagi se apaixonando pela Erika, deixando de lado o amor platônico e não dando vazão ao amor da imouto postiça. Vai ser divertido? Não vai? O quanto você ainda tem saco para romcom?

Pelo menos ninguém paga ninguém para fingir um namoro e o noivado não deve ser levado a ferro e fogo, então imagino que o romance se desenvolverá naturalmente. A estreia me divertiu bastante, mas devo ver o anime com expectativas moderadas porque, né… é romcom.

Até a próxima!

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