Deaimon – A doçura em família é o caminho para a felicidade – Primeiras impressões
Deaimon (Recipe for Happiness) é um anime do estúdio Encourage Films que adapta o mangá slice of life de culinária de Rin Asano. Segue abaixo a sinopse extraída da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).
“Ao saber que seu pai estava internado, Nagomu retorna após 10 anos a fim de assumir a empresa da família – uma tradicional confeitaria em Kyoto. Nagomu está ansioso para começar, mas recebe a missão de cuidar de Itsuka, uma garota que começou a trabalhar na loja durante sua ausência e que todos consideram a verdadeira herdeira do negócio.”
Traduzir a abertura e o encerramento deixa o anime mais gostosinho de assistir, ainda mais quando a letra é bonita e combina com a história, caso desse anime, um slice of life temperado no drama que em sua estreia nos apresentou a muito sofrimento, mas também doçura.
Nagomu e Ichika são os protagonistas da história, um é um trintão que não produziu muito na vida e volta para casa com a intenção de assumir a doceria da família, a outra uma garota de dez anos abandonada pelos país que se agarra com todas as forças a família que a adotou.
A Ichika é muito madura para a idade, mas como qualquer criança tem coisas que ela não consegue fazer por N motivos, enquanto o Nagomu dá pinta de ser um irresponsável de carteirinha, mas, como qualquer adulto minimamente decente, na hora H ele descasca os pepinos.
Vendo as circunstâncias em que os dois são postos, como candidatos a sucessão da loja de doces, por um momento pensei que eles fossem realmente competir pelo posto. Mas, honestamente, que graça a historia teria se fosse isso? Ela contemplaria uma ideia de “família”?
Nagomu ama os doces que sua família faz, mas não se sentia seguro, capaz o suficiente, para assumir os negócios da família, muito também por influência da desconfiança que seus próprios familiares tinham nele. o que o levou a tomar outros caminhos, por medo do fracasso.
Contudo, vendo que os pais já estão velhos demais para continuar por muito tempo, restava a ele, como único herdeiro, assumir o posto. O lance é que ele não sabia da existência da Ichika, uma criança que foi deixada aos cuidados de seus pais em circunstâncias complexas.
Nisso é interessante como a trama trabalha desde a primeira cena com essa ideia de que o Nagomu pode desempenhar o papel de figura paterna (e, de certa forma, materna também) que falta a criança, como se para nos induzir a esperar justamente isso dele.
Inclusive, ela ter confundido o Nagomu com o próprio pai na estação, assim como o breve trecho em que o protagonista lembra do senpai que o apresentou a música, nos leva facilmente a imaginar que são a mesma pessoa, que o pai da Ichika é esse senpai.
Isso pode ser usado para explorar ainda mais a veia dramática da trama, mas por ora a única coisa que podemos garantir é que a Ichika é muito autossuficiente e madura para a sua idade, mas seria irreal que não enfrentasse dificuldades e não sofresse com medo da rejeição.
Achei que nessa estreia, a forma como a história abordou essas questões, ao mesmo tempo em que construiu protagonistas complexos e afáveis, foi excelente, pois ao mesmo tempo em que nos fez sentir mal pela Ichika, deu para ficar feliz pela família que a acolheu.
É só lembrarmos do carinho dos pais do Nagomu com ela, da preocupação da mãe em encaixar o filho nessa dinâmica e com isso ofertar algo que eles não poderiam ofertá-la (essa paternidade mais próxima, “convencional”), mas, principalmente, da forma como ele responde a isso.
Você reparou que em nenhum momento ele se refere a família como sendo dele e sim como sendo deles? O Nagomu já considera a Ichika da família, e se não se considera seu pai (ainda me parece muito cedo para isso), pelo menos se preocupa em cuidar dela como for possível.
Porque, por mais que ela se faça de forte (e em parte seja uma guerreira mesmo), é óbvio que tem fragilidades, que precisa de um adulto ao seu lado com o qual contar e que seus traumas não estão curados. O anime deve se tratar disso, de vermos a Ichika encontrando a felicidade.
Sendo assim, esse anime tem tudo para dar certo? Se trabalhar cada episódio com a atenção e sensibilidade que tratou essa estreia diria que é uma produção muito promissora, pois, por mais que seus temas já estejam até “manjados”, não significa que não nos comoveremos com eles.
Principalmente por tantos detalhes interessantes terem sido agregados a trama já de cara, com a construção de personagens viscerais, complexos na medida em que consigo entender as várias minúcias de suas personalidade e sentimentos (me referindo aos protagonistas).
Por fim, sei que já deve ter gente receosa por casos de “incesto” nesse tipo de anime (de pai adotivo), mas ele mal começou e o mangá ainda está em andamento, então não acho que devíamos nos preocupar com isso agora, apenas com a felicidade do Nagomu e da Ichika.
Até a próxima!