Estab Life: Great Escape é um anime original do estúdio Polygon Pictures (especializado em CGI). Segue abaixo a sinopse da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).

 

“Quando a população mundial encolhe, o Projeto Sobrenatural de Renovação decide separar Tóquio em distritos. Divididos por muralhas imensas, ciborgues, homens-fera e criaturas mágicas são segregadas em guetos e monitoradas por inteligências artificiais. Alguns se ajustam à nova vida, mas muitos sofrem em silêncio, sem saber de que uma equipe secreta está pronta para ajudá-los. Você perdeu todas as esperanças e está louco para escapar? A Equipe de Escapadores vai te ajudar a fugir!”

 

Nessa estreia adiantada saíram dois episódios e se no primeiro vemos um exemplo do que deve ser o anime, no segundo o foco é em uma das heroínas. Quanto a ideia de escapar de uma realidade ruim para novas perspectivas, a acho ótima, porém, a abordagem…

Mas antes de tocar em pontos negativos, posso dizer que gostei das três heroínas, de seus designs, mas principalmente do texto delas. Principalmente da Martes, a garota slime, que é um alívio cômico com um texto divertido, uma personalidade até que imprevisível.

A principal, Equa, é gentil e simpática, mas um tanto quanto manipuladora, enquanto a atiradora Feles faz o tipo tsundere que cede a todos os pedidos de sua chefa. Não há nada de exatamente novo em seus tipos e embalagens, mas a interação delas não me desagradou.

Por outro lado, o Ulla, o homem cachorro, sequer fala, pelo menos o robozinho é tagarela e isso dá uma compensada. Acaba sendo um grupo que opera de maneira orgânica, então se você não se incomoda com o apelo visual de seus trajes e armas só resta as circunstâncias do ofício.

Por mais que a pegada seja mais cômica que dramática, o anime exige demais da suspensão de descrença do telespectador ao apontar uma situação de prisão em que o grupo de escapadores age sem consequências, por exemplo, elas mostram o rosto ao atacar prédio do governo.

Além disso, que governo é esse? São só os robôs? Não há polícia? Tem uma cena extremamente bizarra no segundo episódio em que no jornal se indica para os yakuzas se reunirem a fim de lutar, o que deixa ainda mais confuso como funciona a organização da sociedade.

Além disso, ninguém fiscaliza a troca de localidade? Por que quem está insatisfeito com a vida que leva em um lugar não pode mudá-la? Entende como, apesar de ter dois episódios, ainda há muita coisa confusa sobre o anime, o suficiente para não o entendermos bem?

Acho que a ideia é até boa, os designs são legais, as cenas de ação entregam, as personalidades das heroínas e suas falas não me desagradam, o problema é que as justificativas para o tema central da trama praticamente inexistem, e se existem, não são convincentes, é o contrário.

Dito isso, jurava que o professor do primeiro episódio mudaria de ideia ao ouvir o relato sincero da Equa, de que ela prestava atenção em suas aulas e aprendeu algo com isso. Sei que seria anticlimático, mas não já foi um pouco ao mostrarem que ele não era tão “inútil” como pensava?

No segundo episódio a coisa degringola e não tem como levar a sério. O mafioso quer virar garota mágica e apesar de existir magia nesse mundo louco cheio de humanos e criaturas outras, ainda é um tanto “peculiar” que ele tenha esse desejo e fuja só para realizá-lo.

A ideia de aproveitar isso para tornar esse segundo episódio um episódio da Feles não foi ruim se pensarmos em seu estiloso tiro único e na hilária cena que conclui o segundo episódio. Contudo, parando para repensar a personagem, no que esse segundo episódio a aprofunda?

Okay, a gente descobre sua “origem” e o quanto ela é “legal”, mas isso se conecta a algum conflito dela que existe no momento presente da trama? Não, e isso tornou o episódio só uma metade da laranja para mim. O enredo é pouco elaborado, o foco é só a fuga.

Talvez eu esteja viajando, mas foi só impressão minha ou a propriedade com a qual a Equa fala sobre a fuga não passa a impressão de que ela tem um passado com isso? Inclusive, seria um desfecho interessante se ao final do anime ela fugisse e deixasse seu grupo para trás?

Okay, isso é apenas especulação pura e simples, não houve nada substancial que apontasse isso e talvez seja até incoerente um final arrojado para um anime que em seus dois primeiros atos se provou tudo menos isso. Estab Life: Great Escape é uma boa ideia subaproveitada.

Apenas jogar acontecimentos absurdos (ou que parecem isso porque as coisas não foram contextualizadas) pesa na hora de avaliar o anime por mais que eu realmente tenha gostado da animação e das heroínas. Aliás, vi gente falando mal do CGI dele. Sério, como?

CGI ruim é o da primeira temporada de Arifureta ou do monstro de carne do arco do trem de Kimetsu (apesar de ser Kimetsu, aquilo é horrível de feio). Esse CGI de Estab Life é bom, o design é consistente, há animação fluída (para um CGI) e fica bem orgânico na tela.

O problema de muito otaku é que ele não pode ver CGI e já quer dropar o anime. Drope por ser ruim (o que o anime até é), não pela animação, que inclusive é uma coisa com a qual você pode se acostumar. Great Escape vale a pena ou dá pena? Depende do quanto você quer fugir…

Até a próxima!

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