[sc:review nota=4]

Cross Ange não deixou de ser apelativo, mas substituiu o abuso sexual pela escatologia. Pode ainda não ser agradável, mas é uma melhora. Este episódio começa retomando de onde o anterior parou, com a recruta morrendo. A novidade é que teve uma trilha sonora animadinha enquanto ela morreu dessa vez. Foi um breve momento de dissonância cognitiva mas tenho certeza que foi acidental, o que torna a cena hilária. Imagine só uma garotinha inocente e cheia de esperança e vida pela frente (muito embora tenha sido enviada para uma filial do inferno lutar pela segurança de um mundo que a odeia) sendo despedaçada ao meio, cuspindo sangue, e uma música de batalha animada tocando no fundo. E ela tinha apenas 12 anos, descobri nesse episódio. Ainda era uma criança. Mas se você pensou que um cadáver faria Ange mudar de ideia, pense de novo, porque precisou de bem mais do que isso!

O projeto desses mechas é horrível, a pilota ficar exposta assim é ridículo

O projeto desses mechas é horrível, a pilota ficar exposta assim é ridículo

Ange entrou em parafuso ao ver Coco morrer, claro. Mas ainda queria ir embora, ainda queria fugir, nem quando lhe disseram que ela só tinha combustível suficiente para uma batalha ela mudou de ideia. E isso porque ela nem sabia para que lado teria que ir ou o quão longe seria, mas até a perdôo por isso. Ela fica compreensivelmente apavorada ao ver os dragões, e não posso senão culpar a comandante por isso: não vou me esquecer que ela a retirou do curso onde ela deveria aprender esse tipo de informação vital por puro despeito e capricho antes que Ange pudesse aprender qualquer coisa. E nada justifica isso. Mesmo que ela quisesse a princesa morta, seria então melhor que lhe desse um tiro na cabeça ou a arremessasse penhasco abaixo, porque a Ange na batalha era claramente um risco para o sucesso da missão e um perigo para a vida de todas suas companheiras. Ange fica ainda mais assustada quando assiste os dragões menores (classe scuna, parece) devorarem outra recruta, aquela que era amiga da Coco. Nota: não sabia que os dragões eram comedores de gente. Outra nota: bela forma de evitar ter que resolver o conflito que se esperava entra Ange e a recruta, afinal Coco era amiga de ambas e havia morrido por culpa (indireta) da princesa.

A última vez que Zola arrebitou a bunda desnecessariamente

Apavorada, Ange fez algo incompreensível: voou com seu mecha em direção à capitã (aquela que tentou estuprá-la no episódio anterior) e agarrou-a, pedindo que a protegesse. Não entendi. Ela poderia simplesmente ter voado para longe do dragão. De fato, ela voou em direção ao dragão ao fazer esse movimento. Bom, não interessa, só escreveram o roteiro desse jeito para que a Ange fosse também responsável pela morte da capitã. Depois da manobra estúpida as duas foram arremessadas pelo dragão (que já estava quase derrotado naquele momento) e de cima de todo aquele mar deram o azar de caírem em uma pequena formação rochosa. Os dois mechas foram despedaçados, e embora Ange tenha ficado por baixo, foi Zola quem morreu. Aliás, Ange sequer quebrou ossos, só ficou cheia de contusões mesmo. Pode não ter herdado o poder de controlar o mana, mas herdou bons genes reais de resistência física.

Uma princesa em pânico foi uma péssima ideia, comandante

Então acontece o previsível e as demais pilotas passam a odiar Ange por ter sido responsável pela morte da capitã. Esperava que a de cabelo vermelho fosse a mais exaltada, mas que nada. Ela só se irritou mesmo quando Ange respondeu que não era assassina porque apenas normas haviam morrido, não seres humanos. Aí ela deu um cutucão em um ferimento da Ange e ficou só nisso. Quero dizer, pelo movimento que ela fez com a perna poderia ter deslocado ou quebrado o ombro da princesa, mas a impressão que passa é que só doeu porque já estava machucado mesmo. Depois Ange teria ainda que puxar o carrinho com as lápides das três mortas para “sentir o peso de estar viva” ou algo assim. E aliás, também terá que pagar pelas lápides. Enfim, um dramalhão todo para que Ange se sinta culpada e para que o espectador sinta que Ange é culpada. Mas não funciona muito bem nem com Ange nem comigo.

