Skeleton Knight in Another World (Gaikotsu Kishi-sama, Tadaima Isekai e Odekakechuu) é um anime do Studio Kai com o HORNETS que adapta a light novel escrita por Enki Hakari e ilustrada por KeG. Segue abaixo a sinopse extraída da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).

 

“Ao acordar, Arc descobre que foi transportado para outro mundo e está no corpo do personagem do MMO que ele jogava. Ele é o Cavaleiro Caveira – armadura por fora, esqueleto por dentro. Temendo ser descoberto e caçado como um monstro, Arc decide levar uma vida bem distante dos holofotes, atuando como mercenário. Contudo, ele não é o tipo de pessoa que fica de braços cruzados quando vê injustiças sendo cometidas! Começa assim esta série de fantasia isekai sobre o Cavaleiro Caveira e sua jornada acidental para fazer do mundo um lugar melhor!”

 

É sério, qual era a necessidade dessa cena de estupro patética no início do episódio? Pelo menos no polêmico Goblin Slayer dá para entender o uso desse tipo de cena, ainda que, inegavelmente, ela trabalhe a favor do choque puro e simples. Ela destoou demais do resto da estreia.

Para melhorar, a abertura não é só cafona em muitas partes, como irritante também, afinal, qual era a necessidade daqueles efeitos de som? Tornar tudo ainda mais heroico/bobo? Nem todo anime é Jojo em que aquilo faz sentido, aqui apenas atrapalhou a música e me irritou.

Mais a frente volto a cena de estupro, antes quero comentar o trecho em que o anime “brilhou”, ou quase isso. A proposta de Gaikotsu funcionaria melhor se explorasse as dificuldades de uma caveira entre humanos, mas não foi bem o que aconteceu nessa estreia.

Ainda assim, não foi ruim vê-lo se misturando ao mundo do jogo, arrumando a licença de mercenário ou pensando em detalhes sobre a nova vida. Eu reclamaria do choque quase nulo ao se ver em um mundo de fantasia, mas que isekai retrata de forma verossímil esse choque?

Além disso, o Arc (nem lembro se falam o nome real dele) gosta de fantasia, de monstros, seres e outros aspectos; o que torna mais crível sua rápida assimilação da situação, assim como encaixe dentro das regras sociais vigentes. Nada novo sob o sol para um isekai, né.

A garota elfa que ele espia em um beco se juntará a sua party nos próximos episódios e vai ter até mascote, para você ver. Uma coisa que eu achei engraçado foi a barriga dele roncar de fome e ele comer. Mas ele não era uma caveira? Aliás, isso não deveria render mais problemas?

A novel de Gaikotsu é de 2015 e a de Overlord (com seu icônico protagonista caveira, Ainz) é de 2012, então alguma influência deve haver. Ainda assim, a perspectiva dos personagens é bem diferente, o que não torna esse anime desinteressante, pelo menos não por isso.

O meu incômodo se deveu aos primeiros minutos irritantes dessa estreia, assim como do pouco de interessante ou divertido que aconteceu na sequência. Mesmo assim, acho que Gaikotsu não é ruim ou desagradável na maior parte do tempo, só não é nada demais também.

Até a volta da infeliz cena de estupro e sua contextualização horrorosa. É sério que ele viu moças sendo atacadas, sabia onde aquilo iria chegar e mesmo assim demorou a reagir dando margem a postergação daquele momento nojento? Tem limite até para ser tapado, né?

Não acho exatamente inadequado ele pensar sobre matar alguém, mas ao mesmo tempo critico a patética tentativa de explorar o contraste entre sua caveira e o heroísmo mais clichê possível. Fica tacanho na situação em que ele se encontrava e com a reação que tem depois.

Ao que parece, assim como o Ainz, ele está perdendo os sentimentos, ou é só tapado demais a ponto de não se sentir mal por matar pessoas reais, de carne e osso, por mais que fossem criminosos. Digo, ele não poderia ter só desacordado os bandidos e os levado a justiça?

No fim, me pareceu que o momento de reflexão dele serviu apenas para explorar mais de uma cena que para começo de conversa nem deveria existir. Okay, não sei qual será o tom do anime, pode ser esse mesmo, mas a proposta não dá a entender outra coisa?

Enfim, sabe o que me parece? Que quem quer que tenha pensado nisso (seja o autor da novel ou a equipe criativa da direção), nessa cena de estupro idiota, fez isso a fim de convidar ao anime um público que curte esse tipo de escrotice, o que é um bando de otaku.

Dá para usar o recurso gráfico e dramático de forma minimamente razoável, mas fazer isso na primeira cena de um anime, e um anime que não parece ter esse tom na maior parte do tempo, joga por terra qualquer tentativa de seriedade ao optar por esse caminho.

Repito, Goblin Slayer pode fetichizar o estupro, mas pelo menos há motivos para cenas de estupro ali. Em Gaikotsu só foram muito, muito infelizes, e o pior é que não sei se foi só mau gosto ou má intenção, a intenção de objetificar a figura feminina sem qualquer pudor.

Por fim, o divertimento com o episódio cai, se sobe em algum momento, quando ele desfere golpes como um herói clichê e age feito um idiota apenas por motivos de roteiro. A premissa permitia mais, bem mais, para um herói caveira. Overlord é uma prova disso.

De resto, ainda acho que Gaikotsu é um isekai com potencial para ser divertido, mas se insistir em cenas de choque escrotas e o roteiro forçar situações estúpidas porque sim, só terei a lamentar o desperdício de um premissa bacana, capaz de vender o peixe melhor que sua execução.

Até a próxima!

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