Por que adoro personagens como o Uzui? Porque adoro exemplos de pessoas que foram moldadas para ser de um jeito, mas são de outro, principalmente quando isso é algo bom, afinal, não é errado alegar que o homem é produto do meio, mas também faz suas escolhas.

Foi inusitado ver o Gyutaro invejando a aparências e as habilidades do Uzui como se a vida dele tivesse sido fácil até chegar ali. Não, não foi, e nem precisamos acompanhar seu passado em detalhes para pegar o quadro geral da situação. Uzui transformou azar em oportunidade.

Oportunidade de viver para além do que acreditava o pai, para além das limitações da vida de um ninja. Sem trabalho duro e outras dificuldades o Uzui forte, belo e arrojado jamais existiria e é por isso que ele parece dar tanto valor ao que falam dele ou a vida de suas esposas.

Ele é alguém que se importa, que poderia ter se deixado controlar, mas fez suas próprias escolhas. Essa é a força do Uzui, que o permite manter a pose enquanto veneno toma seu corpo e atrapalha seus sentidos, que o torna um adversário digno de dois Luas Superiores mesmo assim.

Luas Superiores esses que têm como grande defeito falar demais, mas não é como se essa não fosse uma política do anime como um todo a fim de ir nos preparando para os momentos de impacto do arco enquanto nos são entregues diálogos no mínimo razoáveis e ação frenética.

Aliás, sobre os irmãos, se o Uzui estiver certo, só é possível matá-los degolando ambos os pescoços e ao mesmo tempo, pois não é como se o corpo original fosse o irmão, é que ele é quem está com o controle do limiar entre a vida e a morte da dupla dos Luas Superiores Seis.

Sim, isso alivia um pouco a barra do que reclamei episódio passado, que a Daki foi nerfada de maneira tosca, pois ao fazer brotar um dos olhos na testa ela claramente fica mais forte. O problema é que ainda assim não parece que ela está no controle da situação como o irmão.

E por isso acabo culpando sua personalidade, ainda que eu compreenda que ela é dessa forma justamente para contrastar um pouco com o Gyutaro. Em todo caso, o importante é que o trio aparece botando banca e criando um hype mais que adequado para a segunda parte.

Sobre os garotos, só tenho a reclamar do Zenitsu, que chega a falar dormindo, em uma situação na qual talvez já fizesse sentido se ele lutasse acordado. De toda forma, o mais importante é que ele e o Inosuke leem bem o clima e dividem os times para exterminar os onis.

Não vou entrar no mérito das provocações tomarem o tempo da ação porque, repito, isso é tudo feito com o propósito de trabalhar um pouco as ideias que cercam os personagens e suas interações uns com os outros, assim como tornar a ação menos banal, mais grandiosa.

O que esse episódio foi, pois não entregou cenas de ação em profusão como poderia, mas caprichou na qualidade e no dinamismo das que teve. A composição da luta em duplas contra os onis e os ataques divididos foram excelente tanto visualmente, quanto no quesito coreografia.

Só é uma pena que, repito, a ação não tenha sido o foco essa semana. Pelo menos houverem coisas interessantes a comentar sobre os diálogos, principalmente a mentalidade da Daki (que tem se mostrado podre desde que ela apareceu) e como ela vai de encontro aos valores dos heróis.

Heróis esses que estão arrebentados, pelo menos dois dos quatro, e justo os mais fortes e que enfrentam o cabeça da dupla. O Gyutaro vai ser derrotado, a gente sabe disso, mas a que preço? Outro detalhe interessante, o Zenitsu e o Inosuke que vão degolar a Daki?

Mesmo que ela seja mais fraca que o irmão, eles ainda vão poder se gabar se tiverem exterminado um dos Luas Superiores Seis. Quanto a eles a gente nem tem com o que se preocupar, quem precisa de ajuda é o Tanjiro e o Uzui, e ela chega, ainda que não vá ajudar muito no fim.

A gente sabe que o que a Hinatsuru fez não vai ser o suficiente para matar o Gyutaro, mas ainda assim foi um momento interessante a fim de mostrar toda a mobilização das pessoas envolvidas para derrotar os onis. O Uzui não luta só, não salva só, não colhe os louros só também.

E aí entra a influência do Rengoku, alguém que ele tomava como um exemplo a ser seguido mesmo com as diferenças de personalidade entre os dois. É ótimo trazer o Hashira falecido a trama de novo assim, justo no momento em que as convicções sobre o dever se alinham tão forte.

Até a próxima!

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