Sanzoku no Musume Ronja – ep 5 – O filho do ladrão
[sc:review nota=4]
Não, Mattis não teve relações extra-conjugais, o garoto que apareceu no episódio anterior é filho de outro ladrão. Ele é Birk, filho de Borka, o líder do outro bando de ladrões, aquele que sempre é tratado como rival pelos ladrões de Mattis, e que no episódio passado comentava-se estaria sendo caçado por soldados. A bem da verdade, nada disso deve ter surpreendido ninguém e sequer essa foi a intenção. Ainda assim, esse foi o melhor episódio de Sanzoku no Musume Ronja até agora. Continua infantil, e eu vou estranhar e achar ruim é se mudar isso, mas agora foi introduzido o conflito que deve ser o motor da série por um bom tempo, quiçá até o final. Nada mais de episódios lentos da Ronja andando pela floresta!
O conflito começou pelas crianças – Ronjá é a protagonista, afinal. Crianças já são propensas a criarem rivalidades, especialmente entre meninos e meninas, e nesse caso há toda a influência dos adultos que criam essas crianças sempre falando o diabo (um pouco literalmente quando chamam os outros de demônios) do outro bando. Ronja estava bastante animada e feliz por conhecer outra criança de sua idade, mas assim que descobriu que ele era do bando do Borka ficou irritada. Tão irritada que nem conseguiria dormir na noite daquele dia. E Birk estava provocando a garota sem parar. No final eles acabaram competindo saltando de um lado para o outro da Fenda do Inferno (Ronja mais tarde diria a seu pai que foi até a Fenda para ter cuidado com a Fenda! Crianças…). Então o inevitável se lembra de acontecer e uma das crianças cai – uma beirada quebrou e Birk despencou. Por sorte (e porque esse anime jamais mataria alguém, muito menos uma criança) ele parou em cima de velhas vigas de madeira apodrecidas. E dali ele teria caído para a morte se Ronja não estivesse ali e se não estivesse com a corda que sempre carrega consigo e com a qual o salvou. Se um dia eu tiver filhos, darei cordas para eles.
Passada a tensão, Ronja ficou irritada com Birk de volta, principalmente depois que ele disse que iria saltar mais uma vez, pois ele precisava voltar para casa. Ah sim, nem falei sobre o mais importante: o bando de Borka, que como sabemos estava sendo perseguido, se mudou para o lado norte do castelo, isolado do resto onde moram os ladrões de Mattis pela Fenda do Inferno, criada por um poderoso relâmpago no dia em que Ronja nasceu. Mais tarde os adultos ficariam se perguntando como Borka e seus homens chegaram lá sem serem vistos, mas creio que eles tenham escalado da mesma forma que Ronja já foi vista escalando uma montanha alta e íngrime. Mas por enquanto ninguém considera essa hipótese possível.
Mattis, naturalmente, não ficou nada contente com o que ouviu da filha, e começou a esbravejar e arremessar coisas para todos os lados. Ronja permaneceu impassível na frente do pai furioso, e agora eu sei que a garota certamente puxou a mãe! Sua mãe, Lovis, aliás, foi quem fez Mattis aquietar-se. E quando o pai estava deprimido em silêncio Ronja, que também passou o dia estressada pelo mesmo motivo que o pai, pela primeira vez em toda a série agiu de forma verdadeiramente fofa ao sorrir, abraçar, encorajar e esfregar o rosto contra o do pai. Tudo o que ela fez nos outros episódios que deixou todos os marmanjos derretidos foi só exagero narrativo, nesse episódio é que ela realmente conseguiu derreter o meu coração. Claro que não podemos pensar que isso é uma demonstração de empatia e afeto completamente altruísta, porque crianças simplesmente não são assim, nem mesmo as de ficção (boa ficção, pelo menos). Não que elas sejam monstros egoístas, mas sempre há algum interesse pessoal envolvido. No caso, Mattis é o pai-herói de Ronja, que está irritada com o bando do Borka, e ela quer que o pai faça o que ela não pode fazer: expulse os invasores.
Curiosidade final, Birk nasceu na mesma noite que Ronja. Sua mãe, Undis, entrou em trabalho de parto após se assustar com o relâmpago que partiu ao meio o castelo de Mattis. Ela não parece ser uma mulher durona como Lovis, e não deve ser mesmo. É de conflitos dialéticos e extremamente artificiais (mas bem construídos e coesos) que histórias infantis se constróem. São muito fáceis de entender, memorizar, e podem ser adaptados para entregar qualquer mensagem. Imagino que mensagem Ronja vá passar no final, qual será? Se for para chutar, com todas essas relações humanas e a simetria entre dois grupos de pessoas rivais, eu apostaria que será uma mensagem de amizade e superação de diferenças. Como ponto negativo, não posso deixar de dizer que os enquadramentos escolhidos para as cenas de ação entre as duas crianças não foram muito felizes. Não pareceu-me tão interessante vê-las pulando o abismo por baixo, por exemplo.
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