Aqui tivemos a continuação da grande batalha iniciada no episódio anterior. E boas batalhas só têm graça quando são imprevisíveis, exatamente o que está sendo esta daqui. Tanto naquilo que acontecerá ao seu fim, quanto em como chegará até este resultado. Pois se há algo que Shingeki no Kyojin sabe fazer bem, então estamos falando de batalhas de altíssima qualidade e com muitas reviravoltas.

Aquela imagem da Yelena em êxtase total acompanhando aquele show é uma imagem muito forte capaz de transmitir o quão grandioso é tudo aquilo. E além das coisas que acontecem, devo destacar também a quem acontecem.

E que acontecem tanto para um, quanto para outro. Esse episódio foi uma grande coleção de reviravoltas no campo de batalha, onde em alguns momentos a vitória se mostrava simpática a um dos lados, enquanto no momento seguinte os traia apunhalando-os pelas costas.

E se esse episódio foi muito movimentado em um dos seus núcleos narrativos, então no outro ele foi bastante lento. Na verdade, foi lento até demais. Até de maneira desarmoniosa com toda a pressa e urgência que aquela situação demandava.

Enquanto lá fora tudo parecia acontecer muito mais rápido, por sua vez as coisas pareciam calmas em demasia quando o foco recaía sobre o grupo de militares recém-libertos. Ainda que devam ser destacados esses tempos dedicados a diálogos e autorreflexões que têm algum valor na trama geral que está a discorrer-se.

Além desses núcleos, não podemos esquecer da parte sobre a Gabi e o Falco. Na verdade, ela não foi um mero apêndice do episódio, mas talvez a sua parte mais notável. A começar pela Gabi e sua bela construção como personagem. Que é ainda mais interessante quando nos lembramos da fúria e do ódio endereçados a ela pela fandom do anime.

A grande questão da personagem está no fato dela ver os seus inimigos de uma perspectiva desumanizante. Coisa que foi completamente descontruída pela própria Gabi após ela tomar contato com aqueles que em teoria seriam seus “inimigos”, mas que se mostraram pessoas tão humanas quanto ela.

Na verdade, muito mais humanas do que ela. Ao desumanizarmos as outras pessoas corremos um grande risco, que é o de nós mesmos nos tornarmos desumanos. E este foi o grande erro da Gabi.

E este foi o grande erro da fandom de Shingeki no Kyojin. O que claro, só mostra como a mensagem que o anime busca passar com a personagem é tão necessária. Temos assim uma prova de origem sociológica que confirma exatamente aquilo que a jornada de esclarecimento dessa personagem nos revela.

Contudo, cabe fazer uma grande e importante distinção aqui. Antes da Gabi ser desumanizada – tanto pelo público quanto pelos seus próprios atos – ela foi humanizada. Acompanhamos ela e seus companheiros, incluindo alguns que seriam assassinados por um certo Eren Yeager. Acontecimento esse que apenas confirmaria o preconceito que ela já havia fabricado em sua imaginação distorcida.

Ou seja, nós espectadores já a conhecíamos enquanto pessoa, enquanto ela de fato não conhecia aqueles que odiava. O que torna inegável que todas as pessoas que odiavam a personagem são ainda piores do que ela exatamente naquilo que a criticavam.

Ao menos ela acreditava estar assassinando monstros, já a fandom sabia que ela era uma pessoa (ainda que falha, como todos somos no final das contas) e ainda assim a julgaram merecedora da morte. Por isso destaco essa parte como a mais notável e significativa do episódio.

E na verdade poderia destacar mais coisas desse núcleo narrativo. Uma coisa bem interessante é que ele nos traz certa esperança no meio de todo esse caos e incerteza. Todos os lados e grupos estão misturados: bem e mal, certo e errado, o que exatamente fazer ou não em meio àquela situação, etc.

Porém, mesmo com todas essas sombras capazes de cegar o juízo moral, ou pelo menos de confundi-lo, ainda assim temos uma luz sincera de bondade nesses personagens. Do soldado que devolve o Falco para o seu irmão, da Gabi que evita a perda de uma vida e do próprio Falco que revela o seu amor pela garota que tanto se arriscou.

Sentimentos e vontades que em sua intimidade são muito mais sinceros do que a doentia “boa intenção” dos irmãos Yeager. Mas isso já seria um assunto relacionado aos próximos episódios.

Agora, tão pouco tenho mais o que dizer sobre esse episódio. Ele foi bastante interessante em vários sentidos, além de bastante tenso em alguns momentos. Tensão essa que se estendeu para o próximo episódio. Aliás, manter esse clima tenso é algo que o anime sabe muito bem e com certeza continuará fazendo. Até mais.

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