A comandante, famosa por não ter nenhum juízo, tenta colocar um pouco na cabeça de Ange

A comandante, famosa por não ter nenhum juízo, tenta colocar um pouco na cabeça de Ange

No final das contas, o que realmente chocou Ange foi descobrir que seu reino não existe mais. Veja bem, apesar de tê-la condenado a ser estuprada por ter ousado escrever a infame petição do episódio anterior, a comandante a enviou para todas as nações mesmo assim. E nenhuma respondeu pois não reconhecem mais a família imperial de Ange. Segundo informações, parece que após a revelação que a princesa era uma norma e todos seus 16 anos foram uma farsa, a população derrubou o governo. O príncipe se deu mal! Eu não ficaria triste com isso. Mas até que se prove o contrário a família real inteira foi morta e Ange não tem mais um reino, uma família ou uma vida para a qual retornar. Ela apenas lamenta (inclusive pelo irmão, acho que ela não entendeu mesmo nada do que aconteceu na hora de sua cerimônia, ô menina desligada) e então deseja morrer. A comandante, que eu não sei porque comanda qualquer coisa pois nenhuma de suas ações faz sentido, diz que se ela quer morrer, que morra em combate. Sim, boa ideia! Volte lá para os céus se quiser morrer, princesa! Talvez mais umas três morram junto, mas quem se importa? Ela até dá um mecha antigo mas aparentemente lendário e especial, assim Ange pode se matar, matar pessoas e perder um mecha lendário e especial ao mesmo tempo! A princesa também não é muito esperta, porque se ela queria mesmo se matar poderia ter pulado da janela de seu quarto ou se enforcado com o lençol ou experimentado mil outras técnicas suicidas criativas.

O dragão ainda está ferido da última batalha

Mas ela aceita e vai para o céu, para espanto das demais pilotas e o meu também. O dragão é o mesmo, parece que ele ficou só escondido embaixo dágua desde que fugiu depois da última batalha que Ange frustrou, e ele prepara uma armadilha para o batalhão que agora conta com uma nova e inexperiente capitã, a garota de maria-chiquinha azul. Ela reclama que não há registros daquela forma de ataque por dragões, e eu fico aqui pensando para quem ela poderia enviar uma petição a esse respeito do outro lado do portal de onde os dragões vêm. Que mundo injusto esse onde os inimigos bolam táticas novas para não serem mais derrotados! Ela acaba encurralada com seu esquadrão, e só tem habilidade suficiente para ordenar que dispersem antes de serem atacadas. Então Ange, que está decidida a morrer, voa em direção ao dragão, que ao invés de devorá-la ou atacá-la com qualquer poder mágico que dragões tenham, preferiu desprezá-la dando uma volta de 180 graus e atacando-a com o rabo. Mas a princesa é teimosa e tenta de novo, daí o dragão a agarra e enquanto ele se prepara para matá-la, ela entra em pânico de novo (e se mija de medo, hilário de tão apelativo), desiste de morrer e com seu anel mágico de princesa (que deve ter sido devolvido pela comandante em algum momento fora da tela porque os roteiristas acharam desimportante contar isso para nós) ativa os poderes mágicos do mecha especial dela e derrota o dragão.

Mas preparou uma surpresinha para as pilotas

Mas preparou uma surpresinha para as pilotas

Ela derrota o dragão, sente que pode gostar disso mas se sente mal porque aparentemente é muito egoísmo viver matando criaturas colossais que se alimentam de sua espécie e desaba a chorar. Depois disso ela visita o cemitério, se despede de sua família, reconhece que não tem para onde voltar e que só quer viver nem que seja da forma mais suja possível e corta o cabelo, enfim, oba, agora a série começou de verdade! Ela termina o episódio comendo o pudim que ela havia jogado no lixo o episódio anterior e o acha muito ruim. Deve estar ruim pra caramba mesmo, e aposto que ela passou aquela noite no banheiro. Há uns problemas bizarros de continuidade na animação e no enredo, mas tudo bem. Tudo termina bem quando param de estuprar a princesa.

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