Dance Dance Danseur é um anime do estúdio MAPPA que adapta o mangá de George Asakura. Segue abaixo a sinopse extraída e adaptada da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).

 

“Quando jovem, Junpei Murao era fascinado por balé, mas teve que abandonar a dança com a morte de seu pai e as responsabilidades de chefe de família. Certo dia, a jovem e bela Miyako Godai percebe seu amor pela dança e o convence a investir na carreira profissional de bailarino, e a perseguir o título máximo de “Danseur Noble”! Apenas aqueles dispostos a se sacrificar de corpo e alma podem sobreviver no belo e exigente mundo do balé clássico.”

 

Essa história de ver alguém fazendo alguma coisa (principalmente praticando uma atividade artística, esportiva, etc), se deslumbrar com isso e então decidir trilhar o mesmo caminho é tão manjada que se não fosse a roupagem dada talvez não tivesse gostado desse início.

E por que cito a “roupagem”? Porque o MAPPA deu um show de animação na apresentação do bailarino, entregando uma catarse suficientemente impactante a fim de “converter” o protagonista ao balé. Com um adendo, o bailarino quebra estereótipos.

Ele não tem traços ditos “femininos”, é musculoso, tem tatuagem e se apresentou sem camisa. Não tem como considerar ele afeminado, não que considere isso bom ou ruim, mas para o Junpei isso tinha alguma importância, e entendo o porque disso.

Não significa que eu concorde, mas não tem o que concordar aqui, é a forma como o garoto se sente. Sim, ele irrita por tanto renegar algo que claramente quer fazer, mas pensa aqui comigo, como exigir esse discernimento e culhão de um garoto que perdeu o pai na infância?

Levando em consideração que o pai do Junpei era “viril”, que ele tomou as dores da família (não que a mãe e a irmã precisassem dele para “protegê-las”) depois da morte do pai e que teve contato com o preconceito, ainda que aparentemente não tanto, entendo sua recusa.

Tanto ao ponto de ser irritante e dizer algo que claramente não está fazendo? Acho que não. Mas talvez essa aversão dele, essa falta de coragem, se torne mais compreensível com o prosseguimento da trama, com uma carga de preconceito maior ou mais complexos.

Porque o Junpei tem um complexo com a “virilidade”, algo ele tato persegue, mas aquilo que move seu coração, que o cativa de verdade, é algo não viril. Isso é uma bobagem preconceituosa que vendem para a gente na infância e ao longo da vida, mas ele não desmistificou isso.

E aí entra um pouco a figura do pai, que se tivesse tido a oportunidade de ver o filho dançando balé na infância talvez tivesse mudado a cabeça dele, o fazendo entender que não praticar artes marciais, mas balé, não o tornaria menos viril que qualquer um de seus coleguinhas.

Exceto se ele for ainda mais complexado que isso. Se, por exemplo, sua orientação sexual for diferente do que aparenta, e se no subconsciente ele renegue o balé por medo de ser levado a isso. Acho difícil ser esse o caso, isso tornaria a trama mais complexa do que ela me pareceu ser.

Além disso, se a intenção é justamente quebrar estereótipos (como os primeiros segundos dão a entender), faz mais sentido que ele seja hétero mesmo, só goste é de dançar balé. Aliás, não só goste como seja bom nisso, não à toa atraiu a atenção da fofa Godai.

Tenho uma queda (queda não, um tombo) por heroínas com pintinha no rosto, ainda mais com esse design delicado do anime, que me lembrou um pouco de Ballroom e Youkoso (anime de dança de salão que me animou para este), tirando o risco “peculiar” no olho dos personagens.

Não que só tenha gostado disso nela também. A Godai incentiva muito o Junpei (mesmo que muito por interesse dela de ter um parceiro de dança), é simpática e gosta demais de balé. Mas o engraçado é que o Junpei que se atraiu por ela primeiro, e pelo piano que ela toca.

Ele também tocava piano, né, então sim, é uma afinidade ditada por ritmos que atrai os olhares dele para ela, o faz pensar caraminholas quando a garota aparentemente só quer dançar, etc. Vendo o quanto ele quer se afirmar como “macho”, entendo essa viajada dele.

Ainda não dá para cravar como essa questão vai se resolver, mas acredito que a prévia do segundo episódio dê uma pista. A inserção de uma figura masculina em seu ambiente de balé vai fazer o Junpei se sentir ameaçado, o que certamente dará um “empurrãozinho” nele.

É muito fácil ele fazer doce quando é o único garoto por perto e contam com ele para a apresentação em dupla. O Junpei me passou a impressão de ser o tipo de pessoa que não é sincero com seus sentimentos, mas é capaz de dar um salto de fé quando “vai ou racha”.

Inclusive, tem uma cena muito boa da mãe da Godai, e mestra de balé deles, em que ela o pergunta se ele será capaz de abrir mão de tudo (não literalmente, mais no sentido de colocar tudo em um nível inferior de prioridade) em prol de dançar balé. Essa paixão vale tudo isso mesmo?

Vale, se não valesse não o veríamos tão cativado pelos movimentos do balé, pela simples ideia de fazer as ações certas a fim de dançar apropriadamente, por como a palavra “bailarino” soa aos seus ouvidos. Não que isso surpreenda ninguém, é um anime sobre balé, né.

Mas claro, é importante contextualizar essa (re)inserção do garoto nesse universo, o que pega mesmo é a insistência dele em renegar a dança. Vamos ver se a coisa se apruma adiante, imagino que o surgimento do rival e a afinidade com a Godai sejam fatores importantes.

Ademais, foi só viagem minha ou o bailarino que encantou o Junpei na infância pode ser um parente da Godai? Ele tem a mesma cor de cabelo que ela e a mãe. Talvez seja o pai/marido? Ou um tio/irmão? E o Luou, por que ele não sai do quarto, mas dança sozinho?

A Godai não o entregou as chaves do estúdio por acaso, né. Confesso que me interessei pelo personagem e só não digo que ele foi mais interessante que o Junpei porque mal o conhecemos nessa estreia, além do Junpei ser irritante, mas bastante interessante também.

Por fim, gostei muito de Dance Dance Danseur. É um anime muito bem produzido, a trama é interessante e o tema mais ainda. Só o Junpei que precisa melhorar mesmo, parar de dar desculpas de que seguiu uma calcinha, quando na verdade tudo que ele queria era dançar balé.

Até a próxima!

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