O que fazer quando se quer vender o próprio reino e apenas viver confortavelmente como um bom herdeiro rico? Sinceramente não faço a menor ideia, mas a certeza que tenho é que agir positivamente não é o melhor caminho, e imagino que o Wein vá descobrir isso na sua longa jornada como governante. Vamos rir um pouco desse rei substituto nada convencional e a sua saga para viver folgado?

The Genius Prince’s Guide to Raising a Nation Out of Debt – ou Tensai Ouji no Akaji Kokka Saisei Jutsu -, é baseado em uma light novel de fantasia e comédia, publicada desde 2018. O enredo trata da luta de um príncipe que é colocado na posição de seu pai após o mesmo adoecer, quando na verdade ele quer distância de qualquer responsabilidade com o reino. Porém para o seu azar, quanto mais ele se empenha em errar, mais ele falha miseravelmente e sai prestigiado.

Particularmente essa foi uma estreia que me surpreendeu bastante, pois eu esperava que ela pudesse ser divertidinha e tal, mas não achei que ela fosse ser algo engraçado e que ao mesmo tempo se faz interessante nos detalhes, desde a própria condução da premissa, quanto aos personagens.

Para quem procura algo que tenha um approach semelhante ao de How a Realist Hero Rebuilt the Kingdom – que também está rodando nessa temporada -, com um foco maior na parte mais administrativa de um reino, esse com certeza vale a olhada e me parece melhor.

Bom, logo de cara o anime rapidamente sintetiza para nós qual a situação do príncipe, e nos introduz a suas duas personalidades, o modo realeza e o modo real – se é que entendem a pegadinha.

A parte mais curiosa sobre o protagonista é que embora ele lute contra isso, ele infelizmente – ou felizmente – é muito inteligente, sendo esse atributo o que lhe coloca em apuros com seu objetivo central de viver na maciota.

Na verdade, acredito que o maior inimigo que o Wein tem é o seu senso de honra volúvel, pois ao mesmo tempo que parece querer que tudo vá para a cucuia, o rapaz simplesmente também se importa em não fazer as coisas tão erradas e de qualquer jeito, porque isso traria outras consequências para o reino.

De forma resumida, ele praticamente não se ajuda já que “não quer fazer”, mas “quer fazer”. O ato de ele se mexer já representa algo e de brinde ele faz bem feito, demonstrando involuntariamente suas capacidades como líder.

Não obstante ele ser essa figura incomum, o príncipe ainda conta com o apoio de servos extremamente leais e empolgados – esses que são hilários -, a sua adorável irmã, além da sua fiel escudeira Ninym, que se encarrega não só de cuidar dele, como de garantir que ele bote o juízo no lugar e tente ser o rei que obviamente nasceu para ser.

O Wein é um personagem que me pegou fácil, porque simplesmente eu simpatizo com esses personagens “duas caras”, que duelam contra si mesmos o tempo todo, especialmente quando o fator comédia está envolvido. Por outro lado admito que a esperteza dele me surpreendeu, já que por ele não querer nada com a hora do Brasil, automaticamente imaginei que ele fosse burro, mas sortudo – para dar certo.

A guerra que ele teve contra a nação vizinha expõe bem esse outro lado dele, de forma que é visível que está no sangue dele e nos seus talentos ser rei. Por sinal, acho que o anime expõe de forma bem interessante essa questão do lado mais estratégico da história, porque equilibra bem a seriedade que a situação pede, com o fator cômico que é próprio da obra.

A batalha foi empolgante e os trechos onde narram as ideias de cada líder, tem uma boa dinâmica e convence na medida do possível, não abusando muito da nossa inteligência e das conveniências do roteiro que poderiam brotar forte por ali.

O que me deixou um pouquinho surpreso, é que a direção me pareceu correr um pouco com a história na segunda parte da guerra contra Marden – na tomada da mina -, pois só mostraram os resultados e não o processo, como antes. Penso que teria sido mais legal ver como ele conseguiu furar o bloqueio inimigo com suas ideias doidas e fora de seu planejamento original.

E voltando a outra peça importante do duo principal, a Ninym me cativou de um jeito que nem consigo explicar, porque ela é linda e conseguiu se mostrar alguém legal na sua dinâmica com o Wein, mas também é uma garota interessante pelo seu lado mais brutal e sério.

Honestamente eu não estava esperando que a jovem calma e “good vibes” da primeira parte, fosse a mesma que com frieza e sagacidade, extermina seus adversários. Só não digo que é estranho, porque o próprio protagonista já é uma pessoa de dupla conduta, então não me admira que ela também guarde seus segredinhos dos outros.

Do lado técnico, o estúdio Yokohama Animation Lab entrega uma animação boa, sólida e que atende bem a proposta do anime. O CG é mais ou menos, mas acho que não prejudica na mistura, até porque ele é bem pontual. Por fim, a trilha sonora também ajuda muito na composição das cenas, já que transitam corretamente entre cada momento e dão um toque especial nas partes mais cômicas.

No mais, fico curioso para ver as mudanças que o Wein ainda vai provocar no reino e como o rapaz vai evoluir como pessoa, na sua tentativa de falhar e se mandar. Definitivamente saí muito satisfeito com o anime e espero que ele vá ainda mais longe com esse grupo de personagens tão carismático e essa premissa doida.

Agradeço a quem leu e até a próxima!

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